Callie
Na noite passada, foi quase impossível conter a emoção quando senti o bebê mexer na barriga de Arizona. Sonhei durante meses com aquele momento e, finalmente ele havia se tornado realidade. Lágrimas escorreram pelo meu rosto, não apenas por estar sentindo pela primeira vez aquele pequeno ser, que eu já amava tanto, se mexer, mas por que senti uma vontade imensa de abraçar e beijar Arizona em comemoração e doeu muito ter que me conter. Eu sentia que, aos poucos, aquele clima tenso e pesado entre nós ia se dissipando, mas sabia que nunca mais a teria em meus braços. Era uma tortura tê-la tão perto e não poder tocar. Porém, eu mesma tinha causado isso, portanto, não podia reclamar das consequências.
Estávamos saindo do consultório da obstetra, eu enxugava as lágrimas persistentes no meu rosto. Estava emocionada por ter escutado pela primeira vez o coração do nosso bebê. Arizona ainda não quis saber o sexo. Respeitei sua decisão mesmo que, por dentro estava morrendo de vontade de saber se seria menino ou menina.
- Quer que eu leve você em casa? - pergunto a Arizona ainda tentando enxugar o rosto.
- De jeito nenhum! Tenho algumas pacientes para visitar e uma cirurgia no final do dia. - ela caminha despreocupadamente na direção da sala dos atendentes, sem esperar por mim.
- Arizona, combinamos que você pensaria na possibilidade de passar o resto da gravidez em casa.
- Sim. Combinamos. E eu estou pensando seriamente no assunto. Mas, por enquanto, vou continuar trabalhando. - seu tom é de impaciência. Reconheço essas mudanças de humor, era consequência dos hormônios da gravidez. Sofri muito com isso quando estava grávida de Sofia. A questão era que acrescentava-se a isso a mágoa que Arizona nutria por mim. Essa era mais difícil de combater. Portanto, a melhor opção era sempre evitar de forçar a barra.
- Tudo bem! - suspirei, resignada. - Mas, se precisar de alguma coisa, por favor, me chame, sim? - Me esforcei o máximo para não demonstrar uma preocupação exagerada.
- Pode deixar, Callie. Eu sei onde encontrar você caso algo aconteça. - Sua expressão é de pura irritação, o que também já começava a me incomodar, afinal eu só estava preocupada com o bem estar dela e do bebê. É mais do que normal uma mãe se preocupar com o seu filho e Arizona estava começando e se tornar injusta em suas atitudes comigo.
* * *
Mais algumas semanas se passaram e Arizona continuava me tratando com certa hostilidade. O clima em casa, que já tinha melhorado bastante, voltou a ficar pesado. Tudo estava indo bem até a noite em que pedi para tocar a sua barriga. Ela havia sido gentil, por um momento até pensei que as coisas melhorariam dali em diante. Mas, no dia seguinte, Arizona havia mudado o seu comportamento. Eu não entendia o porque disso se não havia acontecido nada que justificasse esse comportamento de Arizona. Ela ainda permitia que eu sentisse o bebê, que eu participasse ativamente de cada momento da gravidez. Mas, mantinha-se distante, fria, chegava a ser rude, às vezes. Mas somente com relação a mim. Com todos os outros ela era gentil, educada, chegava a ser doce. Eu sentia falta do seu sorriso mágico que nunca aparecia quando eu estava presente. Eu me sentia uma intrusa dentro da minha própria casa.
* * *
Arizona
- Você não acha que está pegando muito pesado com Callie? - April perguntou sem rodeios. Eu não gostava de comemorar o meu aniversário, mas não aguentava mais o clima tenso que havia se instalado entre mim e Callie. Então, decidi dar um jantar e reunir os amigos em casa. Nós duas estávamos na cozinha enquanto Callie conversava com o Dr. Webber, Bailey, Amélia e Owen na sala. O restante dos nossos amigos ainda não haviam chegado.
- Porque você está me perguntando isso agora? - tento fugir da pergunta de April.
- Arizona, todos nós sabemos o quanto você sofreu com toda aquela situação, mas você não acha que Callie também já sofreu demais? A maneira como você a trata é cruel. - eu gostava da sinceridade de April. Mas naquele momento não estava muito feliz com o que estava ouvindo. Principalmente, porque eu sabia que ela tinha toda razão. Callie já havia pagado um preço suficientemente alto. Mas, persistia em mim a sensação de que ela, em algum momento, tivesse realmente pensado tudo aquilo a meu respeito. E isso era extremamente doloroso e não me permitia deixar Callie saber que eu já a havia perdoado e que a queria de volta com todas as minhas forças. April não entenderia, então decidi cortar o assunto.
- Não se preocupe, April. Pode deixar que com Callie eu me entendo. - tento manter o tom frio. Mas, a verdade era que tudo aquilo me feria profundamente. Eu não conseguia abrir mão do meu orgulho.
- Tudo bem. Eu não quis me meter. Só falei porque sou sua amiga e acredito que amigos de verdade servem para abrir os nossos olhos quando nos vêem cometendo erros... - April ergueu as duas mãos como sinal de rendição e continuou cozinhando.
Eu, que estava cortando alguns legumes, parei um momento e fiquei observando Callie interagindo com nossos amigos. Ela era muito querida por todos e o motivo disso era que Callie era mesmo uma mulher maravilhosa, sempre gentil e atenciosa com todos, um coração gigante.
Sou arrancada dos meus devaneios quando ouço o choro de Vitória. Largo imediatamente a faca e começo a caminhar em direção às escadas mas, sou interrompida.
- Não se preocupe, Arizona. Pode deixar que eu vou vê-la. - Callie passa diante de mim w sobe as escadas correndo. Volto para a cozinha e estou lavando as mãos quando ouço a campainha tocar.
- Pode ir atender, Arizona. Eu cuido de tudo aqui. - Ouço April dizer.
- Obrigada, April. Eu volto para continuar te ajudando... - digo rapidamente e vou recepcionar Alex, Jô e Maggie que se juntam aos que já estão presentes. Todos se cumprimentam e, em um instante, Maggie se instala na cozinha com April. Ela adora essas coisas.
Estou conversando animadamente com todos quando, de repente, paro para observar Callie descer as escadas com Vitória no colo e Sofia ao seu lado. Já vi essa cena milhares de vezes, mas naquele momento isso parece trazer um sensação diferente. Talvez, saudade... Acho que é por isso que sou sempre tão hostil com Callie, por que no momento em que eu deixar de tratá-la dessa maneira, vou ceder aos meus impulsos de tê-la outra vez. E isso dará a ela novamente o poder de me magoar como aconteceu antes.
Amélia vai ao encontro dela e pega Vitória no colo, enquanto Sofia senta ao lado do tio Alex, como ela o chama. Callie interage normalmente com todos, mas percebo sua tensão ao ver que o único lugar vago para sentar é ao meu lado. Vejo que ela não está confortável ali e, depois de algum tempo decido ir para a cozinha com a desculpa de que iria ajudar April e Maggie. Jô, que, visivelmente, não se sente confortável por estar ali com todos os seus chefes do hospital, aproveita a deixa e decide me acompanhar.
Mas, no meio do caminho sinto uma dor aguda me contar ao meio. Agarro o braço da Wilson, procurando desesperadamente por apoio para não cair, e solto um grito que chama a atenção de todos. Callie se levanta imediatamente e chega até mim numa velocidade invejável.
- Arizona... - ela passa o seu braço pela minha cintura para me dar apoio.
Sinto algo escorrer pelas minhas pernas e, ao olhar para baixo, percebo que é sangue. Olho, com desespero para Callie.
- Estou sangrando, Callie... Estou perdendo o nosso bebê... - vejo a dor atravessar os seus olhos ao ouvir as minhas palavras.
- Vamos levá-la ao hospital agora. - ouço Karev dizer antes de tudo ao me redor se tornar escuridão e silêncio.
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Eu Fui Feita Para Você
Fiksi PenggemarAo se ver diante de uma situação extrema, Callie Torres resolve voltar para Seattle para ficar mais perto daqueles que ama e para tentar reconquistar o seu grande amor, Arizona Robbins. # FANFIC CALZONA [Os fatos nesta fanfic ocorrem a partir dos ev...