Bem me quer, mal me quer.

Prólogo

Não deveria ser assim - deveria?!

Eu deveria odiá-lo - não deveria?!

Quer dizer, ele prendeu-me, agrediu-me, estuprou-me e humilhou-me. Durante dias me privou de água e comida; durmo por cima de um fino lençol, e nada mais - não há nem mesmo janelas nesse pequeno espaço onde estou confinada. Já não sei mais há quanto tempo não vejo meus familiares, meu namorado e meus amigos. Então... por que não consigo deixar de pensar em como os olhos dele são de um azul intenso, da cor do mar? Por que não paro de pensar em como sua voz é baixa, rouca e aveludada? Por que não consigo parar de pensar em como suas mãos são fortes e em como ele é alto e másculo? E - por Deus! - por que não consigo parar de esperar, ansiosamente, pela sua visita diária para verificar se continuo viva?

Dias? Meses? Anos? Não sei mais dizer a quanto tempo estou presa aqui. Para mim, o tempo parou. Mas, às vezes, também parece passar rápido demais - confuso, não?

Mas, retornando ao ponto chave...

Eu deveria odiá-lo - não deveria?!