Capítulo 33

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A sala daqui é idêntica a da casa dos meus avós. Ouço a camisa de Jásper rasgar e todo seu dorso fica exposto. Os músculos de suas costas e braços estão contraídos.

- Cristtal.-  tio Octávio chama. Estamos apenas eu, ele e Jásper aqui.

- Sim senhor? - ele pega o chicote.

- Conte. - assinto e sorrio.

- Com prazer. - digo com ódio. Jásper olha com dificuldade para trás e parece irado. Sorrio para ele. A verdade é que estou amando saber que ele será castigado. Não me conformo com o fato dele sequer mover um dedo para me ajudar aquele dia.

- Inductio. - ele lança. Engulo seco. Sei que sentirei a dor de Jásper. "Posso suportar." Me sento no chão e olho para tio Octávio. - Hoje vai receber vinte chicoteadas... Quer dizer algo para aliviar o castigo filho? - Jásper nega.

- O prazer será todo meu em ver o rosto de satisfação de Cristtal... - ele diz as palavras me encarando e sorri. Ofego. "Crápula!" Tento não parecer assustada com sua forma estranha. - Comece. - tio Octávio levanta o chicote e lança em suas costas. Ele grita e tento não emitir som ao receber a dor.

- Um! - digo. Ofego e lágrimas tomam meus olhos. A dor é realmente real a cada vez que o material do chicote toca a pele de Jásper. Continuo contando a cada chicotada.

Quando estou perto do dez as costas de Jásper estão repletas de vergões vermelhos. Digo os números com a voz trêmula. Já estou banhada em lágrimas e a dor a cada chicotada fazem me sentir um pouco fraca. Continuo a contagem e quando estou no dezessete já posso ver o sangue descendo em suas costas. Ele sem dúvidas é resistente aos ferimentos de uma forma muito mais eficaz do que eu. Assim que a contagem chega ao dezenove tio Octávio para por um instante e me olha preocupado.

- Está se sentindo bem querida? - assinto. "Nem morta que darei a Jásper o prazer de me ver sofrendo." Ele ofega e parece mal se conter de pé.

Tio Octávio dá a última chicotada e rosno com a dor. O grito de Jásper é alto e ele chora coma intensidade de dor. Quase vomito com a dor.

- Vinte... - digo com a voz falha. Tio Octávio solta o chicote e desamarra Jásper. Me mantenho sentada, pois meu corpo está cansado. Não sinto a dor, mas ainda tenho a sensação que ela esteve aqui. Jásper por outro lado deve estar sofrendo como nunca. Tio Octávio deixa ele no chão e caminha para perto de mim.

- Vou sair, você vem? - nego e sorrio.

- Já vou... - digo. Ele assente e sai. Me levanto com dificuldade e caminho para perto de Jásper. Ele está encostado de lado na cruz. Paro de frente para ele. Ele ofega e levanta a cabeça lentamente. Sorrio em meio ao rosto molhado com lágrimas. - Uma pena que seus ferimentos não durem como os meus. - digo. Ele sorri fracamente.

- Como se sente Cristtal? Se sente viva agora? Foi bom para você me ver sangrando? - me abaixo na sua frente e olho para os lábios agora pálidos. Toco seu lábio inferior e sorrio.

- Me sinto vingada. - digo e ele sorri e morde meu dedo levemente. Me afasto e ele me encara com os olhos em brasa.

- Eu poderia te fazer cair em meus braços apenas estalando os dedos, mas não quero... E você não me assusta. - ele diz e meu coração palpita.

- Nem você me assusta. - ele sorri e geme de dor ao se levantar. Levanto e me sinto viva por não sentir a dor mais. Ele se aproxima e para a centímetros do meu rosto. Não recuo.

- Tem certeza? - ele pergunta dissimuladamente. Nego.

- Certeza absoluta. - cuspo as palavras e me afasto em direção a porta. Ouço ele gritar de raiva e fecho a porta da sala de castigos. Me encosto na parede e fecho os olhos por um momento. Acalmo o meu coração e abro os olhos. Lágrimas tomam meus olhos e caminho pelo corredor em direção ao meu quarto. Abro a porta e entro. Soluço. Seco as lágrimas.

WITCHES - Puro SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora