☆Capítulo trinta e seis☆

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Entramos em uma sala ampla com vários objetos diferenciados. Colares, troféus, relógios, peças de roupa, jóias, entre outras coisas, com o aspecto bem antigo. Me aproximo de uma caixinha de música do tamanho do palmo de uma mão, marrom bem clara com detalhes dourados. Passo a ponta dos dedos pela superfície gelada e coloco a mão na ponta ameaçando abri-lá mas me detenho quando escuto uma voz atrás de mim.
 - Imaginei que viriam. - diz uma voz grave. Me viro e encaro uma mulher loira, de olhos castanhos, com traços delicados. Está exatamente igual a minima memória que tenho dela quando eu e Aila éramos crianças, mas em seu rosto consigo ver alguns indícios dos anos que se passaram. - Vieram mais rápido do que o planejado.
 - Agnes! Faz muito tempo. - diz Logan se aproximando e beijando a palma de sua mão. Ela sorri.
 - Creio que a visita de vocês se deve a volta de Davina. - diz me encarando. - Megan! Como está tudo na cidade?
 - Você devia se dar ao trabalho de olhar as vezes, não acha? - pergunto. Ainda não acredito que ela teve a coragem de deixar Aila em Bewitched city e nem ao menos ir visita-lá.
 Logan interfere antes que a situação piore e ela se recuse a nos ajudar por minha causa.
 - Acho que sabe porque estamos aqui. - diz e ela só balança a cabeça afirmativamente. Ainda está olhando para mim. - Então... Como pode nos ajudar?
 - Infelizmente esse tipo de feitiço é muito antigo. Se não me engano devem existir somente dois modos de tomar o feitiço de uma bruxa sem matá-la. - diz finalmente se virando pra Logan. - Mas posso deixar vocês consultarem minha biblioteca. Tem livros de séculos atrás, talvez encontrem algo.
 Não era exatamente o que eu esperava. Podemos demorar dias até encontrar algo, se encontrarmos. Desanimo ainda mais quando ela nós leva em uma porta a direita onde se encontra a biblioteca. É enorme. Com sete prateleiras que vão do chão até quase o teto, com centenas de livro cada.
 Ela sai, nos deixando sozinhos e começamos a procurar. Não temos ideia do que seja, nem que tipo de feitiço. Procuramos nos livros mais antigos, já que é algo de séculos atrás. Depois de mais ou menos duas horas procurando sem nenhum sucesso, meu celular toca. É Aila. Provavelmente quer saber se encontramos alguma coisa. Desligo. Não podemos perder tempo.
  Depois de mais de três horas continuamos sem achar nada. Encosto em uma das prateleiras e coloco a mão na cabeça.
 - Não tem nada aqui! - exclamo lançando um livro que está na minha mão do outro lado do cômodo.
 - Não pode usar magia? - pergunta Logan. Nego com a cabeça. Como vou rastrear algo que não sei o que é. - Calma, vamos achar... O que quer que seja.
 Ele me puxa pelas mãos e eu apoio minha cabeça sobre seu peito. Ele rodeia minha cintura com os braços e ficamos assim por um tempo, até seu celular tocar.
 - Alô. Não, ainda não. Sim, está aqui. Claro. - escuto ele dizer e em seguida me entregar o aparelho. 
 Chamada on:

 Megan: Estou ouvindo.
                     Aila: Megan? Está tudo bem?
Megan: Sim. O que aconteceu?
                     Aila: É o Alec...
Megan: O que aconteceu com ele?
                     Aila: Ele... É o novo alfa.
Megan: Então... Não! Isso quer dizer que...
                     Aila: Sim. Tem pouco tempo.
Megan: Estamos voltando.
                     Aila: Tudo bem. Boa viagem.

Chamada off.
 Depois de desligar as lágrimas começam a cair. Encaro Logan.
 - Você ouviu? - ele concorda com a cabeça e se aproxima.
 - Isso significa que... - começo mas minha voz falha.
 - O antigo alfa morreu. - completa Logan. - Alec vai precisar de você.
 - Vamos voltar. - digo. Ele entrelaça nossos dedos e me guia pela saída. - Um momento!
 Volto e pego um livro que eu havia separado para olhar. Alguma coisa nele me chamou atenção.
 Saimos da biblioteca e Agnes está conversando com um cliente que está de costas para gente. Mostro o livro pra ela.
 - Enviarei para você depois. - digo e ela concorda.
   Por uma fração de segundos o homem se vira, mas não consigo ver seu rosto. Nos despedimos e entramos no carro. Passamos no hotel, tomamos um banho rápido, fechamos a conta e Logan trás as malas. Entro no banco do passageiro e ele da partida.

 Aila narrando:

  Depois do funeral, acompanho Alec até em casa. Ele não está em condições de dirigir. Quando paramos em frente a sua casa minha cabeça lateja e uma tontura me invade assim que coloco os pés na calçada. Ele é mais rápido e segura minha cintura antes que eu vá de encontro ao chão. Consigo sentir meus olhos mudarem de cor e uma cena vem em minha mente.
 " - Disse para vir só se fosse extremamente necessário. - diz Davina se sentando sobre a cama.
 - Eu estava no antiquário. Eles pegaram o livro que contém a resposta. - diz Erick. Por alguns instantes as feições dela mudam. Algo como preocupação, mas logo voltam ao normal.
 - Até encontrarem a resposta no livro já estaremos com o que procuramos nas mãos. - diz com um sorriso. "
 Quando dou por mim já estou sentada no sofá.
 - O que aconteceu? - perguntou Alec.
 Conto o que eu vi.
 - Megan está voltando? - pergunta e eu concordo com a cabeça encarando-o. Seus olhos estão inchados e vermelhos de choro.
 - Você quer que eu fique aqui com você? - pergunto e ele balança a cabeça em um sinal de positivo. Só aí que percebo que suas mãos ainda estão em volta da minha cintura. Nós olhamos fixamente e em um movimento tão voluntário quanto respirar, sinto que posso fazer algo.
 Coloco minhas mãos nas laterais de sua cabeça e continuo mantendo contato visual. Logo, várias imagens então passando pela minha mente e sei que ele está vendo também.
 " - Ele vai lutar pelo legado da família! - exclama o senhor Hunter com um Alec de poucos meses no colo.
 - Ficarei feliz se for parecido com você. - diz a senhora Hunter, brincando com as pequenas mãos do filho. Ele abre os olhinhos castanhos que por uma fração de segundos ficam verdes. Seus pais se olham e trocam sorrisos. "

 " - Eu não vou conseguir. - diz Alec de sete anos em uma bicicleta sem rodinhas.
 - Você consegue fazer tudo o que quiser. Além disso, vou está aqui se precisar. - diz seu pai. "

 " - Só os alfas se transformam por completo. - diz o senhor Hunter em sua forma de lobo dentro da cabeça de Alec - Precisa estar pronto para isso.
 - Vai doer? - pergunta Alec, antes de começar a se transformar por inteiro.
 - Provavelmente. Mas é assim que sabemos que estamos vivos. - responde."

 Depois de todas essas cenas Alec olha para mim.
 - Obrigado. - diz.
 - Pelo que? - pergunto.
 - Você me mostrou todos esses momentos em que ele estava vivo e bem e... É assim que quero me lembrar dele. - diz. Deixo algumas lágrimas escaparem. Ele esconde a cabeça na curva do meu pescoço e começa a chorar. Coloco o braço sobre os seus ombros e ele continua chorando até se acalmar. Depois de alguns minutos sinto sua respiração ficando mais leve e vejo que ele dormiu. Penso em deitá-lo no sofá mas é inútil, ele pesa bem mais do que eu.
 - Hey, deita no quarto. Você precisa descansar. - digo bem perto do seu ouvido. Ele abre os olhos devagar.
 Apenas coloca uma almofada no meu colo e deita sobre ela. Mexo em seus cabelos até ele adormecer novamente.
             

 
 

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