Capítulo 13

4.5K 304 27
                                    

O dia amanheceu e era quarta-feira. Sérgio Smith levantou-se cedo e foi ler um jornal enquanto a empregada Maria preparava o café. Ela tinha quarenta e dois anos, era baixa, loira, gordinha e usava óculos. Já trabalhava na casa do empresário a muitos anos. Foi ela quem cuidou de Natalie e Laura desde pequenas.

Ontem à tarde, ela estava fazendo os afazeres da casa. Mas ficou preocupada quando viu que uma das amigas de Laura tinha quase se afogado na piscina. Então depois de toda a confusão, ela procurou a irmã de Natalie e esta contou tudo que havia acontecido.

Então na mesa do café, Maria achou melhor não contar, porque Sérgio Smith não iria gostar. Mas ele acabou tocando no assunto.

— Maria, ontem cheguei da loja e ouvi uma conversa entre você e a Laura.

Maria começou a suar frio. E agora? Teria que contar a verdade?

— E o que o senhor ouviu?

— Tudo que eu precisava saber! Mas, pelo jeito, você não pretendia me contar que a Natalie empurrou uma garota na piscina, não é mesmo?

— Desculpe, Sérgio. Já tinha tudo se resolvido e achei melhor não contar.

— Você sabe que isso é errado. Não é a primeira vez que pego você encobertando alguma bagunça das meninas.

— Me desculpe mesmo.

— Pode me contar como foi?

— Sim. Eu estava passando as roupas e escutei uns gritos vindo da piscina. Fui ver o que era, e vi a Laura, a Natalie e um rapaz bem preocupados em volta de uma moça. Mas a Laura me contou depois que foi a Natalie mesmo que tirou essa moça de dentro da piscina.

Sérgio suspirou.

— E você sabe quem é essa menina que quase se afogou?

— A Laura me contou que ela é filha de um funcionário novo que entrou na sua loja.

— Meu Deus! Ela deve ser a filha do Augusto. Ele é um homem muito bom. E agora acontece isso... Minha cara vai queimar de vergonha quando eu for vê-lo hoje.

— Mas está tudo bem, Sérgio. A Natalie pediu desculpas a garota.

— Não, Maria. Não dá para eu ficar só passando a mão na cabeça dela. A Natalie precisa pagar pelos erros que comete.

Natalie e Laura acordaram e foram sem se falar para a mesa. Disseram "bom dia" para o pai e não falaram mais nada. Mas ele fechou o jornal de uma vez fazendo as suas filhas o olhar com medo.

— Laura e Natalie... Eu preciso ter uma conversa séria com vocês duas!

As garotas ficaram em silêncio, mas já estavam imaginando do que a conversa se tratava.

— Vocês não precisam fazer essas caras de que não sabem de nada! Eu quero que me esclareçam tudo que aconteceu aqui ontem! — disse ele, irritado.

— Pai, eu posso explicar... Eu não queria ferir ninguém. Só foi uma brincadeira. — disse Natalie, tentando amenizar a situação.

— Brincadeira, Natalie? Você tem quanto? Sete anos?

Natalie ficou calada e abaixou a cabeça. E ele continuou:

— Você tem dezessete anos no couro, filha! Devia ter vergonha de fazer uma brincadeira ridícula como essa! Você podia ter matado uma pessoa! E sabe o que mais? Ela é filha de um funcionário meu! Olha só no que você ia me meter!

Natalie começou a chorar.

— Pai, por favor, me desculpa. Eu juro que não vou mais fazer isso.

— Engole esse choro, mocinha! Eu espero que isso realmente não se repita mais! Mas para você aprender, ficará uma semana de castigo, contando a partir de hoje! Só poderá ir de casa para a escola e vice-versa.

— Não, por favor, não.

— Já está decidido, Natalie. E não se fala mais nisso.

Sérgio Smith levantou-se da mesa e deixou as duas lá. Natalie continuou chorando e olhou para a irmã. Laura revirou os olhos e acabou saindo da mesa também. A patricinha não aguentou e falou tudo que estava sentindo.

— É tudo culpa sua, fofoqueira! Você contou o que aconteceu para a Maria. E ela contou para o papai!

Laura se virou e olhou para ela.

— Cala a boca, Natalie. Eu contei mesmo. O nosso pai tinha que saber que a patricinha da filha dele não é tão santinha assim. Mas não venha falar que a Maria contou alguma coisa. Ela prometeu não contar nada.

— Ah... Eu mato você!

Edgar estava do lado de fora e percebeu que as duas iriam partir para a briga, então se intrometeu no meio das duas.

— Meninas, por favor, parem com isso! Vamos para o colégio ou vão se atrasar.

— Sai daqui, Edgar. Não está vendo que eu tenho que cometer um assassinato? — disse Natalie, olhando com raiva para Laura.

Laura deu uma risada.

— Se toca, Natalie. Você não é páreo para mim!

— Laura! Laura! Você não me provoca!

— Ei, pode parar as duas. — repreendeu Maria, chegando. — Vão agora com o Edgar para não se atrasarem.

Natalie olhou para Maria e disse:

— Maria, você não devia ter contado para o meu pai o que houve.

— Não contei, Natalie. E ficou muito bravo comigo por causa disso. Ele acabou ouvindo a Laura conversando comigo sobre o que aconteceu ontem. Mas eu disse a ele que você salvou a menina.

— Só que, mesmo assim, ele quer me dar castigo. Que droga!

— Não fica triste, maninha. Em vez de você e a Kelly irem para o shopping, vão poder ficar o dia inteiro fofocando em casa. — afirmou Laura — Isso não é ótimo?

— Cala a boca, Laura! Eu vou quebrar a sua cara!

— Vem cá e quebra!

Natalie tentou avançar nela, e Edgar as parou mais uma vez.

— Meninas, por favor! Vocês vão chegar atrasadas!

— Chega! Eu já vou! Mas não vou no carro com essa louca! — disse Laura, saindo da mansão.

— Laura, volte aqui, pelo amor de Deus. — gritou Edgar.

Natalie sorriu e disse:

— Perfeito! Agora sim podemos ir, Edgar!

— Meu Deus, eu estou precisando de férias!

— O que disse?

— Nada, senhorita. Vamos? 

NATIESE - Uma patricinha em minha vida Onde histórias criam vida. Descubra agora