#14

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— Posso conversar com você, Jisung? — perguntou Mark, e assistiu Jisung olhá-lo meio confuso e concordar com a cabeça.

De certo modo, a sua maneira repentina e apressada de dizer aquilo, surpreendeu mais Jisung do que Chenle, cujo abaixou o olhar e afastou-se para dar espaço aos dois.

— Sim? — dissera Jisung, quando os dois já estavam fora do refeitório e caminhando sob a noite enluarada e brilhante. Tinha o cabelo devidamente penteado, seu jovem semblante e uma postura adequada. Não colocava medo em ninguém, pois a sua face angelical não o permitia à isso. Mas podia exigir respeito, quando quisesse, e era bom naquilo.

— Eu... Queria te conhecer um pouco mais, Jisung — contara Mark, torcendo para não tropeçar nas próprias palavras e nem adiantar-se demais (coisa que fazia quando nervoso ficava).

— Bem... — Jisung olhou um pouco para trás, para o refeitório, mas depois continuou caminhando ao lado de Mark e lhe dirigiu o olhar — O que quer saber?

— Não sei exatamente. Me conte sobre você — parou no parquinho, onde havia dois balanços e um escorregador, uma pequena estrutura para escalar e uma gangorra de dragão.

Embora estranhasse o pedido e desconhecesse o motivo de Mark Lee estar dizendo aquilo para ele, Jisung caminhou até um balanço e sentou-se nele. Pigarreou.

— Sei falar inglês, japonês e chinês; além de coreano. Hm... Vejamos...

Mark sentou no balanço ao lado, e segurou as cordas que o sustentavam, enquanto se balançava minimamente, analisando cada traço de Jisung.

— Gosta de doces? — Mark lhe perguntara.

Jisung riu.

— Sim, mas... Meu pai disse que esse vício é para crianças. E como não sou mais criança... — deixou a frase morrer no ar, vagar em sua mente e no mesmo segundo ser esquecida. Abaixou o olhar, olhando para a grama verde e bonita abaixo dos seus pés.

— Crescer sempre é difícil.

— O problema não é crescer. É nunca parar. Eu queria ficar assim para sempre! — Jisung contou, mas dessa vez olhando para as estrelas no céu — As coisas mudam, Mark.

— Minha mãe disse que mudanças são essenciais — Mark riu amargurado e deu de ombros, um gesto fútil.

— Sim, são. A mesma coisa enjoa, mas enquanto não enjoa, nunca queremos que mude. Veja só! — girou o balanço na direção de Mark, e o fez ficar parado, com os pés firmes no chão — Se algo ficar até enjoarmos e reclamarmos que está repetitivo, quando tudo mudar, vamos dar mais valor à esse 'novo'. Mas se estiver num momento em que não estiver enjoado e tudo mude, vamos nos sentir tristes porque gostávamos no 'antes'. Mas as coisas não acontecem com o nosso consenso, apenas acontecem e não podemos voltar. E seria ruim se pudéssemos controlar tudo, e que todos os nossos desejos fossem realizados. O mundo seria mais caótico do que já é! Mesmo assim, eu estou aqui dizendo que queria ser assim para sempre. E eu sinto raiva disso porque tudo nunca é do modo como quero, mas eu sinto que nunca sou do jeito que 'tudo' precisa que eu seja.

Mark o olhava com um certo fascínio no olhar, cujo havia um certo reflexo das estrelas alfas e o luar.

Jisung tirou o pé do chão e deixou a física fazer o resto: o balanço girou e voltou até parar na sua posição e direção normal. Jisung suspirou pesadamente.

— Não vai rir? — disse, por fim.

Mark abriu um sorriso fraco, e depois virou-se para o céu, onde Jisung olhava.

— Profundo. — fora a sua definição — Sobre essa última parte... Quem é você, então?

Em pensar que tudo isso havia começado com uma pergunta boba sobre doces...

Jisung olhou para Mark, deixando a franja do cabelo azulado cair em seu rosto.

— Nem eu sei.

We Young || Chensung + MarksungOnde histórias criam vida. Descubra agora