Capítulo 20

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Almoço e me sento no sofá. Depois de alguns minutos mamãe se senta ao meu lado.

- O que passa pela sua cabeça?  - gargalho. Ela franze o cenho.

- Lembrei de um meme. - digo e mexo no cabelo. Ela sorri.

- Que bom que esta aceitando bem. - sorrio.

- Não estou, na verdade. Estou desesperada. - digo e sinto meu coração acelerar. - Isso tudo é muito novo para mim. - ela assente.

- Eu sei. Sei que é difícil aceitar que tudo isso aqui exista e não seja apenas fruto da nossa imaginação. - ela segura minha mão. - Sabe... Sabe aquelas histórias de mulas sem cabeça, lobo mau, lobisomen, bruxas, pessoas que se transformavam em animais e tudo mais. - Assinto. - eles saíram daqui. - franzo o cenho. - O bicho papão é tão feio quanto dizem por aí e ele ama comer criancinhas. - pisco várias vezes.

- Mãe!  Eu tinha medo do bicho papão sabia! Obrigada! Agora vou dormir preocupada. -  mamãe ri.

- Calma! Ele não ataca adolescentes. E ele nunca esteve em seu armário, sempre conferia sua cama e seu guarda roupa antes de você dormir. - me sinto bem assustada.

- Como esses monstros iam parar do outro lado?

- Esses seres, não monstros, atravessam os diversos portais que dão acesso ao outro lado. -  Assinto.

- Desculpe. Não quis ofender o ser que come criancinhas. - mamãe aperta minha mão.

- Existem coisas boas aqui. - Assinto.

- Meu ancestral é uma mamba. - digo.

- Sério!  Quero ver. - ela parece mais animada.

- Mostro ele depois. O nome é Onorus. - digo.

- Ele já falou com você? - nego. - Quero ver sua varinha. E hoje a tarde vou lhe mostrar a lista de feitiços existentes. E o comum é a energia liberada pelo seu corpo sem necessidade de conjurar um feitiço.  - Assinto.

- Aprendi alguns e outros apenas sei e nem sei como isso é  possível. - ela abaixa a cabeça.

- Não queria que estivesse despreparada e ensinei alguns quando tu era criança.  Apesar de que me disseram que você conjurou feitiços que eu não me lembro de ter ensinado. - ela se levanta. - Descanse um pouco, daqui a pouco quero ver como esta indo com o treinamento com seu familiar e vamos treinar combate corpo a corpo. - ela se retira e fico pensando em como tudo mudou tão de repente.

Depois de alguns minutos me levanto e subo, entro no quarto e pego o pote com Onorus, abro e coloco ele em torno do meu pulso, pego a varinha e desço.

Assim que chego no andar de baixo, mamãe abana a mão para que eu a siga. Saímos no Jardim e depois para fora do portão.  Descemos o pequeno penhasco e quando chegamos no campo plano e gramado mamãe para.

- Fique aqui, irei para uma distância considerável, quero testar o poder da sua varinha com feitiço simples. Não vou pegar pesado por que sei que está ferida. - Assinto. Mamãe se distancia enquanto isso coloco Onorus no chão, ao meu lado.

- Fique aqui. Não se preocupe. - Ele rasteja para o chão e me aprumo. Mamãe dá sinal e Assinto com a cabeça.

- Pronta? - Aceno e aponto a varinha diante de mim. Ela lança apenas um feitiço comum sem conjurar. Rebato e as chamas azuis se tocam, no centro uma luz mais clara aparece, o foco onde os feitiços se cruzam é como se fosse uma pequena explosão continua. É lindo.

O feitiço dela ganha forças e vai vencendo o meu, me concentro e aumento a força com que rebato.

O dela aumenta novamente e sigo tentando rebater com o meu. Aumento minha força gradualmente e por um momento começo a estabilizar novamente para o centro, mas o de mamãe é mais forte e acaba se aproximando muito, assim que ele quase toca minha varinha,  solto um grunhido e coloco toda a minha força nesse feitiço. A força com que vence o dela é enorme e passo a vencer o seu. Assim que estou quase derrubando o dela, ela se lança para o chão e o meu feitiço rebate à alguns metros ao longe, levantando terra e abrindo um buraco. Caio de joelhos e respiro ofegante.

WITCHES - Puro SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora