-Até que enfim vamos poder conversar. -Peter diz enquanto levávamos nosso almoço para uma mesa no jardim.
-Então, tem notícias do seu irmão? -Ele pergunta assim que nos sentamos á mesa.
-Ele me mandou mensagem, não muito esclarecedora mas já é alguma coisa. Escuta... Você estava envolvido naquela aposta?
Ele me encara por dois segundos.
-Ah. -Suspiro cansada. -É claro que não. Desculpa por pensar isso, eu sei que você não seria infantil a esse ponto.
Sorrio colocando minha mão sobre a dele.
-Eu senti sua falta. -Responde colocando uma batata frita na minha boca.
-Eu também. Nossa, quase esqueci de te contar, Naomi e eu vamos dividir quarto.
-Sério? Algum problema com as meninas? -Ele pergunta preocupado.
Conto a ele sobre a briga com minha suposta ex amiga, sobre o lançe dela com Jay e todo o restante, Peter apenas escuta em silêncio.
-Olha só, amor... -Ele afasta a bandeja com seu almoço e segura minhas mãos com as suas. -Eu sei que você se preocupa com ela, é normal. Mas a Kat não é uma criança, você pode aconselhar, mas não pode impedi-la de tomar algumas decisões, assim como ela não poderia fazer isso com você. Algumas coisas nós temos que aprender sozinhos.
Sorrio triste.
-De qualquer forma, vou falar com o Jay, ta bem?
-Faria mesmo isso? Quer dizer... Desde o cinema vocês não se falam e tal.
-Evie -Começa olhando no fundo dos meus olhos. -Eu faria o que quer que fosse por você. Okay?
-Eu amo você, Peter Mendes. Agora vem, vamos pra outro lugar antes que eu te agarre aqui mesmo.
Rimos, saindo dali logo após.
POV KAT
Era a sétima vez que ligava pro Jay.
POR QUE RAIOS ELE NÃO ME ATENDE!?
-Katerina, sério isso? 7 ligações? Eu estava em aula. -Uma voz diz atrás de mim.
Jay.
-Você não me atendia! - Digo irritada assim que ele senta a minha frente na mesa da cantina.
-Porque eu estava em aula. Sinto muito se as 24 horas do meu dia não estão disponíveis unicamente a você.
-Ta, desculpa. É que eu queria falar com você.
-Eu percebi. -Diz irônico. -Algo importante?
-Nem era, eu só estava me sentindo sozinha.
-Entendi. Bom, agora você não está mais. -Jay fala sorrindo fazendo meu coração falhar uma batida.
POV MARJORIE
Assim que termino meu almoço vou para o meu quarto continuar com os estudos, estava quase chegando lá quando minha visão fica turva e o chão parece abrir-se sob mim.
-Ow, você tá bem?
Não reconheço a voz, e a imagem que é enviada aos meus olhos é somente um borrão. Mas sinto mãos segurarem meu corpo, me impedindo de colidir com o chão.
-Estressadinha?
Pisco várias vezes e minha visão clareia um pouco. Era o garoto que esbarrara em mim na biblioteca.
-Foi só uma tontura. -Digo com a voz falha.
-Céus, você tá bem? Tá me ouvindo? -Ele pergunta em choque.
-Idiota, eu estou tonta, não surda. -Respondo.
-É a segunda vez que me chama de idiota em menos de 24 horas.
-Deve ser porque você é um idiota.
Ele me solta e eu me apóio nos armários.-Caramba, por que fez isso? Eu poderia ter caído, sabia disso? -Pergunto irritada.
-Se acontecer de novo, pede pra sua arrogância te segurar. -Estreito os olhos pensando se a tontura voltaria se eu avançasse sobre o ser á minha frente e batesse nele. -Fui.
-Agora me deve dois pedidos de desculpa. -Falo observando-o caminhar pelo corredor.
-E você me deve um agradecimento.
Uma imensa vontade de vomitar me invade e eu corro pro banheiro mais próximo, despejando parcela do que comi na privada.
-Se continuar assim vai acabar tendo que me contratar como seu enfermeiro particular. -A voz que agora já conseguia identificar soa atrás de mim.
Isso não tá acontecendo.
-Eu prefiro... -Outra parte da comida vem como um jato. -Prefiro morrer.
Sinto mãos segurarem meus cabelos, enquanto meu estômago mandava de volta resíduos do meu almoço e café da manhã.
Céus, isso é tão nojento.
Assim que termino vou até a pia e lavo minha boca, usando um antisséptico bucal que havia ali. Logo em seguida, jogo água no rosto.
O garoto cujo nome eu já não lembrava pega uma toalha azul bebê e passa sobre meu rosto, secando-o.
-Esse banheiro é para uso feminino.
-Para deficientes, melhor dizendo. Ah, e sabe... Não vejo você em uma cadeira de rodas. Precisa de ajuda pra chegar ao seu quarto?
-Não, eu já estou melhor. Como você disse, minha arrogância pode me ajudar a chegar lá. Passar bem, energúmeno.
-Aposto 50 paus que você nem sabe o que isso significa.
-Vá se ferrar, seu grande idiota.
-Agora são dois agradecimentos, pro caso de ainda estar contando.
O amaldiçoo com o olhar e saio dali deixando-o com um sorriso nos lábios, enquanto tentava - com dificuldade - evitar o meu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lost in rotation
FanfictionAdolescência: Fase de descobrimento. Onde nasce novos desejos e curiosidades. A fase em que queremos sair com os amigos, chegar ao limite, em outras palavras, "libertar-se", e era exatamente assim que eu imaginava esse período da minha vida, até que...