☆Capítulo dois☆

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Começo a rir. Sério? Uma bruxa?
- Com certeza.- digo irônica, ainda rindo. Começo a analisar o lugar. Estamos bem no centro, cercadas por quatro prateleiras, uma em cada extremidade das paredes, cheias de livros. Ao nosso lado tem um pequeno criado mudo com cinco gavetas, todas fechadas.
- É sério Megan. - ela diz com a cara fechada - Vou te contar a história da família.
- OK! - exclamo mesmo não acreditando naquela bobagem toda.
- Bewitched city, pequena cidade localizada ao norte da Escócia. Fundada em 1450 por duas irmãs, Davina e Seelie Clark, o sol e a Lua. Elas fundaram a cidade com o objetivo de fugir da onda de caças as bruxas, que começou no século XV. Ambas passaram despercebidas pelos religiosos da época, por sua incrível beleza e poder de sedução. Poucos anos mais tarde surgiram outras lendas, de outros seres místicos que começaram a habitar a cidade. Davina se apaixonou por uma dessas criaturas, um refém do sol, um vampiro. Na mesma época, Seelie se apaixonou por um refém da lua, um lobisomem. Mas quando uma bruxa se casa, ela perde seus poderes. Davina era muito apegada a eles, e se recusou a se entregar ao amado, isso o deixou furioso. Ele partiu e voltou três anos depois e raptou Seelie que havia se casado e já tinha filhos, renunciando seus poderes, se tornando um alvo fácil para o vampiro. Ele fez uma troca. Se Davina não se entregasse ele mataria Seelie. A irmã se entregou mas consumido pelo ódio, ele matou as duas. Bruxas e lobisomens vivem em paz mas ambos temos uma relação de ódio com os vampiros desde então. - diz vovó.
- E você espera que eu acredite nisso?- rio- Que sou uma bruxa? Em lobisomens e em vampiros? Fala sério.
- Posso te provar. - afirma
- Estou esperando. - digo. Ela se levanta e vai ao encontro de uma das prateleiras, tirando um livro de lá. Depois vai até o criado e pega uma vela.
- Sente - se Megan. - diz e eu obedeço. Ela coloca o livro e a vela na minha frente. Abre o mesmo em uma das páginas que tem várias palavras em outro idioma, incrivelmente consigo traduzir alguns.
- Olhe para a vela, imagine o fogo surgindo e a vela se acendendo e diga: ignis.
Faço o que ela diz. Concentro na vela à minha frente, imagino o fogo surgindo e digo: ignis. A vela se acende.
- Certo. Isso foi muito estranho! - praticamente grito.
- Você é uma bruxa. Aceite. - diz vovó. Tento digerir aquilo tudo por alguns minutos e minha mente cria inúmeras perguntas.
- Você disse que quando uma bruxa se casa ela perde os poderes. Por que? - pergunto
- Uma bruxa tem uma ligação muito forte com seus poderes, um comprometimento com eles. Quando ela se casa, seu comprometimento é com seu marido, por isso os poderes vão embora. - responde
- Lobisomens e vampiros? -pergunto
- Sim. Eles existem à muito tempo, e alguns vivem aqui em Bewitched city. Geralmente casamos com lobisomens, para manter a aliança entre nós. Você conhece um. - diz
- Conheço? Quem? - pergunto
- Ele irá te contar. Vai ficar sabendo hoje, é lua cheia não é? - pergunta e eu confirmo com a cabeça.
- E sofremos muitos ataques de vampiros?- pergunto
- Várias vezes.
- Como não ouvi falar de nenhum? - pergunto
- Você não quer que a cidade inteira fique sabendo, quer?
- Faz sentido. E os homens da família? - questiono
- Eles não recebem os poderes, só as mulheres. - afirma - Acho que esclarecemos a maioria das dúvidas. Vamos para a parte séria.
- Como quiser.- digo e ela caminha até uma das gavetas. E retira um colar de dentro dela.
- Esse colar, é como um símbolo de nossa magia, é passado de geração em geração desde Seelie. Era dela. - diz me entregando o mesmo. É uma corrente fina, de prata, com um pingente de lua crescente da cor da corrente, com uma pedrinha dourada bem no meio. - Você vai usá - lo até passar adiante.
Coloco o colar e uma sensação nova invade o meu corpo. Sinto como se das pontas dos dedos do pé, até a cabeça eu emitisse magia. Meus dedos formigaram com a sensação. Eu tinha o poder. Eu tinha tudo.

Bewitched city Onde histórias criam vida. Descubra agora