Injustiça

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AAYRINE


- VOLTE AQUI, HUMANO!

O berro veio do lado de fora do centro de treinamento, a poucos metros de onde eu e Dogaressa estávamos.

- Ah! - num salto ágil, a monstra equilibrou-se no cercado, empunhando seu machado, cujo laivo de luz atraiu a atenção dos demais guardas.

Em poucos segundos, todos eles estavam virados na direção do grito, assistindo a correria próxima ao castelo.

Impulsionei meu corpo para fora da cerca, aproximando-me das silhuetas que avançavam em alta velocidade para fora dos corredores do Núcleo.

Conjurando um de meus espadins, esgueirei-me silenciosamente, diminuindo a distância entre mim e as sombras difusas no horizonte. Depois de avançar alguns metros, finalmente pude focalizar os indivíduos que haviam causado tanto rebuliço.

O perseguidor, para minha surpresa, era um Froggit absolutamente exaltado, que se esforçava em pular no mesmo passo da corrida de sua presa.

Foi quando notei a quem ele perseguia.

Deixei meu queixo cair, assombrada.

Era um humano.

Nunca havia visto nenhum pessoalmente, mas era evidente que aquele definitivamente era um espécime adulto. Trajava estranhas roupas, compostas por botas, echarpe, camiseta e colete. Trazia nas mãos algo que se assemelhava à um cano com gatilho, e tinha, pendurado nas costas, um chapéu curioso, de abas realmente desproporcionais.

Sacudi a cabeça, desviando minha mente de tais detalhes irrelevantes.

Eu finalmente estava tendo a chance que eu sempre havia desejado. Enfim, teria a oportunidade de vingar a morte de minha mãe, e a de centenas de outros monstros, que haviam perecido sobre as mãos daquela raça miserável.

Havia sido treinada a vida inteira para aquele momento.

O sapo interrompeu seu assalto, vendo-me lançar o corpo na direção do humano fugitivo. Afastou-se quando gritei, girando meu espadim, mirando-o na nuca do jovem rapaz.

Surpreendendo-me, o humano virou-se a tempo, bloqueando meu ataque com aquele estranho cano de ferro. O choque me jogou para trás, fazendo com que eu pousasse no chão de joelhos retraídos, sibilando ameaçadoramente.

- Ah, mais uma – ele vincou a testa, dando um sorriso enraivecido – então foram vocês que mataram os que caíram aqui...

- Tome cuidado! - a vozinha esganiçada de Froggit me alertou – ele já matou gente no caminho para cá!

Senti meu peito gelar.

Um assassino.

Não queria pensar em quantos rastros de poeira aquele maldito havia deixado para trás, durante aquela sua terrível jornada homicida.

Se ainda havia alguma hesitação em mim, ela se dissipou naquele exato instante.

O humano pareceu esboçar uma mínima exclamação de surpresa quando investi contra ele, agora golpeando-o ininterruptamente com ambos os cascos armados.

Os espadins estalaram de encontro à sua arma, que parecia também ser seu principal mecanismo de defesa. Ele resistia de modo espantosamente natural, como se a luta já fosse algo com o qual estivesse acostumado.

- O que? - eles resmungou esforçadamente, como se contivesse um gemido de exasperação – achou que ia simplesmente me matar, monstra? - ele inclinou-se, imobilizando minha magia por um momento – estou aqui para fazer justiça.

O Espadim e a Manopla - Uma História de UndertaleOnde histórias criam vida. Descubra agora