A.
Acordei sentindo a luz do sol na minha pele e pisquei algumas vezes, confusa. Onde estava? Olhei para a direita e vi a cama imensa acima de mim. Muito bem. No chão. No quarto de Callie.
Estiquei as pernas e gemi. Sentia dor em lugares que nem sabia que tinha e alguns que eu esquecera há muito tempo.
Hesitante, coloquei-me de pé e dei alguns passos. Daria meu braço direito e metade do esquerdo por um banho de banheira, mas parecia que teria de me contentar com uma ducha quente.
Depois de um banho longo e completo, fui cambaleando para a cozinha. Callie estava com o cabelo num rabo de cavalo e um conjunto de moletom escuro, sentada à mesa, à minha mesa, ela olhava o celular, mandando um torpedo ou email, acho. Ela parecia perfeitamente bem
- Noite difícil? — perguntou ela, sem se dar ao trabalho de olhar para mim. Mas que diabos. Estava à minha mesa. Eu podia falar com franqueza.
- Não diga.— ironizei.
- Noite difícil? — perguntou ela novamente, com um pequeno sorriso erguendo os cantos da boca.
Eu me servi de café e a olhei fixamente.
Ela estava implicando comigo. Eu mal conseguia andar, minhas costas doíam por dormir na porcaria de um colchão no chão, era tudo culpa dela e ainda por cima estava implicando comigo? Era uma gracinha, de um jeito um tanto doentio e distorcido. Peguei um muffin de mirtilo na bancada e me sentei com cuidado. Não consegui esconder meu estremecimento.
- Você precisa de proteína — disse ela.
- Estou bem — respondi, dando uma dentada no muffin.
- Arizona. — repreendeu-me, séria.
Levantei-me, cambaleei até a geladeira e peguei um pacote de bacon. Droga. Agora eu teria que cozinhar.
- Deixei dois ovos cozidos no forno para você. — Seus olhos me seguiram enquanto eu deixava o bacon de lado e pegava os ovos. — O ibuprofeno está na primeira prateleira, segunda porta do armário ao lado do micro-ondas.
Eu era patética. Ela provavelmente preferia não ter me colocado sua coleira.
- Desculpe. É só que... Já faz muito tempo.
- Que motivo ridículo para pedir desculpas. Estou mais aborrecida com sua atitude esta manhã. Eu nem devia ter deixado você dormir.
Sentei-me novamente e baixei a cabeça.
- Olhe para mim — ordenou ela, lançando um olhar que eu não conseguia decifrar muito bem. — Preciso sair. Encontre-me no saguão,vestida para a festa e pronta para sair às quatro e meia.
Assenti.
Ela se levantou.
- Tem uma banheira grande no quarto de hóspedes, na frente do seu. Faça uso dela. — E, sem mais nem menos, saiu.
Senti-me mais humana depois de um longo banho de imersão e um pouco de ibuprofeno. Depois de me enxugar, vesti um robe de algodão e preparei uma xícara de chá, sentei-me à bancada da cozinha e liguei para Lexie.
- Oi — falei quando ela atendeu.
- Ari — respondeu ela. — Não sabia que você podia dar telefonemas.
- Também não é assim.
- É o que você vive dizendo — replicou ela, naquele tom de eu-não-dou-a-mínima-para-o-que-você-diz-não-vou-acreditar-mesmo.
- É claro que, como você está sozinha, não tem nada melhor para fazer.
Não era com frequência que Lexie me pegava de guarda baixa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Fifty Shades Of Calzona
FanfictionA poderosa empresária Calliope Torres precisa saciar suas fantasias secretas e busca uma mulher com quem realizar seus desejos mais primitivos. Ao saber que ela está à procura de uma nova submissa, Arizona Robbins, movida por um segredo do passado...