Página cinco.

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A.

A porta do apartamento ao lado do meu se abriu enquanto eu passava. Minha melhor amiga, Lexie, veio para o corredor.

Lexie e eu éramos amigas havia uma eternidade, fomos criadas juntas na mesma cidade de Indiana, localizado no Centro Oestedos Estados Unidos. Durante todo o ensino fundamental, sentamos lado a lado, graças à distribuição dos alunos por ordemal fabética. Depois da formatura no ensino médio, fomos para a mesma faculdade em Nova York, onde logo entendemos que, se quiséssemos continuar grandes amigas, devíamos ser vizinhas, mas não morarmos juntas.

Embora eu a amasse como a irmã que nunca tive, às vezes ela podia ser mandona e autoritária. Da mesma forma, minha necessidade de ter algum tempo sossegada a deixava louca. E, ao que parecia, também meu encontro com Callie.

- Arizona Robbins! - Suas mãos estavam nos quadris. - Você desligou o telefone? Foi ver aquela tal de Calliope, não foi?

Limitei-me a sorrir para ela.

- Francamente, Arizona - disse ela. - Não sei por que eu ainda me incomodo com isso.

- Pois é. Diga, por que você se incomoda mesmo? - perguntei enquanto ela me seguia para dentro. Acomodando-me no sofá, comecei a ler os papéis que Callie me dera. - Aliás, eu não estarei aqui neste fim de semana.

Lexie soltou um suspiro ruidoso.

- Você foi. Eu sabia que iria. Depois que enfia uma ideia na cabeça, você simplesmente mete a cara. Nem mesmo pensa nas consequências.

Continuei lendo.

- Você se julga muito inteligente. Bom, o que acha que a biblioteca vai dizer sobre isso? O que seu pai vai pensar?

Meu pai ainda morava em Indiana e, embora não fôssemos próximos, eu tinha certeza de que ele teria uma opinião firmes obre minha visita ao escritório de Callir. Uma opinião muito negativa. Apesar disso, de maneira nenhuma alguém discutiria minha vida sexual com ele.

Baixei os papéis.

- Você não vai contar nada ao meu pai. E minha vida pessoal não é da conta da biblioteca. Entendeu?

Lexie se sentou e examinou as unhas.

- Não estou entendendo nada. - Ela pegou os papéis.

- O que é isso?

- Me dê. - Puxei a papelada da mão dela.

- Sinceramente. Se quer tanto ser dominada, conheço vários homens que estariam muito dispostos a lhe fazer esse favor

- Não estou interessada nos seus ex-namorados. Além do mais, você sabe que minha preferencia sexual por mulheres é bem maior.

- Então vai entrar na casa de uma estranha e deixar que ela faça só-Deus-sabe-o-que com você?

- Não é assim.

Ela foi até meu laptop e o ligou.

- E como é, exatamente? - Lexie se recostou no sofá enquanto a tela se acendia. - Ser a amante de uma mulher rica?

- Não sou amante dela. Sou uma submissa. Sinta-se em casa, a propósito. Pode usar meu laptop à vontade.

Ela digitou freneticamente no teclado.

- Muito bem. Submissa. Assim é muito melhor.

- É. Todo mundo sabe que é o submisso que tem todo o poder no relacionamento. - Lexie não havia feito a pesquisa que fiz.

- E Callie Torres sabe disso? - Ela havia entrado no Google e procurava pelo nome de Callie. Tudo bem. Que encontre.

Calliope Iphigenia Torres tinha 35 anos. Sua mãe morreu quando tinha 9 anos, foi criada pelo seu pai Carlos Torres. Callie assumiu os negócios do pai aos 29 anos. Pegou o que já era uma empresa lucrativa e aumentou seu sucesso. Eu sabia dela fazia tempo. Sabia daquelas colunas sociais que a classe baixa lia para se informar sobre a classe alta. Os jornais a retratavam como uma inflexível. Uma verdadeira cretina. Mas eu preferia pensar que conhecia um pouco mais a verdadeira mulher.

Fifty Shades Of CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora