- Tem certeza, filho?- Sim, senhor.
Pela primeira vez em minha vida, havia acompanhado Asgore para bem além da Nova Casa, em uma visita à casa de Undyne.
Naturalmente, a fim de evitar chamar a atenção, estava devidamente equipado com meu elmo, que ocultava quase todo meu rosto. Nenhum observador próximo conseguiria identificar minha aparência, o que era conveniente.
Pelo menos para um monstro que ninguém imaginava que sequer existia.
Sabia que Alekey havia ficado a salvo em meus aposentos, então não hesitei em me oferecer para escoltar o rei até Waterfall.
Asgore colocou a mão sobre meu ombro, sorrindo. Estávamos a alguns metros da casa da capitã, perto do corredor da caverna que levava ao seu quintal.
- Então está bem – sorriu – fique de vigia aqui. Esterei em uma reunião sigilosa com Undyne, então realmente não posso arriscar que alguém a ouça – segurou-me, fitando-me seriamente – não deixe ninguém, em hipótese alguma, se aproximar daqui.
Assenti, franzindo a testa decididamente por baixo do elmo.
- Entendi, pai – falei, convicto – não deixarei ninguém passar.
- Excelente – meu pai meneou o queixo em aprovação, me dando um tapinha nas costas da armadura – se vir qualquer coisa estranha, ou caso haja qualquer emergência... não hesite em me ligar.
Concordei com a cabeça, enquanto Asgore se dirigia ao quintal de Undyne. A porta se abriu com um estrondo, dando passagem para o rei, que adentrou sem qualquer hesitação.
Assim que a passagem se fechou, dei as costas para o corredor, colocando-me de guarda no meio daquele trajeto.
O tempo passava devagar, mas isso não me afetava mais. Para quem sempre havia tido uma vida sem qualquer objetivo – além de, obviamente, servir ao rei e ao povo – havia sido fácil me acostumar com a solidão e o tédio.
Quando ouvi passos se aproximando, porém, ergui minha manopla em posição ofensiva, sibilando em alerta, já preparando um de meus ataques mágicos.
- Quem está aí? - exclamei ameaçadoramente.
Por alguns segundos, não houve nenhuma mudança no ambiente.
E então, antes que eu me desse conta, uma silhueta havia se aproximado, entrando dentro da passagem. Vi, brilhando contra a penumbra, o brilho de um afiado espadim.
O invasor deu um passo a frente, expondo-se diante da luz.
Minha primeira reação, por mais incrível que fosse, foi de absoluto espanto.
Era uma monstra jovem, não muito mais velha do que eu. Desacostumado ao convívio com outros monstros, estava ainda mais aturdido ao analisar a fisionomia daquela garota.
Tinha cabelos longos e ondulados, de forte tom louro. Os chifres espiralados, inconfundíveis, me fizeram concluir que se tratava de uma carneira.
Ela me encarou por um momento, aparentando radiografar minha armadura dos pés a cabeça com suas íris rubras.
- Um... guarda real? - riu, num tom nitidamente zombeteiro.
Assim que o espanto diminuiu, recordei-me do que devia fazer ali.
A manopla estalou em minhas mãos.
O rei havia sido taxativo. Ninguém deveria passar por ali.
E eu ia garantir que isso não acontecesse
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O Espadim e a Manopla - Uma História de Undertale
FanfictionEle é reservado. As feridas de seu passado o assombram. Criado sem sua família biológica, oculto dos demais, sempre á procura de um objetivo, suporta angustiadamente sua vida solitária. Ela, impetuosa e bélica, incorruptível em sua busca por justiça...