Beneficente

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A.

  Como residente de Nova York há muito tempo, acostumei-me aos arranha-céus e às multidões, mas subir a escada naquela noite, fazendo parte da multidão da alta sociedade que em geral eu apenas via de longe, fez com que me sentisse estarrecida.

Felizmente, Callie mantinha a mão na base das minhas costas e isso era estranhamente tranquilizador.

Respirando fundo, esperei enquanto Callie entregava meu casaco e seu sobretudo à mulher que trabalhava na chapeleira.

Minutos depois de nossa entrada, Eliza veio saltitando até nós com uma mulher de cabelos negros bem alinhado.

Cumprimentei-a recebendo o olhar delineado e analítico de Callie. Eu não tinha mencionado a visita de Eliza. Não sei por que,mas senti que ela reprovaria. Eliza se virou para mim.

-  Ariz, esta é minha esposa, Amélia. Amy, esta é Arizona.

Trocamos apertos de mãos e ela me pareceu bastante simpática. Ao contrário de Eliza, seus olhos negros não mostraram qualquer surpresa pela minha coleira. Olhei em volta, perguntando-me se Mark e Lexie já haviam chegado.

- Calliope  — disse outra voz.

Um homem diante dela se portava com uma graça e elegância que lhe conferiam uma aparência régia, pelos cabelos brancos e um terno de tom preto. Mesmo assim, seus olhos eram gentis e seu sorriso, acolhedor.

Percebi de imediato que devia ser o pai de Callie.

- Pai — confirmou Callie — Permita-me que eu lhe apresente a Arizona Robbins.

Callie podia me chamar de Arizona, mas de jeito nenhum que todos que ela conhecia iam fazer o mesmo.

- Ari — falei, estendendo a mão. — Por favor, me chame de Ari.

- Callie mencionou que você trabalha na biblioteca pública de Nova York... Na seção de Manhattan — disse Carlos depois que apertei sua mão. — Eu passo por lá a caminho do hospital, onde trabalho. Talvez possamos almoçar juntos um dia desses.

Isso era permitido? Eu poderia almoçar com o pai de Callie? Parecia pessoal demais. Mas não podia declinar seu convite. Eu não queria rejeitá-li.

-  Eu adoraria.

Ele me perguntou sobre a data de lançamento de vários livros novos de seus escritores preferidos. Conversamos por alguns minutos sobre nossas preferências — nós dois gostávamos de thrillers e líamos muito pouca ficção científica —, antes de Callie interromper dizendo que iria pegar um vinho.  

"Tinto ou branco?"

Fiquei petrificada. Isto era um teste?

Ela se importava com o tipo de vinho que eu queria?

Qual era aresposta certa?

Eu estava tão à vontade conversando com seu pai, que tinha me esquecido de que não estava num jantar comum.

Callie curvou-se para mim, para que só eu o ouvisse. Explicando simplesmente que queria saber.

- Tinto. — Eu sorri.

Ela assentiu e foi pegar as bebidas. Eu a vi se afastar: era uma alegria e uma excitação vê-la andar sobre os saltos finos.

Uma adolescente a interrompeu, porém, a caminho do bufê. As duas se abraçaram.

Virei-me para Eliza.

- Quem é ela? — Eu não conseguia imaginar ninguém tendo coragem de se aproximar e abraçar Callie daquele jeito.

Fifty Shades Of CalzonaOnde histórias criam vida. Descubra agora