- Cristtal... - Digo.- A porta aparece para aqueles que tem parentes mortos aqui... - nego.
- Não acho que tenha algum parente meu enterrado aí... - sorrio para reconfortar a mim mesma de certa forma.
- Entendo... - saio com uma dor inexplicável a nível do coração. Não quero que ali tenha alguém, mas algo me diz que tenho muita coisa para descobrir.
Encontro um banco de madeira encostado em uma das paredes do imenso castelo e me sento, passo o restante do tempo extra ali, parada, descansando corpo e alma na esperança de curar alguma ferida que ainda não se abriu.
Coloco ilusoriamente panos quentes em cima da dor que está para fluir e temo que ela demore a aparecer, pois será mais ansiedade acumulada diante de uma inesperada situação.
Ouço o sinal como piano, cada nota bate dolorosamente como se pesasse dentro do meu peito.
Me coloco de pé e saio desanimada pelo corredor, chego a sala e me sento amuada como se usasse a dor de um luto que ainda não passei.
Ludi me cutuca, olho para trás.
- Aconteceu algo?
- Nada tão estranho quanto os últimos dois dias... - Sorrio fraco e quando me volto para frente encontro Jásper me encarando como um bisbilhoteiro de conversas alheias. Suspiro.
- Não deveria se sentir tão pesada por algo que não sabe... - Ele toca o dedo por cima do meu peito como quem quer sinalizar o coração. "Como ele sabe!"
- Está enganado... Estou bem... - digo com todas as evidências provando ao contrário, ele sorri abertamente e alguns alunos encaram cochichando.
- Não deixe mais lágrimas rolarem hoje, sejam elas de alegria ou de tristeza... - me espanto com as palavras dele.
Engulo seco.
- Por que está me dizendo essas coisas? - Ele espreme a boca em uma linha fina.
- Por que consigo ler sua dor, é um dom de poucos bruxos... É seu humor está bem instável hoje... - Fico perplexa e me espanto mais quando Ludi acaricia meu cabelo com carinho.
Suavizo o olhar.
- Pode parar Ludi. - Digo e ela para de imediato.
A porta se abre e a mulher educada que sinalizou o salão entra com seu vestido longo e sem volume. Ela tem uma delicadeza tão expressiva que parece flutuar.
- Boa tarde pequeninos - ela nos reverência - Quero que se apresentem meus bruxinhos! - ela se senta e seu vestido sem volume faz um movimento engraçado como se esvoaçasse, ela aponta o dedo para o primeiro de nossa fila - Você! Comece... - ela puxa seus cabelos e começa a mexer com uma mecha.
A menina a frente se apresenta e assim seguem com os outros. Um a um. Jásper se apresenta e faço o mesmo em seguida, continuando com Ludi.
Depois de todos se apresentarem ela se apresenta.
- Meu nome é Kali Bellze, darei aulas sobre conhecimento de criaturas místicas - ela usa a varinha para abrir a janela e observa um pouco até que entra uma coruja, um corvo, um melro, uma águia e um Falcão eles pousam na mesa dela, depois ela retira do bolso uma caixa mediana e pisco vezes seguidas "Tenho cada vez mais medo do que pode sair dos bolsos das pessoas daqui..."
Ela abre a caixa e para fora sai uma cobra, um sapo e um rato. Depois ela abre a porta e entram um gato, um texugo e um bronco.
"Da onde saiu tanto bicho!?" Estou um pouco surpresa, mas além de mim existe o restante da classe que esta tão surpresa quanto eu.
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WITCHES - Puro Sangue
Romance#Suspense #Adulto #Romance #Fantasia O que faria se tivesse que escolher entre salvar seus pais ou o amor de sua vida? E se para viver, antes, tivesse que morrer? Cristtal é a última bruxa de puro sangue e acaba descobrindo sua ancestralidade por...