Capítulo XLIV

283 27 10
                                    

Meus olhos se abrem me dão a visão de um lugar conhecido. O cheiro de remédio e o silêncio constante só reafirmam a minha suspeita.

— Você está bem? - Era a voz do Taehyung e estava num tom preocupado.

Viro meu rosto pra o lado encarando aqueles lindos olhos que eu amo tanto.

— A quanto tempo estou aqui?

— Algumas horas.

— Eu estou bem, obrigada.

— Eu estava tão preocupado. Só conseguia pensar que alguém poderia estar fazendo algum mal a você. - Segura minha mão a acariciando.

Fico em silêncio.

— Eles fizeram algum mal a você?! - Começa a se exaltar.

— Tae, calma. Eles não me fizeram nada tá? O Jungkook até tentou, mas eu dei meu jeito.

— Ele tentou?! O que ele tentou fazer?

— Tae, calma! Ele tentava me agarrar, mas seu sempre fugia.

— E o meu pai permitiu isso?!

— Não, ele não sabia. Eu não contei nada pro Jin por medo do que o Jungkook poderia me fazer.

— Aquele nojento desgraçado! - Esmurra o colchão.

— Eu estou bem.

— Mas poderia não estar. E se ele tivesse conseguido? E se ele tivesse tocado em você ou pior? E se...

— Mas ele não fez. Eu estou bem.

Ele não parece convencido, mas tenta se acalmar.

Meus olhos passeiam pelo local por alguns segundos e as lembranças voltam a minha mente.

— O meu pai...

— Ele está bem.

O encaro confusa.

— Ao que parece ele estava tentando sair daquela vida há um tempo e como o meu pai tinha feito tudo isso de sequestrar você e essas coisas... Meu pai meio que vai tentar aliviar as coisas para ele.

— Isso quer dizer...?

— Que o seu pai foi preso.

Isso fez meu mundo cair. Meu coração aperta e um nó se forma em minha garganta, mas eu o engulo.

— O que? Não! O meu pai não pode... Ele não merece isso! - Começo a chorar.

— Sook, por favor... Não chore, você fi...

— Eu fico feia quando choro, eu sei. - Enxugo as lágrimas com o dorso das mãos. — Eu não ligo.

— Eu só não quero que você chore.

Suspiro profundamente por causa do choro.

— O final do ano já está chegando e ele vai perder minha formatura... Natal, ano novo... Meus aniversários... Eu não quero isso. - Começo a chorar novamente. - Eu não quero o meu pai naquele lugar horrível.

— Ele não vai estar lá pra sempre.

— Você não pode afirmar isso.

Ele suspira pesadamente e acaricia meu cabelo.

— Onde está minha mãe?

— Na delegacia, disse que voltaria assim que pudesse.

— E os outros... Os outros que me sequestraram?

— O Jungkook foi hospítalizado e está sob custófia da polícia. Assim que puder será levado para a cadeia e eu espero que ele apodreça lá.

— E o Namjoon?

— Bom, ele morreu.

— Morreu?! O meu pai matou uma pessoa?! - O desespero toma conta de mim.

— Sejamos sinceros Sook, provavelmente ele matou muito mais que isso.

— Isso só pode ser um pesadelo. - As lágrimas retornam.

— Eu sempre vou estar do seu lado, sempre, sempre. — Acaricia meu rosto. — Gostaria de poder fazer mais por você.

— Com licença. - Era a voz da minha mãe. Como você está? - Pergunta ao se aproximar.

— Fisicamente eu estou muito bem.

— Então você já sabe sobre a prisão do seu pai?

— É... - Engulo o choro. - Como ele está?

— Bem, na medida do possível.

— Eu quero vê-lo.

— Quando você tiver alta poderá fazer isso no dia de visitas.

Assinto.

— E vocês? Como vocês estão?

— O seu pai mentiu pra mim por muitos anos, na verdade por toda a nossa vida juntos, mas eu não posso deixá-lo quando ele mais precisa de mim. Eu o amo. - Sorri tristemente. — Acho que esse é meu castigo.

— Por que alguém como você seria castigada?

Ela parecia querer chorar, mas mesmo assim sorriu e beijou minha testa.

[...]

Naquele dia mesmo eu já havia recebido alta, mas foi como sair de um hospital para outro visto que a minha mãe e Tae não me deixavam nem espirrar. Agora eu estou na fila para ver os detentos, a pior parte até agora foi ser revistada, quero tirar essa lembrança da minha mente.

— A porta de ferro se abre e nós podemos entrar na sala de visitas. O lugar possui cores mortas, algumas mesas e cadeiras, e claro, a presença de policiais. Em uma dessas mesas estava o meu pai sentado com as mão unidas, um sorriso largo se forma em seus lábios ao me ver e o homem se levanta me abraçando forte quando eu me aproximo.

— Minha princesa.

— Papai. - Separo nosso abraço para encara-lo.

— Eu já estava cheio de saudades. Como você está? O que o médico disse? Eles fizeram algo com você enquanto te mantinham presa? Como eles te trataram? Você...

— Pai calma. - O interrompo. - Eu estou bem e nada aconteceu, tá bom?

— Eu sinto muito por ter te metido naquela situação, sinto muto por você ter que vir até aqui... Eu sinto muito por ser uma vergonha pra você.

Não chora Sook. Não chora. Seja homem!

— Você não é uma vergonha e nunca vai ser. Eu te amo não importa o que você faça, papai.

— Eu te amo princesa. - Me abraça novamente.

— E eu não recebo atenção? - Minha mãe finge tristeza.

— Claro. Que grosso eu fui em ignorar a minha linda esposa. - Sorri e dá um selinho em minha mãe.

— Está perdoado. Vamos sentar. - Minha mãe fala.

Nós o fazemos e eu já começo a perguntar.

— Até quando você vai ficar aqui, pai? Já marcaram seu julgamento? Como estão te tratando.

— Eu estou bem e o meu julgamento ainda não foi marcado então não faço ideia de quanto tempo estarei aqui.

Mordo o lábio para não chorar e assinto.

— Eu vou voltar para você e pra sua mãe eu prometo.

Meu coração doía muito porque eu não sabia se podia confiar naquelas palavras, nem ele mesmo sabia.

Estupidamente ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora