Eu sempre amo.

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A

Girei o corpo e saí da biblioteca, depois corri pela escada até meu quarto.

Meu corpo tremia.

Ela viria?

Ou me deixaria esperando?

Tirei as roupas e coloquei o robe vermelho que Callie uma vez elogiara.

Depois fiquei ao pé de minha cama e esperei.

Não.

Callie jamais me deixaria aqui sem uma resposta.

Ela finalmente entrou devagar.

Em silêncio.

Sorri por dentro.

Cruzei os braços e bati o pé.

- O que tem a dizer em sua defesa, Calliope?

Ela baixou a cabeça.

- Nada, mestra.

- Olhe para mim — ordenei. Quando ela me olhou nos olhos, eu continuei: — Não sou uma mestra. Sou uma deusa. — Tirei o robe de meus ombros e deixei que caísse ao chão. — E serei venerada.

Ela ficou parada por cinco segundos, imersa em pensamentos.

Mergulhei no castanho de seus olhos.

O mundo parou a nossa volta.

Então, alguma coisa estalou.

- Calliope — murmurei baixinho.

Ela avançou, pegou-me nos braços e me aninhou em seu colo na cama minúscula.

Seus olhos procuraram os meus e passaram por seu rosto mil perguntas que ela não fez.

Gentilmente pegou minha face.

- Ari — sussurrou. — Ah, Ari.

Meu coração se contorceu.

Ari.

Ela me chamou de Ari.

Seu olhar baixou para a minha boca, passando o polegar em meus lábios.

- "Há o desejo..."

- "...de seus lábios beijar" — concluí num sussurro.

Seus dedos tremiam.

Muito lentamente, ela se aproximou e meus olhos se fecharam enquanto Callie estreitava o espaço entre nós.

Seu peito subia e descia em uma respiração trêmula. Então seus lábios carnudos apertaram ternamente os meus. Só um toque, mas senti a eletricidade faiscar entre nós. Seus lábios voltaram, desta vez por mais tempo, mas com igual suavidade. Com igual gentileza.

Nada além de um sussurro.

Entendi então que, embora Callie soubesse de muitas coisas e tivesse razão na maioria delas, estava completamente equivocada neste aspecto. Beijar na boca não era desnecessário: era a coisa mais necessária que existia. Eu preferiria viver sem ar antes de abrir mão da sensação de sua boca na minha.

Ela suspirou, uma guerreira derrotada no fim de uma longa batalha. Depois emoldurou meu rosto com as suas mãos e me beijou outra vez. Ainda mais longamente. Sua língua passou de leve em meus lábios e, quando abri a boca, ela entrou lentamente, como se memorizasse a sensação, o meu gosto. Eu podia chorar com a doçura de toda a cena.

Corri os dedos por seu cabelo, puxando-a para mim, sem querer soltá-la.

Ela gemeu e nossas línguas se entrelaçaram quando o beijo se aprofundou. E beijar Callie era muito melhor do que fantasiar sobre isso. Sua boca era macia e doce, e a língua acariciava a minha com uma paixão e um desejo que me faziam enroscar os dedos dos pés. Não éramos mais domme e sub, não éramos mestra e serva, não éramos nem mesmo duas mulheres. Éramos amantes e,quando ela finalmente acariciou meu corpo, foi doce, lenta e terna. Inteiramente entregue a mim.

Fifty Shades Of CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora