Uma Recompensa Prazerosa.

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C.

 Eu disse a mim mesma repetidas vezes que aquilo só fazia parte de meus planos para o Super Bowl. Talvez, se eu repetisse muito, começaria a acreditar. Fazer sexo em público, e ainda mais num estádio de futebol, era um feito imenso. Eu precisava introduzi-la na questão aos poucos.

Primeiro passo era: fazer sexo em um lugar igualmente-público-mas-comprobabilidade-muito-menor-de-ser-flagrada, como a Coleção de Livros Raros da Biblioteca Pública de Nova York.

Mas não era o primeiro passo de meu plano. Eu sabia disso. Eu só precisava passar a mão por dentro do bolso interno do casaco para saber que minha visita naquela quarta-feira significava mais. Pois ali, metida onde ninguém podia ver, havia uma perfeita rosa creme, com apenas um toque de cor-de-rosa nas pontas.

Depois que Arizona saiu de minha casa no domingo, procurei no Google pela inscrição que encontrei por dentro das alianças de meus pais. Os versos vinham de um poema de John Boyle O'Reilly. Fascinada, fui à biblioteca e encontrei um pequeno volume da obra do poeta.

Passei a noite lendo vários de seus poemas, mas me vi voltando com tanta frequência a "Uma rosa branca" que, no fim da noite, o livro se abria naturalmente naquela página.

Refleti sobre o significado do poema, perguntando-me se Arizona o conheceria.

Se eu lhe desse a rosa creme tingida de cor-de-rosa, ela entenderia o significado por trás dela?

Será que saberia que meus sentimentos cresciam para além do que eu imaginava que podia sentir?

Por qualquer uma?

E eu queria que ela soubesse disso?

O medo me triturava. Era tudo tão novo. Tão inesperado. Embora estivesse assustada, eu precisava saber. Tinha de saber sw Arizona sentiria o mesmo.

No fim, decidi levar a rosa à biblioteca.

A recepção estava vazia quando voltei à seção principal da biblioteca. Tirei a rosa do bolso.

Deveria deixá-la ali?Ela a receberia?Eu era uma mulher deixando uma rosa para outra mulher. Não era grande coisa.

Só que era.

- Encontrou tudo o que precisava, senhora?

Girei o corpo. April estava diante de mim, sorrindo.

- Ah, s-sim — gaguejei. — Tudo.

April olhou a rosa e ergueu uma sobrancelha.

- Ah, não deve ficar com isso.

- É para Ari.

- É claro.

Ela sabia o que fizemos?

- Eu ia deixar aqui para ela. — Coloquei a rosa por cima dos livros em que Arizona estava trabalhando.

- John Boyle O'Reilly?

Flagrada.

Porra.

Era tarde demais para pegar a rosa de volta. Arizona saberia.

Mas o que ela ia saber?

Que eu deixei uma rosa?

Que combinava com a rosa descrita num poema?

E daí?

Meus joelhos tremiam.

Eu sempre podia desprezar a questão. Fingir que não era nada.

A não ser... A não ser que ela quisesse que significasse o que eu queria que significasse.

O que eu queria que significasse?

Fifty Shades Of CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora