☆Capítulo quarenta e um☆

48 5 4
                                    

    -Hey, está podendo falar? - pergunta Aila assim que eu atendo o telefone.
  - Oi, posso sim. - respondo me levantando do sofá. Logan acabou de sair daqui e ainda consigo sentir seu cheiro pela sala e até mesmo em mim. Vou em direção a cozinha, não sem antes levar a caixinha de música comigo, me sento na bancada e coloco-a de frente para mim.
  - Vamos fazer alguma coisa amanhã? - pergunta.
  - Ahh, não quero sair. Vem aqui pra casa. - respondo.
  - Se eu for aí você não vai tirar o olho desse livro. Tem que ser fora de casa. - responde e ficamos em silêncio por um momento. Nesse meio tempo consigo ouvir o som do lápis e da borracha sobre um papel. Ela está desenhando.
  - O que está fazendo? - pergunto.
  - Não sei direito. Estou trabalhando nele há dias e não consigo terminar. A inspiração está vindo aos poucos. - responde. - Mas não muda de assunto.
  - Então eu vou aí. Por favor Aily, não quero sair. - digo fazendo a voz mais fofa que eu consigo.
  - Sem o livro? - pergunta e eu me vejo obrigada a dizer um "sim". - Então tudo bem. Até amanhã.
  - Boa noite.
  Termino a chamada e coloco a caixinha para tocar e observo enquanto o casal gira e rodopia.
   Nesse momento duas orelhinhas pretas surgem na entrada da cozinha. Spell olha desconfiado para aquele objeto novo.
  - Vem cá. Não fica com medo. - digo estendendo as mãos para ele que anda até mim e pula no meu colo.
  Começo a passar a mão nele que fecha os olhos em sinal de aprovação até que finalmente dorme.

-----♡------♡-------♡--------
  - Oi tio Bob. - digo assim que o pai de Aila abre a porta me recebendo com um enorme sorriso.
  - Megan! Tem muito tempo que você não vem aqui hein? Entra, entra. - passo por ele e vou em direção as escadas.
  - Aila está lá em cima? - pergunto e ele confirma com a cabeça. - Vou subir.
  Quando chego no quarto fico impressionada com a bagunça. Aila é a pessoa que tem mais mania de limpeza no mundo todo. Não entendo todos os papéis jogados no chão e na cama, que pelo visto ela não arrumou.
  - Uouu. O que aconteceu aqui? - pergunto entrando.
  - Estou trabalhando no mesmo desenho há dias. Dias, Megan. Tem noção do quanto é exaustivo? - ela diz passando a mão pelos fios loiros que começaram a escapar do seu rabo de cavalo mal feito.
  - O que você desenhou até agora? - pergunto me jogando sobre a cama completamente desorganizada. Ela suspira e pega uma folha da escrivaninha. Esta está intacta. Não está amassada ou virou uma bolinha de papel como as outras que estão por todo o quarto. Analiso o desenho. Um estranho sentimento de reconhecimento me invade apesar dele não estar completo.
  - Isso é um punhal de uma espada? - pergunto com as sobrancelhas arqueadas.
  - É o que parece. Comecei desenhando apenas os símbolos gravados nele, depois o formato começou a aparecer. - ela coloca-o no lugar e se senta ao meu lado. - Tenho a sensação de que ainda falta muito.
  - Não se preocupe. Você vai conseguir. - Eu digo.
  - Eu sei. Cedo ou tarde ele vai estar completo é só que... Acho que ele vai ser uma grande peça desse quebra- cabeça que estamos vivendo. - diz.
  - Isso não deveria ser uma coisa boa? - pergunto.
  - Não tenho certeza se o final dessa história vai ser realmente bom, Meg. - diz e posso perceber a preocupação no seu olhar.
  - O que você viu e está escondendo? - pergunto.
  - Nada. É só um pressentimento. - O roxo vivo lampeja em seus olhos. Isso acontece muito ultimamente.
  - Você não me chamou pra falar disso não é? - tento mudar de assunto.
  - Definitivamente não. - ela se levanta em um pulo. - Preciso de uma ida ao shopping. Urgente.
  - Aily, não está cabendo nem nos duas aqui, imagina mais roupas? - digo.
  - Ah! Você vai me ajudar com isso também. Vamos limpar isso tudo! - diz sorrindo.
  - Sério mesmo? Por que eu não fiquei eu casa? - deito na cama com tudo e ela sorri.
  - Vamos logo. Você já está aqui mesmo. - diz começando a limpar. Essa é a Aila que eu conheço. Sorrio e vou ajudar.
  Muito tempo depois o quarto já está apresentável novamente e nos duas? Exaustas.
  Escutamos uma batida na porta e tio Bob entra com uma bandeja que exala um cheiro maravilhoso. Os cookies mais gostosos que eu já comi na minha vida.
 - É por isso que eu venho aqui desde os cinco anos. - Pulo na sua direção e pego um biscoito. Ele fez dois sabores. De canela para mim e com géleia de cereja para Aila. - Estão maravilhosos como sempre.
 - Obrigado, querida. Fiz os preferidos de vocês! - ele diz.
 - Obrigada! - dizemos eu e Aila em uníssono.
  Ele apenas sorri e sai do quarto deixando a bandeja lá, que acaba em questão de minutos.
 Me jogo na cama, que parece estar até maior sem todo aquele papel. Aila faz o mesmo.
 - Sabe que eu vou dormi aqui, não é? - digo.
 - Vou fingir que vai ficar por mim e não pelos cookies. - diz tentando parecer ofendida.
 - Você me conhece tão bem. - provoco e firmo o corpo quando ela tenta me empurrar da cama.
 - Você vai voltar rolando pra sua casa. - ela diz e eu rio e em seguida solto um grito quando ela consegue me jogar no chão. Com um movimento de dedos, derrubou ela também e no momento seguinte estamos rindo descontroladamente no chão.

-----♡-----♡-------♡-------
 Acordo com o meu celular tocando insistentimente. Não me dou o trabalho de olhar quem é, apenas desligo a chamada e volto a dormir. Ele toca novamente e eu coloco no modo vibração. Olho para a cama de cima. Aila não mexeu um músculo apesar do barulho. Também, nunca vi alguém ter o sono mais pesado que essa garota. Quando fecho os olhos novamente sinto o aparelho vibrar e me vejo obrigada a atender.

 Chamada on:

Megan: O que foi?

Luke: Preciso que me encontre agora!

Megan: Não são nem nove horas. Me deixa dormir mais um pouco.

Luke: Rápido Meg, te encontro na cafeteria perto da biblioteca em vinte minutos.

Megan: Preciso de no mínimo quarenta minutos para me arrumar. Estou na casa da Aily.

Luke: Dez horas no máximo.

Chamada off.

 Ele não espera eu responder para desligar. Sabe que eu iria tentar convencê-lo a ir mais tarde.
 Começo a difícil tarefa de acordar minha amiga. Depois de chama- la e sacudi-la várias vezes, ela finalmente acorda.
  - O que foi? Me deixa dormir! - diz com seu ótimo bom humor matinal.
  - Luke quer que eu encontre com ele em quarenta minutos. - digo.
  - E pra que tinha que me acordar junto? - pergunta revirando os olhos.
  - Deixa de ser grossa, Aila. Queria saber se você ia e tenho que me arrumar aqui.
  - Banheiro, Megan, Megan, Banheiro. Armário, Megan, Megan, armário. - Ela diz apontando pros dois lugares ironicamente.
  - Você vai ou não? - pergunto já indo em direção ao banheiro.
  - Não. Já que me acordou vou trabalhar nesse desenho. - Ela suspira e vai até a escrivaninha.
  Tomo um banho de no máximo quinze minutos, pego uma roupa da Aila e desco para a cozinha.
  Como os cookies que sobraram com um grande copo de leite e me despeço de Aila, saindo para a cafeteria.
 

Bewitched city Onde histórias criam vida. Descubra agora