☆Capítulo trinta e quatro☆

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 Depois de duas paradas e um pacote inteirinho de biscoitos, finalmente chegamos à uma pequena cidade perto de Paris, em que a mãe de Aila tem um antiquário. A cidade é bem pequena, com as casas mais fofas que eu já vi e poucos restaurantes e outros estabelecimentos. Não que Bewitched City seja grande, mas definitivamente é maior que essa.
 Paramos no único hotel que encontramos, que parece na verdade, uma casa grande com vários quartos. Entramos e seguimos para uma bancada na recepção, onde um homem, com barba branca e cabelos bem ralos, abre um grande sorriso ao nós ver.
 - Sejam bem-vindos! Em que posso ajudar?
 - Gostaríamos de dois quartos, por favor. - digo. Ele mexe em um computador em sua frente e segundos depois franze a testa.
 - Desculpe mas, só temos um quarto disponível. Aqui fica bem cheio essa época do ano. - diz o homem. Reprimo um suspiro alto e um grito também. Dividir um quarto com Logan por tempo indeterminado? Olho pra ele que sorri de lado. Argh! Aquele sorriso!
 O senhor estende uma chave com o número 104  que eu pego de má vontade.
 - Obrigado! - diz Logan sorrindo e colocando a mão na parte de trás das minhas costas me guiando até o quarto.
 Ele destranca a porta e entra. Faço o mesmo fechando-a em seguida. Olho em volta. Pelo menos são duas camas de solteiro. Em um piscar de olhos, Logan já trouxe as nossas malas para cá e colocou-as sobre a cama.
 - Não podia buscá-las como uma pessoa normal? - pergunto, abrindo minha mala.
 - Nós não somos pessoas normais. - diz piscando e indo abrir a janela, que fica entre as duas camas, assim como o criado mudo. Abro a primeira mala. Essa Mai insistiu pra arrumar. Ela diz que faria mais rápido. E com certeza faria, se não ficasse tão indecisa na hora que separar as roupas. Por pouco não terminei a outra primeiro que ela. Abafo um gritinho quando termino de abrir o zíper. Eu vou matar essa garota. Ela colocou várias lingeries que eu nem sabia da existência e outras coisas que eu prefiro não comentar. Essa é a grande parte da mala. Há poucas roupas que eu realmente vou usar nela. Puxo minha toalha do fundo e coloco em cima da cama para separar a roupa que eu vou por. Pego uma calça legging preta e uma blusa de moletom vermelha de manga, que fica um pouco larga em mim, mas que eu adoro.
 - Esse interfone não está funcionando. - diz Logan. - Vou descer pra fazer os pedidos pessoalmente. O que vai querer?
 - Pode escolher. - digo pegando a roupa e indo para o banheiro. Fecho a porta e olho em volta. Tem uma banheira que está bastante convidativa. Faço um coque no meu cabelo enquanto espero encher até a metade e jogo bastante sais para fazer muita espuma. Entro e quando a água já está quase chegando na borda, desligo a torneira.
 Depois de 15 minutos relaxantes a porta do quarto se abre. Provavelmente é Logan, que já fez o pedido. Escuto ele gritar do lado de fora:
 - Não demore muito! A comida vai chegar em poucos minutos.
 Começo a passar o sabonete e quando olho em volta, a espuma já está quase no fim. A água também já esfriou então me apresso. Estendo a mão para um banquinho ao lado, onde está minha roupa. Droga! Olha em volta e minha toalha não está em lugar nenhum. Deixei em cima da cama! Penso em ficar aqui pro resto da minha vida mas a água gelada me impede de considerar essa opção.
 - Logan! - exclamo não tão alto. Sei que ele escutou. Super audição. - Pode trazer minha toalha para mim? Está na cama.
 Segundos depois, vejo a maçaneta girar lentamente. Ele abre a porta devagar e se aproxama pra me entregar a toalha. Trago o resto de espuma para perto. Ele estende o braço com a toalha e eu pego uma ponta da mesma mas ele não à solta. Olha no fundo dos meus olhos e abre a boca para dizer alguma coisa, mas alguém bate na porta. Não sei se fico frustrada ou agradecida.
 Ele sei fechando a porta atrás de si e eu me enrolo na toalha. Visto minha roupa e solto o cabelo. Quando entro no quarto a mesinha de centro está sendo ocupada com dois pratos, duas taças e uma vela. Me sento de frente para Logan. Ele sorri.
 - Gratin dauphinois.- ele diz, indicando o prato à nossa frente. - Costumavam ser minhas preferidas. Tinha um restaurante aqui a décadas atrás... Eram as melhores!
 - Já esteve aqui antes? - pergunto já começando a comer. Estão maravilhosas.
 - Claro! Não se pode viver séculos e não visitar a França. - diz com um sorriso de lado. - Eu e Mai ficamos aqui por quase uma década.
 - E por que foram embora? - pergunto.
 - Nós sempre vamos. - diz e seu olhar se perde por um instante. - Não ficamos muito tempo em um lugar só. Esqueci as bebidas! O que vai querer.
 Ele se levanta bruscamente, fazendo com que quase tudo caia no chão. Uma taça cai e fica em pedacinhos. A vela também, fazendo o carpete começar a pegar fogo.
 - Aqua apparuit. - O fogo some no mesmo momento. Me abaixo e começo a pegar os cacos de vidro. Um escorrega das minhas mãos e faz um corte do polegar ao mindinho. Não muito profundo. As feições de Logan mudam. As presas crescem, os olhos oscilam entre a cor normal e o amarelo por um instante. Ele dá alguns passos para trás e eu me levanto. Ele me olha e se afasta mais ainda, encostando na parede, eu me aproximo.
 - Se afaste, por favor. - diz
 - Está tudo bem. É um corte superficial. - digo bem perto agora.
 - Só... Me deixe! - exclama, nervoso.
 - Há quanto tempo você não se alimenta? - pergunto ignorando o que ele disse. Ele escorrega com as costas na parede para o chão. Me ajoelho ficando da sua altura. - Você está fraco demais.
 - Amanhã eu resolvo isso. Agora... se afaste! - diz, virando o rosto para o lado.
 Estendo meu pulso e viro sua cabeça em minha direção. Ele olha para o meu braço e depois para os meus olhos.
 - Não posso fazer isso. Posso não conseguir parar devido ao meu estado.
 - Eu confio em você. - digo colocando suas mãos sobre o meu braço. Ele olha nos meus olhos uma última vez antes de enfiar suas pressas em meu pulso. Reprimo um grito e faço uma careta. Ele continua por mais alguns segundos e depois para. Seu rosto voltou ao normal. Só a uma fina linha de sangue escorrendo pelo direito da sua boca. Limpo-a com o dedo.
 - Não precisava ter feito isso. Eu poderia não conseguir parar e...
 Eu o interrompo, dando outra função para os seus lábios. Se juntarem aos meus. Ele não oferece resistência.
 

 

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