Reinício.

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C.

Eu estava sentada na última fila da sala, vendo-a a liderar a leitura de Emily Dickinson. Ari me hipnotizava enquanto lia — poemas sobre a morte, a perda e a vida. Um deles em particular, "Devagar, Éden!", me deixou em transe. Ela leu numa voz lenta e provocante, olhando para mim enquanto falava o último verso.

"Devagar, Éden!

Lábios a ti novos

Acanhados, sugam-te jasmins

Como a lânguida abelha

Arrastando-se à flor

Zumbe rondando a câmara

Estima seu néctar — entra,

E em bálsamos se perde!"

Quem imaginaria que poesia podia ser tão excitante?

Remexi-me em minha cadeira enquanto a leitura terminava. Meu plano era permitir que Ari ditasse nossa relação física,mas não tinha certeza de quanto tempo mais eu aguentaria se ela continuasse jogando as coisas para mim desse jeito.

Ainda assim, quando a deixei naquela tarde, eu lhe dei um beijo puro e suave.

 Na noite seguinte, aprendemos a fazer sushi. Desfrutei inteiramente do prazer de ficar ao lado dela aprendendo algo novo.

Ela estava tão perto de mim que eu sentia o doce cheiro de Ari. Mais do que isso, porém, nós simplesmente curtimos ficarjuntas, rindo quando uma das duas errava, felicitando-nas quando tudo saía corretamente.

Nosso beijo naquela noite foi mais apaixonado.

Mark perguntou se eu gostaria de um encontro duplo com ele e Lexie no fim de semana seguinte e concordamos com hesitação. Nós quatro nos divertimos muito. Lexie conversou calorosamente comigo e vi que ela lançava a Ari ns olharespresunçosos de vez em quando. Quando me pegou olhando, Ari simplesmente revirou os olhos.

Apollo ficava cada vez mais agitado sempre que eu chegava em casa depois de estar com Aro. Eu queria muito convidá-la a ir a minha casa, mas tinha medo que ela pensasse que eu esperava alguma coisa física da parte dela.

Finalmente, cerca de três semanas depois de termos ido à peça de Sodia, passei na biblioteca numa quinta-feira à tarde.

Escolhi a quinta-feira porque não queria passar por lá numa quarta — eram lembranças demais para nós duas.

Seus olhos se iluminaram quando entrei na biblioteca.

- Calliope!

Me dirigi até a mesa e lhe dei um beijo.

- Como foi seu dia?

- Bom. — ela sorriu. — E o seu?

- Agora está melhor.

Não pude deixar de sorrir ao ver que seu rosto corava um pouco.

- Queria saber se você gostaria de jantar na minha casa.

Ela não disse nada.

- Para ver Apollo — eu disse. — Ele está com saudades, e quando sente seu cheiro em mim...

Ela ergueu a mão.

- Entendi. Adoraria jantar na sua casa e ver Apollo. Tenho saudades dele também.

- Obrigada. — Ela não rejeitou meu convite para ir a minha casa. Ela aceitou. Apollo ficaria tão feliz.

Mas não tão feliz quanto eu estava.

Fifty Shades Of CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora