Cozimento intenso.

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C.

Meus pais amavam a biblioteca. Perguntei-me se este foi o motivo para eu ter dado o cômodo a Ari: para de algum modo capturar parte do que faltava na casa desde a morte da minha mãe. Minha mãe feria adorado Arizona assim como meu lai adora. As duas teriam se entendido muito bem.

Uma parte de mim sabia, embora eu fosse nova demais quando ela morreu.

Eu não falava na morte dela há anos. Não desde que eu era garota e meu pai me levava ao psicólogo. As lembranças me corroíam... Mamãe era tão bonita.

Papai olhou para ela e sorriu. Ela riu de alguma coisa que ele disse. O carro deu um solavanco...

Eu procuro não pensar nisso.

Mas eu queria contar.

Queria partilhar essa parte de minha vida com ela.

Esta parte secreta.

O carro caiu por um bom tempo.

Quando finalmente parou, perguntei-me por quê. 

O que o fez parar?

Voltaria a entrar em movimento?

"Callie?"

"Callie?"

Meu pai gritava sem parar.

A mão do meu pai.

Eu não conseguia alcançá-la.

Mamãe não se mexia.

Por que ela estava tão parada?

Não gostei do hospital. Todo mundo me olhava com uma cara triste e falava muito fora do quarto. Alguém me trouxe um ursinho. Eu tinha 10 anos. Era velha demais para ursinhos. Não queria aquilo. Queria minha mãe. Mas a partir daquele momento, eu só tinha meu pai. Então encontramos Mark chegou. E eu tinha uma nova família. Eles sempre eram tão brincalhões, tão divertidos.

Mas eu precisava retornar a realidade. E terminar os telefonemas, porque eu não tinha mais 10 anos. Era uma mulher.

Tinha responsabilidades. Minha tarde de brincadeiras havia acabado. Ao me levantar, olhei fundo em seus olhos azuis. Eu contara mais  a ela do que a qualquer outra pessoa na vida. Ela ficou sentada, ouviu e simplesmente permaneceu ali.

- Obrigada — sussurrei.

Terminei de telefonar a meus funcionários enquanto Ari fazia o jantar, assegurando-me de que todos eles estavam sãos e salvos. Antes de descer para o jantar, liguei para Mark. Sua voz ficou animada quando ele falou do quanto estava curtindo ficar com Lexie.

Pelo seu tom de voz, parecia que ele não tinha mais nenhuma dúvida de que o que sentia era para valer.

Por fim, liguei para meu pai. Ele estava em casa quando a neve caiu e tentou chegar ao hospital, mas acabou tendo de voltar.

Eu sabia, por sua voz, que ele ainda estava aborrecido de ficar preso em casa, longe da ação.

Os cheiros deliciosos deram água na boca quando desci a escada. Arizona estava preparando bolinhos de carne. Não me lembro da última vez que comi bolinho de carne. Era uma comida que eu gostava, mas nunca pensei em fazer eu mesma.

Farejei de novo.

E purê de batatas também.

- Tem alguma coisa cheirando bem — comentei, sentando-me.

- Obrigada. — Ela trouxe nossos pratos à mesa. — Faz séculos que não preparo bolinho de carne.

- E faz séculos que não como um.

Fifty Shades Of CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora