Capítulo 18

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Arizona

Acordo com uma leve dor nas costelas e quando tento encontrar uma posição mais confortável sinto algo impedir meus movimentos. Ainda de olhos fechados levo a mão até o local dolorido e logo encontro o que está causando aquela dor. Sorrio ao tocar a pele macia daquele braço em volta da minha cintura. Lentamente, fui saindo daquele abraço e virei para olhá-la. Sua respiração calma indicava que ela ainda estava num sono profundo, foi impossível não sorrir diante daquela imagem. Procurei o meu celular e descobri que havia acordado cedo demais, o despertador só tocaria dali a meia hora. Eu sabia que não conseguiria dormir mais, então decidi levantar e deixar Callie descansar um pouco mais. Ela precisava disso.

Eu já havia tomado banho, acordado Sofia, ajudado-a a se aprontar e terminava de preparar o café da manhã quando Callie apareceu na cozinha também já pronta para sair.

- Caiu da cama? - ela veio até mim com um sorriso manhoso e me deu um beijo rápido nos lábios.

- Não. Mas acordei animada! - respondi também sorrindo.

- Hmmm... Posso saber o motivo de tanta animação? - pergunta fingindo inocência.

- Nada demais! - Finjo descaso. - Apenas tive uma noite muito, muito boa... - digo baixinho em seu ouvido antes de encaixar minha boa na sua em um beijo doce e calmo.

Quando nos afastamos ela me dá mais um selinho e vai sentar á mesa junto com Sofia que já tomava o seu café da manhã. Callie dá um beijo no alto da cabeça da filha e conversa com ela enquanto se serve de café. Termino de preparar as torradas e me junto a elas. Callie volta sua atenção para mim.

- Porque está tão arrumada? Aonde pensa que vai? - ela pergunta antes de sorver um gole do seu café fumegante.

- Vou ao hospital! - falo revirando os olhos, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- Porque? Sua consulta não é só daqui a alguns dias?

- É sim. Mas não aguento mais ficar trancada em casa. - me sirvo de ovos mexidos. - Além do mais, preciso matar Amélia por ela ter mentido para mim. - digo, num tom casual antes de morder a minha torrada.

- Arizona, você sabe que ela não podia. Afinal, eu sou paciente dela. - ela fala já ficando nervosa.

- Calma! Eu estou brincando! - rio quando ela solta um suspiro de alívio. - Nossa... você está mesmo muito tensa. Sei que a situação é difícil, mas já falei pra você que vamos vencer. - pego sua mão. - Eu acredito nisso!

Vejo a emoção aflorar em seus olhos. Só então percebo que suas emoções estão como uma montanha russa e o quanto ela está fragilizada e que toda aquela pose de durona era apenas fachada. Uma pontada de dor, por vê-la daquela forma, transpassou o meu peito, mas eu não podia demonstrar. Precisava ser forte por ela. - Prometo que vou matar a Amélia só depois da cirurgia. Por enquanto ela está a salvo. - solto sua mão e volto a comer, tentando distraí-la.

Sua risada me traz alívio.

* * *

Quando Callie para o carro no estacionamento do hospital, logo abro a porta e salto para fora. Callie faz o mesmo e vem até mim, pega a minha mão e entrelaça nossos dedos ao mesmo tempo em que sela nossos lábios e, logo em seguida me puxa para entrarmos no hospital.

Aquilo me faz sorrir.

- Então... Vai voltar ao trabalho antes da data prevista... - não foi uma pergunta. - sua médica sabe disso?

- Vou procurar a Dra. Bailey e a Dra. Pierce. Mas corpo se trata das minhas costelas, creio que preciso de liberação de um Orto para voltar a sala de cirurgia. Estava contando com você para isso... - digo, lançando-lhe um olhar travesso.

Ela me analisa por um minuto antes de responder.

- Okay! Vou marcar um reunião com elas para esta manhã. - ela aperta o botão para chamar o elevador.

- Aproveite e marque também com a Dra. Shepherd. - falo entrando no elevador e ela entra logo atrás me encarando. - Eu quero saber de cada detalhe. Quero que vocês me expliquem tudo. - Explico e ela suspira.

- Certo! - Ela responde, pensativa e um silêncio confortável cai sobre nós.

O elevador para no andar da pediatria.

- Estarei aqui visitando os meus pacientes e esperando você me chamar, okay? - ela acena positivamente, selo nossos lábios e saio.

Quase no final da manhã, eu já havia me atualizado sobre todos os pacientes quando recebo uma mensagem de Callie. Chego na sala de exames e me deparo com ela acompanhada por Maggie, Bailey e Amélia. Elas conversam animadamente entre si.

- Olá! - dou três batidinhas na porta e elas se voltam para mim. Miranda é a primeira e vir até mim, me abraçando e dizendo o quanto eu fazia falta. Maggie faz o mesmo, porém um pouco mais contida, ela ainda não havia voltado ao normal comigo desde a coisa com Elisa. Amélia parecia constrangida ao falar comigo.

- Oi. - ela se aproxima timidamente. - Como você está? - seu desconforto é palpável. Lanço um olhar confuso para Callie me perguntando se ela já havia dito a Amélia que eu havia descoberto sobre a doença. Callie faz um sinal positivo como se lesse meus pensamentos. Olho novamente para Amélia e sorrio.

- Vem cá! Me dá um abraço. - Estendo os braços em sua direção e aceita prontamente. - Não se preocupe está tudo bem. Vamos conversar depois. - sussurro em seu ouvido. Sinto sua cabeça fazer um sinal positivo por sobre o meu ombro e solto-a do abraço.

- Bom... Vamos examiná-la. Já que a mocinha já quer voltar ao trabalho. Deite aqui. - Bailey aponta para a cama no centro do quarto. Levanto a blusa e ela examina me examina. Maggie faz o mesmo, baixando a minha blusa ao terminar.

- Bom, Arizona. Pelo que eu vi você está muito bem. Como sua cardiologista, meu parecer é de que você está apta para voltar ao trabalho. - ela conclui colocando seu estetoscópio em volta do pescoço.

- No que diz respeito a cirurgia geral, a cicatrização está indo muito bem. Não há mais qualquer risco de infecções. Então, eu também libero você para voltar a operar. - Miranda, diz com um toque no meu ombro. - Agora você só precisa de um parecer da Orto.

- Ah, isso é comigo! - Callie se manifesta. - vou pedir um raio-x para ver como está a cicatrização das suas costelas. Estando tudo bem, eu também libero você. - lanço para ela um olhar ameaçador e ela apenas sorri encolhendo os ombros. O celular de alguém começa a tocar.

- Oh... 911. Tenho que correr... Seja bem vinda de volta, Arizona. - Maggie fala, apressada, e sai correndo. Bailey também se despede e sai da sala quando percebe que temos assuntos a resolver. 

Aproveito a deixa e levanto da cama indo fechar a porta da sala.

- Bom... Agora somos nós. - assumo uma expressão séria. - Antes de mais nada, quero dizer que estou muito brava com vocês duas - dirijo-me especificamente a Amélia - por mentirem para mim. - ela assume uma expressão tensa no rosto e baixa o olhar.

- Arizona... - Callie tenta interferir, mas não permito.

- Não, Callie. Me deixe terminar. - ela recua um passo e volto a falar com Amélia. - Eu sempre confiei em você. Você é minha amiga e sabe que eu odeio quando mentem para mim. Portanto, acredite quando digo que estou muito brava com você. - Quando ouve essas palavras ela lança um olhar de "eu te avisei" para Callie que faz uma cara de culpada. Ignoro isso e continuo. - Tendo dito isso... Tenho uma pergunta... - ela levanta o olhar para me encarar esperando que a pergunta fosse feita. Me aproximo para olhar bem dentro dos seus olhos. - Acredita mesmo que possa ressecar todo o tumor?

Ela não responde imediatamente e também não desvia os olhos dos meus, no entanto, percebo sua expressão mudar quando ela entende a profundidade daquela pergunta. Amélia sabia que eu nunca havia deixado de amar Callie. E só ela entendeu a súplica por trás das minhas palavras. Com um sorriso reconfortante no rosto ela responde.

- Sim, Arizona. Vai ser um grande desafio, mas eu acredito que posso retirar todo o tumor.

Sinto a sinceridade em suas palavras e, com um suspiro, deixo a sensação de alívio me dominar.

- Ótimo! - sorrio e estendo a mão para Callie que imediatamente se aproxima e a aceita. - Eu gostaria que vocês duas me colocassem a par de tudo.

Eu Fui Feita Para VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora