Eu Fui Feita Para Você

Capítulo 15

Arizona

Não era a primeira vez que eu presenciava Callie quase desmaiar. Ela sempre tentava amenizar a situação com desculpas de que havia levantado rápido demais ou que havia passado o dia sem comer ou que havia passado muito tempo em pé na sala de cirurgia e estava cansada. Mas eu estava ficando cada vez mais preocupada com ela. Precisava dar um jeito de convencê-la a fazer alguns exames.

Pego o meu telefone, disco o número de Amélia e espero ela atender.

- Arizona, minha querida! Como você está? - ela atende animada.

- Olá, Amélia. Estou bem melhor! Pronta para voltar para o trabalho. - dou risada por saber qua ainda faltam alguns dias para eu poder voltar.

- Não senhora. Trate de cumprir as orientações médicas direitinho, viu?! - ela me repreende.

- Ah! Como se a Callie me deixasse fazer algo diferente disso. - digo revirando os olhos e ela ri do outro lado da linha. - Mas, eu liguei para te pedir um favor... - vou direto ao ponto.

- Pode falar...

- Amélia, estou preocupada com a Callie. Ela anda tendo vertigens. Já presenciei ela quase desmaiar várias vezes. Ela sempre tenta disfarçar, diz que não é nada. Mas estou preocupada. Poderia falar com ela e convencê-la a fazer alguns exames? Ela fica tentando se fazer de durona perto de mim, mas temo que se dividir entre cirurgias e cuidar de mim e da Sofia esteja sendo demais para ela. Não quero que ela acabe ficando doente por minha causa. - exponho a minha angústia para Amélia e ela fica em silêncio. - Amélia? Você está aí?

- Sim, Arizona. Ainda estou aqui. - sua voz parece vacilar. - Pode deixar que eu vou falar com ela. Temos uma cirurgia juntas hoje, vou aproveitar o momento. - suspiro aliviada por ela aceitar me ajudar.

- Muito obrigada, Amélia. Isso vai ser de grande ajuda. Vou deixar você trabalhar agora. - Me despeço de Amélia um pouco mais tranquila e torcendo para que ela consiga convencer Callie.

Depois de um tempo sentada na frente da tv, começo a ficar entediada. Minhas costelas já não doíam tanto quando eu andava e já estava usando a prótese nova, então eu tinha bastante liberdade para andar pela casa. Além disso, tantos dias em casa sem fazer nada estava começando a me deixar estressada.

Sendo assim, decido organizar o que estivesse ao meu alcance. Estava tudo uma grande bagunça. Comigo machucada e Callie se dividindo entre o hospital e atender às minhas necessidades e as de Sofia, fazia dias que a minha casa não recebia um pouco de atenção.

Começo pelo meu quarto, arrumo o closet, troco a roupa de cama, etc... Depois vou para a sala de estar e cozinha. Quando está faltando apenas o quarto de Sofia, resolvo fazer uma pausa.

Por mais que eu não estivesse limpando de verdade, apenas colocando cada coisa em seu lugar, ainda estava sendo um esforço bem maior do que eu estava acostumada depois do acidente. Minhas costelas começavam a doer um pouco.

Decido fazer um lanche e, enquanto como, pego o meu celular para olhar a hora. Ainda falta muito tempo para Callie chegar com Sofia. Termino o meu lanche, lavo a louça que sujei e vou para o quarto de Sofia.

Chegando á porta do quarto, paro e solto um suspiro. Está mais bagunçado que todos os cômodos da casa juntos. As coisas de Callie estavam espalhada por toda parte. Respiro fundo e começo a trabalhar.

Quando já estou quase terminando, alguns papéis espalhados pelo pequeno sofá no canto do quarto me chamam a atenção.

Abro um espaço para sentar e começo a analisar aqueles papéis. Eu sei que não deveria bisbilhotar nas coisas de Callie, mas identifiquei alguns daqueles papéis como sendo resultados de exames do Grey Sloan Memorial Hospital e em todos eles o nome da paciente era... Calliope Iphegenia Torres! E, todos estavam assinados por Amélia Shepherd - Neurocirurgiã, como médica responsável pelo caso.