Bewitched city

☆Capítulo quarenta☆

   Depois de algum tempo de espera finalmente escuto a campainha e me levanto do sofá para atender.
 Sou recebida com o sorriso mais lindo do mundo. Logan está encostado na lateral da porta com uma sobrancelha levantada olhando fixamente para mim. Está com uma calça jeans, uma blusa preta e seus cabelos não completamente secos, são indícios de que ele acabou de sair do banho. Está com uma das mãos atrás das costas o que denuncia a presença da minha "surpresa".
 Dou passagem e fecho a porta me encostando na mesma, ele se vira ficando de frente para mim.
 - Você está sozinha? - pergunta olhando em volta.
 - Não vou deixar você mudar de assunto. - arqueio as sobrancelhas e estendo as mãos. Ele solta uma risada.
 - Imaginei. - ele demora um pouco mas finalmente me entrega o que estava escondendo. - Espero que goste.
 - Qual é a ocasião? - pergunto ao pegar o embrulho vermelho. É retangular, bem menor que uma caixa de sapatos.
 - Abre logo. - diz.
 Rasgo a embalagem e o conteúdo é revelado. Minha boca faz um perfeito "o" quando vejo. É a caixinha que vi no antiquário. Passo o dedo pelas bordas da tampa e exito em abrir.
 - Eu vi você olhando para ela aquele dia. - explica Logan.
 - Obrigada. Mesmo. É linda. - sorrio ao pensar que ele prestou atenção nesse pequeno detalhe e ainda comprou-a para mim.
 - Quase esqueci. - ele me estende uma chave pequena e delicada pendurada em uma cordinha pequena e preta. - Pra você abrir.
 Finalmente abro-a. Um som calmo e lento se espalha pela sala. Não é como se fosse uma cantiga de ninar, mas sim uma música antiga em que, há muito tempo atrás, a realeza dançava em grandes e luxuosos bailes.
 Dentro dela tem um casal. Uma menina com longos cabelos castanhos e um vestido vermelho e um menino com os cabelos muito escuros e uma roupa preta. Eles estam dançando e a medida que a música toca eles rodopiam.
 Logan pega a caixinha da minha mão delicadamente e coloca na mesinha de centro. Pega minhas duas mãos e coloca sobre seus ombros e passa seus braços pela minha cintura. Quando encosto minha cabeça em seu peito consigo sentir o cheiro fresco de sabonete. Ele começa a nós balançar delicadamente ao som da música e em certa hora até segura mais firme em minha cintura e me gira no ar.
 Ficamos assim até a música acabar, em um silêncio bom. Um silêncio necessário. Ótimo para refletir até sobre a questão que levantei mais cedo com a mensagem de Aila. Mas não. Não dá. Foco completamente e exclusivamente no corpo que está colado ao meu. Sentido sua respiração sobre a minha cabeça, suas mãos nas minhas costas, cada pequena sensação que isso provoca em mim.
  A música acaba muito rápido pro meu gosto. Ele se afasta lentamente me olhando nós olhos. Suas mãos e as minhas ainda estam no mesmo lugar.
  - Queria te falar uma coisa. - solta de repente.
 - O que? - pergunto.
 - Você sempre me pergunta o que aconteceu aquele dia na casa das irmãs Clark. - diz.
 - E você vai me contar? - pergunto surpresa e ele balança a cabeça afirmativamente. - Não precisa falar se não quiser.
 - Eu quero. Não se preocupe. - ele diz se sentando no sofá e eu o acompanho.
 - Tudo bem.

                    Flashback on
Logan narrando:
  Chego na casa no horário marcado. Seelie e o marido já estão na sala. Eles me cumprimentam e eu sorrio retribuindo.
 - Onde estão as crianças? - pergunto me referindo aos seus filhos gêmeos, uma menina e um menino.
 - Eles ficaram em casa. - responde.
 - Onde está Davina? - digo.
 - No quarto terminando de se arrumar.
 - Vou ver como está indo.
  Subo as escadas pensando no que terei que fazer daqui a pouco tempo. A vida de uma pessoa vale mesmo a minha felicidade? Não estou tão certo disso. Seelie tem família. Tem uma vida inteira pela frente. Encontro a porta entreaberta. Empuro-a delicadamente e vejo o quarto vazio. Ele está perfeitamente bem arrumado. Escuto um choro vindo do corredor. Sigo o som e percebo que vem de uma porta que está fechada no fim do corredor. Abro - a e só consigo ver braços e pernas se mexendo no berço. Quando vou chegar mais perto escuto uma voz atrás de mim.
 - O que está fazendo aqui? - pergunta Davina.
 - Quem é? - digo ignorando completamente sua pergunta.
 Ela fica em silêncio confirmando suas suspeitas. A raiva toma conta de mim.
 - Por que não me falou? - pergunto. A criança chora mais alto e ela passa por mim indo em sua direção. É só pegá-la no colo que ela para de chorar imediatamente.
 - Porque fiquei com medo da sua reação. - diz.
 - Não. Foi porque precisava da minha ajuda hoje e ficou com medo de não te-la se eu soubesse. - digo e ela fica em silêncio. Sabe que é verdade. - Você não vai conseguir o que quer.
 Viro e saio daquela casa o mais rápido possível. Posso escutá-la me chamando mas ignoro. Começo a andar lentamente até minha casa. Preciso ficar sozinho e pensar. Quase vinte minutos depois eu sinto um cheiro estranho e começo a voltar. Quando estou quase chegando vejo que a casa está completamente em chamas. Acabo entrando pelos fundos e começo a chamar todos que estavam naquela casa. Nenhuma resposta. Depois de andar mais um pouco tentando desviar das chamas que se alastram rapidamente acabo chegando no quarto onde a filha de Davina estava. Ela está sentada no chão olhando o fogo do outro lado do quarto e rindo. Pego-a no colo e começo a andar em direção a saída, pelos fundos já que a parte da frente está completamente destruída. Olho para a criança em meus braços e vejo que o colar de sol está pendurado em seu pescoço e ela está segurando o de lua em sua mão esquerda. Durante todo o trajeto ela sorri e brinca com o colar em suas mãos. Finalmente saimos da casa e perco a esperança de ter alguém vivo lá. O fogo se espalhou por tudo. Deixo a menininha na casa de Seelie, onde sei que irão cuidar dela.
     
           Flashback off
 Depois que ele me conta meus olhos se enchem de água. Então ele não escondia uma coisa ruim e sim uma coisa boa. Minha família só está ali por causa dele. Eu só estou ali por causa dele. Mas Davina só voltou por culpa dele. Se sua filha não sobrevivesse ao incêndio não haveria o encontro das duas linhagens.
  - Por que não deixa as pessoas verem o que há de melhor em você? - pergunto brincando com o seu cabelo.
  - Quando elas veem o nosso melhor lado, começam a esperar coisas demais e eu não quero decepcioná-las. - diz fechando os olhos.
  - Faz parte da vida se decepcionar. - digo.
  - Não quero causar isso na vida das pessoas. - diz.
  - Você se arrepende? Digo, de ter salvo a criança. - pergunto com certo receio, ele percebe porque quando essas palavras saem da minha boca ele abre os olhos imediatamente.
  - Não. Definitivamente não. - diz colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

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   Genteee, estou muito feliz pelo 1k ❤ sério mesmo, vocês são demais!!! Capítulo bem fofo saindo do fornoooo. Espero que tenham gostado. Continuem votando e comentando, eu fico muitoooo feliz💓