A Gruta das Mil Estrelas

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AAYRINE 

 

Assim que abri meus olhos, senti minha mandíbula despencar. 

- Eu sei – ouvi Nitch rir - é incrível. 

Todo o lugar não parecia estranho. Ainda era uma imensa gruta, de domo surpreendentemente alto, com várias pilastras e montes de cristal e obsidiana, cujas formas lembravam a de grandes colinas de minério.

O conjunto inteiro, na teoria, deveria ser o bastante para mergulhar o ambiente na mais intensa escuridão. 

Se todo o local não fosse circulado por uma densa neblina brilhante, de tons azuis e rosados, e seu teto negro gotejado por cintilantes cristais, cujas faíscas relampejavam belamente sobre toda a caverna.

Havia ouvido falar de algo assim na superfície. Um gigantesco teto, de cor azul-escura, salpicado de esferas brancas e luminosas.

- Parece… um céu… - ofeguei, embasbacada.

- Eu sei – ele concordou – eu vinha aqui o tempo inteiro, durante o tempo em que vivi coa s Temmies… sempre foi um lugar… que me trazia paz.

Entendia o que Nitch queria dizer. Aquele ambiente tão sereno e reluzente emanava uma aura fantástica, a despeito das demais localidades pacatas do subterrâneo. Era como um pedacinho secreto de outro mundo dentro do Underground.

- É… lindo.. - pousei a mão sobre o peito, emocionada com a beleza do lugar, sentindo meus olhos ficarem ligeiramente úmidos – nunca vi nada assim… em toda a minha vida.

Recostei-me contra suas costas, olhando para cima, ainda admirando o brilho extraordinário daquela cobertura, incrédula e maravilhada. Surpresa, senti Nitch estremecer de encontro aos meus ombros, como se não esperasse aquele contato repentino.

No entanto, antes que eu pudesse me desculpar, uma de suas mãos ergueu-se para trás, circulando gentilmente a minha, apertando-a de leve contra sua palma.

- Sabia que ia gostar…

Assenti comigo mesma, sentindo um nó crescendo em minha garganta.

Minha mãe teria amado aquilo. Um pedaço da superfície havia estado ao seu alcance todo aquele tempo…

E agora…

Num ímpeto bobo, levantei a pata no alto, fechando os cascos diante dos olhos, como se pudesse apanhar uma daquelas estrelas imaginárias.

Ela despencou logo em seguida, pendendo inerte ao lado de meu corpo.

Meu soluço sufocado não passou despercebido por Nitch. Surpreendida, ergui o olhar quando ele puxou-me pela mão que segurava, voltando a virar-me em sua direção.

- Está tudo bem…?

Balancei a cabeça, apertando os olhos, tentando reprimir as lágrimas que haviam começado a se acumular.

- Sim… só… - minha voz estava embargada – não é nada…

Eu só podia julgar que o efeito do álcool ainda estava alterando a parte Temmie de Nitch, já que só isso poderia justificar o que aconteceu a seguir.

Ele circulou minha cintura, puxando-me sem hesitação contra seu corpo, me engolfando num carinhoso e súbito abraço.

- Nitch…!

- Cala a boca – ele me cortou, resfolegando – apenas… termine de chorar.

- Seu idiota… - funguei, tentando fingir alguma neutralidade – eu não… - recostei a testa sobre seu ombro, perdendo totalmente o controle – quero… chorar…!

O Espadim e a Manopla - Uma História de UndertaleOnde histórias criam vida. Descubra agora