Capítulo 4

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Depois das aulas, Natalie convidou a Kelly para almoçar em sua casa. As duas entraram no carro do motorista particular do Sérgio Smith e saíram da frente do colégio. Neste momento, Priscilla ficou observando o carro sumir na curva. Ygor apareceu atrás dela e ofereceu um Trident de melancia.

— Para você, amiga!

— Valeu, Ygor!

— Vi que você estava olhando as patricinhas... Na boa, fique longe delas. Elas não são gente boa. Agora a Laura, a irmã da Natalie, é um amor de pessoa. Parecem até que não são irmãs.

— Sério? Ainda não sei quem é.

— Ela faz o segundo ano junto com o Rodrigo Tardelli.

— Hum... Vou querer conhecer. Ela é bonita assim como a Natalie?

— Sim. Apesar de não ser a minha praia, tenho que reconhecer que ela tem um corpão, menina!

Priscilla deu uma risada e respondeu:

— Agora mesmo que eu vou querer conhecê-la!

Ele também sorriu e a questionou:

— Mas sério que você acha a Natalie bonita? Não está interessada nela não, né?

— Talvez...

— Não fala isso nem brincando! Ela é hétero. E você sabe, né? Se apaixonar por hétero é coisa que você não deseja nem para o seu pior inimigo gay.

— Eu sei... Fica tranquilo. Ninguém está apaixonada aqui.

— Tá bom... — Sorriu, desconfiado dela.

Natalie e Kelly chegaram até a mansão. Sérgio Smith ainda estava na loja e eram raras as vezes que almoçava em casa. Só que em vez de irem para a mesa do almoço, as duas garotas subiram rapidamente as escadas para chegar até o quarto.

Kelly estava muito curiosa em saber sobre como estava à relação de Natalie com o Rodrigo. Aliás, ela sempre gostava de ficar por dentro de tudo que rolava no colégio.

— E aí, amiga? O Rodrigo já fez o pedido?

— Ainda não.

— Como assim?

— Não, Kelly.

— Mas será que ele não quer nada sério com você?

— Nós ainda estamos nos conhecendo, amiga. Ele, com certeza, vai fazer o pedido, mas não agora.

— Será, Natalie? E se ele estiver só te enrolando?

— Não. Eu não acredito nisso. Todo cara daquele colégio gostaria de namorar comigo.

— Isso é verdade, amiga!

— Agora vamos parar de falar nisso... E aí? O que você achou das voltas às aulas?

— Normal. E eu notei que realmente o Thomas fica olhando para mim.

— Você deveria investir nele!

— Hum... Acho que vou sim, amiga!

— Sabe, eu achei que iria entrar umas novidades para a nossa sala, mas...

— E tem. Mas não é do que a gente gosta.

— É verdade. Entrou aquela menina sem sal na nossa sala. Nada nela combina. Como pode?

— Verdade. E sabe o que mais? Eu estou achando que ela é lésbica!

— Cruzes! Que horror! Por que acha isso?

— Simples. Ela não parava de olhar para você, sem falar que ela estava com camisa xadrez... As lésbicas adoram usar camisa xadrez!

— Ah, Kelly...Vai ver ela só me achou bonita.

— Sei... Vai dizer que não achou ela com maior pinta de que gosta de mulher?

— Sei lá... Não me interessa. Agora vamos almoçar! Eu estou com uma fome de leoa!

O pai de Priscilla chegou em casa após o trabalho e sentou-se em uma cadeira da mesa para almoçar com a esposa e a filha. Entre uma garfada e outra, Priscilla disse a eles:

— Pai, mãe, eu estou na mesma sala em que a filha do Sérgio Smith estuda.

— Sério, filha? — perguntou o pai — Isso é ótimo!

— Não é ótimo, pai. Ela é muito patricinha, sabe? Parece que ninguém é bom o suficiente para ser amigo dela.

O pai dela sorriu. Já a mãe tentou deixá-la calma.

— Vocês vão se dar bem, Priscilla. É questão de tempo.

— Tá bom. Se vocês dizem...

Depois do almoço, Priscilla foi para o quarto. E lá se foi o primeiro dia de aula no novo colégio. Tinha sido mais ou menos. Mas poderia ter sido melhor, pensou ela.

Deixou um pouco de lado esses pensamentos e pegou o seu laptop para acessar as suas redes sociais. Na página de seu tumblr havia várias curtidas em sua última postagem. Depois de ter visto isso, reblogou um gif contendo duas mulheres se beijando em uma praia. Ela não estava mais nem aí se iriam falar mal dela ou coisa assim. Tinha medo da reação dos pais, mas eles aceitaram de boa. Então não tinha mais o que temer.

Após a postagem, ela entrou no Facebook. Tinha 900 amigos. Mas, mesmo assim, se sentia muito sozinha, porque aqueles amigos, na verdade, eram apenas números. Minutos depois, ela acabou sorrindo ao ver que o Ygor tinha enviado um convite de amizade. Como assim ele já tinha a achado? Pensou ela. Depois de ter aceitado a solicitação dele, Priscilla foi procurar na página de busca uma pessoa em especial, a Natalie Smith.

Não foi difícil de encontrá-la. Natalie Smith estava no topo da lista com quatro mil, novecentos e noventa e cinco amigos. Priscilla ficou animada porque ainda dava para fazer parte dos amigos dela, mesmo assim, ficou meia hora tentando decidir se clicava ou não o botão de "adicionar aos amigos".

Quando finalmente conseguiu clicar, ficou com o coração a mil e pensando: Será que ela iria aceitar? No entanto, dez minutos depois, Priscilla atualizou a página e viu que a Natalie não havia aceitado a sua solicitação. E agora? Por que a garota não teria aceitado? 

NATIESE - Uma patricinha em minha vida Onde histórias criam vida. Descubra agora