Vingança

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POV EVIE

Terminei o ensaio e saí em direção ao quarto do Peter, se eu tivesse sorte, não toparia com nenhum monitor.

-MAS QUE MERDA ACONTECEU AQUI? -Escuto vozes vinda de um quarto naquele corredor, seguido de um murro na porta.

A essa altura metade do internato estava ali a fim de saber o que tinha acontecido.

POV CLARISSE

Ouço um barulho vindo do corredor dos garotos, quase sorrio, mas me mantenho quieta.

-Que foi isso? -Kat pergunta.

-Não faço ideia. -Me faço de desentendida.

-Vem, vamos ver. -Ela chama e nós vamos em direção ao barulho.

-MEU DEUS. -Kat diz chocada.

O quarto de Jay estava uma zona, graças a Evie e eu. Algumas horas atrás nós fizemos questão de deixar irreconhecível, rasgamos todo e qualquer papel que encontramos ali, jogamos as folhas pro alto, tiramos as roupas dos armários e deixamos no chão, resumindo: estava impossível andar por ali.

-Quem será que fez isso? -Evie pergunta tentando controlar as risadas.

-FORAM VOCÊS. -Kat acusa e nos apressamos em calar a boca dela.

Saímos andando de fininho.

-Esqueceram do que me prometeram?

-Jamais! -Respondo. -Prometemos que não faríamos nada com ele. Ninguém falou nada sobre quartos e objetos pessoais.

-Exatamente. -Evie me apoia. -Não acredito que vai ficar brava.

-Brava? -Kat fala séria. -Por serem as melhores amigas desse mundo?

Rimos.

-Vocês são incríveis. -Kat diz nos abraçando.

POV TYLER

Fui ao hospital na noite passada, minha mãe acabou convencendo a diretora, é claro que não falei muito sobre quem iria ver ali. Marjorie estava dormindo feito um anjo. Não tinha nem palavras pra imaginar como estava sendo duro pra ela perder o filho. Voltei rápido pro internato e passei a noite acordado.

-E aí, bora ensaiar? -Evie fala aparecendo próximo a porta do meu quarto.

-Senhorita, não pode aproximar-se do quarto dos meninos. -Diz o monitor parando ao lado da mesma.

-Ah meu Deus, eu não sabia. Mil perdões.

O monitor a repreende com o olhar.

-Cinco...

-Calma, ela já tá indo.

-Quatro, três...

Eu rio por ele estar realmente fazendo aquilo.

-Pera, antes do três não é o sete? -Evie faz graça.

-Dois...

-Vem, Evie. -Pego o roteiro e saímos rindo.

-Adolescentes. -Escuto o monitor praguejar ao longe.

-Você é hilária. -Digo passando o braço pelo ombro da mesma.

-Que nada. Não te vi ontem depois do ensaio, nem na noite passada, ta tudo bem contigo?

-Claro. Sô tô deitando mais cedo. -Falo pensando em algo pra mudar de assunto. -Escuta, nós estamos indo muito bem com a peça, né? Você e a Júlia até parecem amigas de verdade.

Evie me encara e logo em seguida finge estar vomitando pelo que eu disse.

Rio e a abraço.

-Evie. -Peter chama e nos afastamos.

-Oi, amor. -Evie diz e o mesmo continua com a cara fechada. -Aconteceu alguma coisa?

-Hum, nada. Quer ir comer alguma coisa lá na cantina? -Peter convida.

-Tenho ensaio agora. Mas depois eu te procuro.

Finjo não ver Evie dando um beijo em Peter. Os dois se despedem e seguimos pro auditório, pra ensaiar com o restante do pessoal.

POV MARJORIE

Mais um dia nesse hospital.

Eu só queria estar em casa, deitada na minha cama, fingindo que tudo isso que ta acontecendo não é comigo. Quando dormia, sonhei que tinha alguém me observando, não conseguia ver quem era. E isso me deixou pensativa o dia todo.

-Boa tarde, Marjorie. -Minha médica entra no quarto. -Como se sente?

Reviro os olhos.

-Quando eu vou poder sair daqui? -Pergunto.

-Assim que concluímos que você expeliu todo o feto.

Feto. Por que não bebê?

-Mas vai demorar?

-Não, seus sangramentos significam que o processo tem funcionado. Talvez você saia no sábado. Mas... O que eu queria conversar com você é outra coisa.

-O quê? -Pergunto preocupada.

-Acompanhamento psicológico.

-Não, obrigada. Escuta, tô um pouco cansada, posso dormir um pouco?

É claro que ela percebeu que eu estava mentindo, mas ainda assim assentiu e tocou minha perna sobre o cobertor em uma tentativa amigável de se aproximar de mim, viro o rosto pro outro lado e ignoro o gesto.

-Mais tarde eu vejo como você está, ok? Tome seus remédios.

-Tá.

Nenhum remédio ou psicólogo jamais iriam conseguir me fazer ignorar essa dor, é mais forte do que qualquer outra que eu já tenha sentido na vida.

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