Capítulo 92

190 34 0
                                    

Depois da cerimônia de homenagem aos mortos voltei a enfermaria e estou sentada ao lado do meu pai segurando sua mão. Me pergunto quando ele vai acordar e tenho medo de perder ele também. Octávio e Anabelle retornaram para suas casas e Ludi está ajudando com os feridos. Não Tenho forças para fazer algo com os feridos, quero apenas está pertinho do meu pai.

Acabo adormecendo.

Jásper...
Já é quase dia, passei a noite toda ajudando a curar os feridos. Ainda tem bruxos baixando e a maioria que chega também ajuda. Me abaixo perto de uma senhora e ela sorri para mim com doçura.

- A senhora pode me dizer onde está ferida? - ela assente e mostra a perna. Esta quebrada e assinto. Me sento ao seu lado e mordo meu pulso. Odeio ter que fazer isso e sair distribuindo sangue, mas se estão quebrados não existe outra forma mais rápida. Ela mantém a cabeça para cima e meu sangue pinga em sua boca. Depois de certo tempo recolho meu braço e ela move a perna.

- Estava bem dolorida antes... Obrigada Drycophor. - assinto.

- Fiz mais que minha obrigação. - ela toca minha mão e sei que é uma sensitiva. Afasto meu braço dela. Ela balança a cabeça.

- Tem tanto medo assim de você mesmo? - me levanto.

- Se já está bem, irei ajudar os outros. - mudo de assunto e ela me olha com pesar.

- Se não lidar com isso vai acabar se machucando mais... - ela diz e me sinto mal. Depois que Cristtal disse que nosso filho morreu me sinto vazio e perdido. É como se a única linha que me mantinha tentando fosse cortada. Sempre odiei criar laços e é justamente por que eles podem ser desfeitos. Caminho para a enfermaria e paro na porta olhando em direção a cama de Tio Claus. Cristtal dorme de forma desajeitada sentada em uma cadeira e mesmo dormindo seu semblante é triste. Me aproximo e desprendo a capa dela do pescoço. Estendo sobre seu corpo e encosto em sua mão. Como pensei... Gelada. Assim que vou sair ela se mexe e aperta minha mão.

- Mãe...- ela sussurra. Fecho os olhos e me sinto péssimo. Ainda não quero deixar ela e sei que não poderia. Pego ela com cuidado nos braços e caminho para fora da enfermaria. Vejo Kory cruzando o corredor. "Era só o que faltava." Ele se aproxima.

- Ela está bem? - assinto.

- Ela vai ficar. Vou tirar ela da enfermaria um pouco, não consigo ver ela lá tão desprotegida. - Kory sorri.

- No final das contas eu estava errado sobre você. - ele diz. Reviro os olhos.

- O coração dela não seria ligado a alguém puramente mal. - digo. - Se me der licença.

- Toda! - passo por ele e continuo caminhando.

- Iaunae magicae. - assim que abro os olhos novamente estou em meu dormitório. Subo as escadarias e abro a porta do meu quarto. Um dos garotos está dormindo em uma das beliches e ignoro. Entro e coloco ela em minha cama. Ela se move, mas parece exausta demais para acordar. Me sento ao seu lado e fecho as mãos em punho. "Só preciso manter minha mente longe dos gatilhos!"

Fico horas meditando e ouço passos. Abro os olhos e vejo o garoto caminhar para o banheiro. Aparentemente ele não viu que tem uma garota aqui. Ele volta a sair do banheiro e olha em minha direção.

- Esse cheiro... - aponto a porta do quarto.

- Sai. - digo com frieza. Ele assente e se retira.

- Mãe... - olho para Cristtal. Ela se senta abruptamente na cama em seguida e ofega. Ela olha para os lados desesperada e puxo ela para um abraço.

- Está tudo bem. - digo. Ela me aperta. Sinto que sua energia não está tão pura mais e isso me perturba. Quero apenas tocar ela de outras formas.

WITCHES - Puro SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora