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Coréia

Minha mente tá pertubadona, fora do normal, que isso... Tô confuso pra caralho, sei nem o que fazer, papo reto mesmo!

Toda hora, toda hora fico pensando nas idéias do Eli e quando não é nisso, é lembrando do dia que eu a vi. Cara, não faltou vontade de chegar junto e saber da qual é do garoto. Mas eu me segurei!

Essas coisas tudo são novas pra mim, cara. Sei nem como reagir e nem distinguir nada. Sempre fui eu, eu e pronto. Agora venha essa pra mim!

Isso tava mexendo tanto comigo, abalando meu psicológico na real que eu até pulei fora da comunidade por uns tempos.

Precisava pensar, explanar minha mente que já tava mais que apertada. Tô passando um tempo no morrão dos amigos, só lazer, mas também trabalho!

Nós não perde tempo não, é difícil tu ter uma folga de verdade. Toda hora é uma novidade pô. Atividade 24 por 48.

Dedé: O menor vai guiar vocês até lá, fechou? - eu assenti.

Sai saindo pra casa do mano afim de desembolar umas paradas com ele. Já tava pra partir, nem era o turno dele, mas podia perder tempo não. Tive que ir atrás!

O bagulho era pra hoje, tinha que ser no teti a teti. Fui até a base dele mesmo, sem k.o!

Marquei do meu carro mesmo enquanto meus seguranças bateram na porta dele. Quando ele abriu, bateu maior olhão e eu daqui só filmando.

Bonde brabo bate na sua porta, fala tú? Qualquer um treme pô, neguin segura logo a neura, pensa logo que falhou e vai ser cobrado.

(....)

Coréia: Teu salário já te permite uma casa melhor, viu? - gastei o encarando.

Pesadelo: Que nada, troco aqui por lugar nenhum. Vivi muitas coisas boas nessa casa! - sorriu de canto.

É, mano Pesadelo é das antigas... Fechamento nosso desde quando ele fazia os corres em pista. Hoje em dia tá mudadão, quase nem reconheço!

Coréia: Boto fé...

Comecei a desenrolar com ele os motivos que me trouxeram aqui e as coisas estavam fluindo até que fomos interrompidos por um choro! Tendi foi nada.

Cara levantou que nem doido, me deixou falando sozinha e foi em direção a uma porta. Me emputeci logo!

Demorou um t ele voltou com uma criança em seus braços. Uma menina, era parecida pra caralho com ele.

A mesma tava agarrada nele de verdade, achei até estranho. Pesadelo nunca foi desses, sempre foi fechadão também que nem eu. Brabo!

Coréia: De quem é essa porra? - o encarei.

Pesadelo: É minha filha, cara! Porra teu cú, filha da puta. - se escaldou.

Coréia: Relaxa... Nem sabia que tu tinha filho. - ele se sentou na cadeira com ela em seu colo.

Voltamos a desenrolar o nosso papo e eu já fiquei escaldado. A guria ficou me encarando o tempo todo.

Já tava ficando incomodado com isso, mão. Gosto que ninguém fique me olhando não, eu hein... Muito menos criança!

Coréia: Dá pra tu mandar ela parar de me olhar? - meti serinho pra ele.

Pesadelo: Ela quem?

Coréia: Tua garota... Tua filha aí... Na moral, tá me incomodando isso. - ele deu risada.

Pesadelo: Ela tá te olhando por quê não te conhece, é curiosa. Liga não, puxou isso da mãe pô! - neguei com a cabeça.

Coréia: Então entrega ela pra mãe dela, alguém, sei lá.- Ele negou. - Então vou me adiantar, depois nós desenrola. - levantei.

Pesadelo: Não tenho com quem deixar ela não caralho, crio ela sozinho pô. Mãe dela eu matei... - disse serio. - Infelizmente eu fiz a maior besteria da minha vida e matei a mulher da minha vida!

Coreia: Papo reto? - ele assentiu.

É, nem sabia disso. Mas se ele matou é porquê provavelmente ela mereceu. Ninguém morre atoa!

Pesadelo: Mas eu caí em uma laranjada, não foi por quê eu quis não. - me respondeu parecendo ler minha mente.

Coréia: Hum...

Pesadelo: Matei porquê levei fé em idéias erradas, fui pelos outros e me fudi. Dei de rajada nela sem nem saber que ela tava grávida. Nunca quis filho, mas desde o momento que eu soube que a minha filha tinha sobrevivo e eu a vi pela primeira vez eu mudei a minha visão. Hoje em dia minha filha é tudo pra mim pô, dou minha vida por ela! Uma bênção em minha vida. Dou o meu melhor pra dar pra ela tudo que eu não tive!

Me contou tudo, sem eu nem perguntar. Fiquei ouvindo tudo calado, bagulho parecia até perseguição... Agora tudo se resume a cria! Não fode.

Essas idéias dele me deixaram mais balançando ainda, papo reto. Bateu certo mermo.

Pesadelo: Passa o olho nela aí, marca um dois. - se levantou e sentou a mesma no sofá.

Ele saiu e ela ficou sentada na cadeira me encarando e eu encarei ela também bem serinho. Foi só o passar uns segundos que ela desceu e veio pra perto de mim.

Maria J: Age, age... - meteu pra mim uma linguagem estanha e eu só entendi que era tatuagem porquê ela ficou apontando pro meu braço. - Age... Braço. - veio pra pegar em meu braço, mas eu tirei de seu alcance.

Coréia: É pô. - fiz legal com a mão na tentativa dela se afastar de mim. - Vai sentar lá! - apontei.

Quem disse? A porra pesou na minha de verdade, ficou apertando minha mente pra eu deixar ela pegar, pô.

Coréia: Tu é chatinha hein? Olha esse caralho aí pô. - mostrei meu braço pra mesma que ficou viajando.

Assim que o Pesadelo voltou já me levantei logo pra meter o pé. Fiz toque com ele e já ia me saindo quando ouvi ela falar...

Maria J: Titi... Titio... Titio.

Pesadelo: Tá te chamando cara, gostou de tu. - eu encarei eles. - Que dia vai ter o teu mesmo? - neguei.

Coréia: Quero não... mas acho que já tenho. - disse a ultima parte baixo, sem k.o. Meti o pé pro meu favelão!

REDENTOR  (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora