Cada um tem a família que merece

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POV EVIE

-O quê? Que palhaçada é essa, mãe? -Falo levantando da mesa. -Olha aqui...

-Eu sinto muito não ter contado antes, é que...

-Sente muito? Você sente muito? Ah, pelo amor de Deus... -Deméter me fuzila com o olhar e eu me sento novamente com lágrimas descendo pelo meu rosto.

-Eu não queria que vocês odiassem o pai de vocês. E tem mais...

-Mais? O que vai ser agora? Ele vai querer apresentar a gente pros filhinhos dele?

-Quando ele e eu nos separamos, ele foi morar com ela, a filha deles tem quatro anos. Só que... -As lágrimas da minha mãe fogem do controle e Deméter vai abraçá-la, enquanto eu permaneço calada, incapaz de pronunciar uma palavra. -O caso deles é antigo, quando eu me casei com seu pai, eles já tinham um filho.

Levanto da cadeira e viro de costas pra minha mãe, começo a chorar de raiva. Raiva do meu pai por ter feito isso conosco. Raiva da minha mãe por não ter dito isso antes. E raiva da tal amante. Começo a andar pela sala a procura do meu celular, quando o acho disco o número do meu pai.

-O que você vai fazer? -Deméter pergunta sério, eu não respondo e ele lê meus pensamentos e corre pra tomar o celular das minhas mãos.

-É melhor não filha. -Minha mãe fala se recompondo. -E também ele vem aqui amanhã e...

-Ele o quê!? -Deméter fala incrédulo.

-Como ele se atreve? Você tá de onda né? -Falo me alterando.

-Não, Evie! Ele quer que você conheça seus irmãos.

Solto uma risada irônica e pego o jarro jogando ele na parede em seguida.

-Calma, eu entendo vocês. E não queria que fossem obrigados a passar por isso, mas é por pouco tempo, ok? Depois disso vocês nunca mais vão precisar ver os filhos dele, e...

Um silêncio se alastra e eu quebro.

-E nem ele. -Completo secando uma lágrima e indo pro meu quarto.

POV KAT

Assim que cheguei em casa fui recebida com abraços dos meus pais, seguidos de "como vai seu desempenho?" "tem estudado muito?". Depois disso subi pro meu quarto e fiquei o restinho da tarde lendo.

Escuto batidas na porta, em seguida a porta se abre e minha irmã Natasha entra.

-Oi maninha.

Ao contrário de mim, minha irmã tem cabelos escuros como os do meu pai e lindos olhos azuis, como os do nosso avô materno.

-Fala logo. -Digo revirando os olhos.

-O jantar tá pronto, e adivinha quem vai jantar com a gente? Meu namorado! Vamos? -Ela estende a mão pra mim.

-Nath, não sei se você lembra mas eu aprendi caminhar a muito tempo.

-Você não cansa de ser grossa, não?

-Eu não precisaria ser grossa se você não quisesse pagar de melhor irmã do mundo.

-CHATA. -Ela diz saindo com raiva e eu rio saindo logo em seguida.

Assim que chego na sala de jantar, vejo meus pais, o vovô Renato e um cara que eu nunca tinha visto.

-Então esse é o novo brinquedinho da Natasha? -Falo sorrindo cinicamente.

-Kat! -Minha mãe diz em tom ameaçador. -Não começa.

-Tem razão, mãe. -Sento-me ao lado do meu avô e ele põe sua mão sobre a minha e eu sorrio dócil. -Lembrei que sinceridade não é o mais apreciado aqui.

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