#24

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À noite, quando todos estavam dormindo, Mark não parava de jogar o mesmo jogo, debaixo das cobertas. O som estava alto, o que incomodava mais ainda o seu colega de quarto. O sonolento Renjun lançou um travesseiro na direção de Mark, pedindo para desligar aquela porcaria e tentar dormir.

— Não consigo — disse ele.

— Então sai daqui! Está atrapalhando o meu sono de beleza! — Renjun reclamou, virando de lado.

Mark se levantou e saiu do quarto. Escondido e sorrateiro, deixou o prédio e passou a caminhar pelo parque pouco iluminado. Estava perdido em seus pensamentos quando notou uma sombra na beira da piscina, ponderando. Mark se aproximou, e jurou ser capaz de reconhecer aquele cabelo azul até de olhos fechados. Sem mais nem menos, sentou-se ao lado dele, com os pés dentro da água, sacudindo-os freneticamente.

— Desculpa ter sido rude com você mais cedo — Mark estava arrependido.

Jisung suspirou, e já estava se levantado. No entanto, sua ação foi impedida quando Mark o segurou no braço.

— Fica, por favor — pediu. — Eu estava bravo.

— Por quê? — Jisung perguntou, mesmo sabendo que Mark não lhe contaria.

— Eu gosto de conversar com você, Jisung — Mark mudou de assunto — Gosto de você, mas... Às vezes, você me faz ficar triste, irritado e bravo.

— Desculpa, então — o mais novo abaixou a cabeça.

Mark notou um movimento e olhou para trás. Um guarda em patrulha estava ali, e provavelmente jogaria ambos em suas camas o mais rápido possível.

— Entra na água, Jisungie — Mark disse, e Jisung obedeceu.

Logo ele mesmo entrou. Mas o agito da água chamou atenção do guarda, que foi se aproximando gradativamente da piscina. Ambos garotos mergulharam fundo para não serem pegos, grudados no limite da beira.

— Ei! Hora de trocar de turno, companheiro! — um homem gritou com o guarda, o que o fez rir de felicidade e se afastar da piscina, passando direto por aquele homem que iria substituí-lo.

Embora Mark e Jisung não tivessem escutado quase nada, eles perceberam que aquele homem da patrulha havia se afastado, então puderam sair do fundo e colocar a cabeça para fora, aproveitando a fartura de oxigênio.

— Eles se foram — sussurrou Jisung.

— Parece que sim — Mark estava começando a ter frio. — Você e Chenle... Estão namorando?

— Quê? Namorando? Não! — Jisung riu, depois jogou o cabelo azul molhado para trás.

— Que bom! Então acho que não terá problema algum no que vou fazer... — Mark se aproximou mais de Jisung.

— Mark, o que...

Jisung foi interrompido pelos lábios de Mark, e diante de tanta doçura, não pôde resistir. Não que Jisung se entregasse às pessoas que demonstravam querer te beijar, mas Mark era um caso em particular; como em química ou matemática. Sempre tinha aquele diferente com as próprias regras, a exceção. Mesmo assim, Jisung gostou de ser beijado por um garoto. Ainda mais pelo Mark.

A mão dele estava em sua nuca, e a ponta dos seus dedos estavam sentindo a textura do seu cabelo molhado. Embora os lábios de Mark tivessem sido apressados para o beijo, ambos estavam calmos naquele momento. Não era o primeiro beijo de Mark, mas talvez fosse o de Jisung. Ele não se lembrava se já havia beijado ou não. Naquele momento, denominou-se antes BV, pois nunca havia beijado daquele jeito e sentido o que sentiu. Se tivesse, teria se lembrado. Ou ele só se sentiu assim porque foi Mark quem o beijou?

Seus braços estavam entrelaçados sobre os ombros de Mark, enquanto beijava-o continuamente. Jisung sentiu como se estivesse subindo, voando. Talvez fosse a sensação que o empuxo lhe proporcionava, de leveza e empurrando-o para cima. Mas era como se tivesse muito mais naquilo, era o seu coração lhe fazendo sentir coisas.

— Mark — então parou. — Está tarde...

— E daí? Está pensando em fugir? — aquilo fez Jisung corar.

— De jeito nenhum, hyung — disse — Eu apenas gosto das estrelas.

— Também — Mark olhou para o céu — Mas eu gosto mais de você.

— Realmente? — Jisung não desviava os olhos.

— Absolutamente — Mark concordou, olhando para Jisung.

Jisung se lembrou de Chenle, repentinamente. O chinês o proporcionava momentos inesquecíveis, era divertido, fofo e atencioso. Mas ele estava ali com Mark, e acabara de beijá-lo, não seria justo estar pensando em outra pessoa naquele momento. Mas Jisung imaginou como Chenle ficaria se soubesse deles dois, e não quis machucar o garoto.

Soltou Mark, enfim, e afastou-se um pouco. Seria um erro continuar com aquilo, nem sabia se gostava realmente de Mark, pois o seu coração estava apontando para o Zhong. Teria sido um erro aquele momento? Claramente. Jisung deveria ter soltado o seu braço, antes, e ido embora, assim evitava tanta confusão em sua cabeça. Mas assim ele não teria provado do beijo de Mark. Mas... Ele estava tão confuso!

— O que foi? — agora Mark também estava confuso.

— Eu vou dormir — Jisung saiu da piscina tão rápido que podia ser comparado com um rato fugindo de uma armadilha e entrando em seu esconderijo. Aquela era uma mentira, Jisung não conseguiria dormir.

— Boa noite! — Mark, com uma expressão confusa no rosto, acenou.

— O mesmo — pensou ter escutado isso, pois Jisung já estava um pouco longe.

Mark ficou ali por alguns minutos, depois voltou para o seu quarto e os seus jogos no celular. Não conseguia esquecer o beijo, e nem a maneira desesperada de Jisung em sair dali. 

We Young || Chensung + MarksungOnde histórias criam vida. Descubra agora