Eu Fui Feita Para Você

Capítulo 36

Callie

Depois que se constatou que não havia mais risco adicionais para a gravidez, a Dra. Fitz permitiu que eu levasse Arizona para casa, porém, não deixou de recomendar várias vezes, diga-se de passagem, que ela fizesse repouso absoluto e que evitássemos, o máximo possível, emoções fortes. Arizona, para fazer graça, fingiu bater continência e ofereceu o seu mais fofo sorriso rodeado de covinhas, o que fez com que a obstetra não resistisse e sorrisse também e sacudindo a cabeça negativamente diante da sua postura quase infantil.

Quando ela já havia assinado os papéis da alta e estava pronta, aproximei a cadeira de rodas da cama em que ela esteve nos últimos dias e a ajudei a sentar-se. Empurrei-a, na cadeira de rodas, pelos corredores do hospital e demoramos cerca de 40 minutos para chegar até o estacionamento, afinal todos queriam se despedir de Arizona e desejar-nos sorte com a conclusão da gravidez. No caminho para casa, passamos pela casa de Meredith para buscar Sofia e Vitória. Era fim de tarde e, provavelmente a babá de Meredith já havia ido buscar as crianças na escola. Por sorte, Sofia e Zola estudavam na mesma escola.

Durante todo o percurso, do hospital para a casa de Meredith e, em seguida para nossa casa, Arizona não parava de me olhar ou de me tocar. Não importava qual fosse o assunto que estivéssemos tratando, ela sempre levava a sua mão até a minha perna e apertava levemente, ou fazia um carinho no meu rosto com as costas do dedos, ou ainda, colocava as mexas rebeldes do meu cabelo atrás da minha orelha. Eu estava gostando daquilo, mas também estava intrigada. Não havíamos conversado sobre o que acontecera conosco. Depois do momento que havíamos trocado dias antes, nada mais havia acontecido, além de beijos rápidos nos lábios como é de costume no dia-a-dia de todo casal, ou leves carícias nas mãos uma da outra. Portanto, arriscava dizer que, aquele comportamento de Arizona era, no mínimo, estranho. Porém, não ousei comentar ou fazer perguntas, apenas vivi aquele momento.

Já em casa, fiz um jantar leve, de acordo com as inúmeras recomendações da Dra. Fitz. O jantar correu de forma tranquila, conversamos amenidades e ouvimos as várias histórias de Sofia sobre a sua estadia na casa de Zola. Em seguida, enquanto Arizona, bem acomodada no sofá da sala, ajuda Sofia com a lição e da a mamadeira de Vitória que cochila preguiçosamente em seu colo, eu tiro a mesa e lavo a louça do jantar. Quando me aproximo das duas, vejo que estão escolhendo nomes para o bebê.

- Então, você já contou a ela? - digo, entregando uma xícara de chá para Arizona.

- Sim. Veja só a felicidade dela! - ela sorri e aponta para a nossa baixinha que não se aguenta de tanta felicidade.

- Eu vou ter um irmãozinho, mamãe! - Sofia demonstra toda a sua empolgação correndo até mim correndo ate mim com um papel na mão. - Olhe, já escolhi o nome dele. - E coloca o papel quase colado ao meu rosto. Preciso me afastar um pouco e pegar o papel de suas mãos para conseguir ler o que está escrito ali.

- Luke Robbins Sloan Torres. - leio em voz alta e sinto um aperto no peito ao ler o sobrenome de Mark. Contenho a emoção e coloco Sofia sentada no meu colo. - Não, querida, olhe. Sloan é o seu sobrenome porque você é filha do papai Mark. Mas o nosso bebê...

- Luke! - ela me interrompe.

- Ok! O nosso pequeno Luke ali, - aponto para a barriga de Arizona - não é filho papai Mark como você. É só da mamãe Arizona e da mamãe Callie, por isso, não tem Sloan no nome dele, entendeu? - Sofia faz um carinha de confusa e coça a cabeça.

- Mas foi a mamãe Arizona que disse... - olho imediatamente para Arizona que, até então, nos observava em silêncio.

- Ela disse? - pergunto a Sofia sem desviar o olhar daqueles olhos profundamente azuis. Ela sorria de lado, sem mostrar os dentes. Porque cargas d'água Arizona havia dito a Sofia que o bebê - Luke, de acordo com ela - teria o sobrenome de Mark?