P.O.V Jungkook
Se o destino tivesse que escolher uma palavra-chave para amantes, essa palavra seria "Condenação", pelo simples fato do destino empenhar-se tanto em afastar duas pessoas que realmente se amam e sentem paz no final do dia ao colocar suas cabeça no peito um do outro. Alguém, em algum lugar, pode me dizer qual pecado irremediável cometemos para acabarmos deste modo? É injusto ter a sentença absento do ato de condenação.
Enquanto sento no beiral almofadado de minha janela, percebo que não estou completamente curado. E talvez eu nunca vá me curar verdadeiramente. Posso tentar fugir ao máximo. No final, voltarei para o eu encolhido em um canto qualquer da mente, chorando sobre as memórias. É deste modo que acontece conosco, não é? Passamos vinte e quatro horas fingindo, esquecendo e quando repousamos a cabeça no travesseiro, choramingamos escondido.
Arrumo as cartas, calmamente, uma a uma, dentro de uma caixa preta detalhada com flocos de neve caindo até a borda. Estou inseguro. Cada envelope daquele contém uma parte de mim, e dá-la a alguém que, no momento, menospreza minha existência me parece uma atitude cruel comigo mesmo. Mas não o fazer e engolir a verdade é muito pior. Taehyung está a poucos metros de mim, com os braços cruzados, as costas usando o batente da porta como apoio. Seu silêncio é cheio de significado. Sei bem a opinião dele desde o primeiro momento em que comentei sobre está loucura.
"Você está devolvendo memórias a um novo Jimin, Jungkook. Para ele, qualquer coisa relacionada a você, precisa ficar longe."
Meu coração aperta, lembrando.
— Kook... — Ele quebra o silêncio. A voz ecoando aguda pelas paredes do recinto. — Tem certeza do que quer fazer?
Eu tinho certeza? Não respondo de imediato. Invés disso, olho para além da janela, para as crianças que brincam despreocupadas no meio fio. Me pergunto se alguma delas já se sentiu tão frágil como eu agora. Uma porta se abre, e as palavras de Jimin preenchem minha mente.
"Um dia quero ter filhos, Kookie-ah. Adoraria ter gêmeos."
Afasto o pensamento antes que a pressão na garganta surja.
— Tenho. — Digo, enfim. — É por isso que você está indo no meu lugar, entende? Se eu tiver que seguir sozinho, quero fazer do modo certo. Não quero ir embora e deixá-lo pensar que sou um lunático perigoso.
Viro a cabeça, encarando os olhos castanhos à minha frente.
— Ele merece saber a verdade. — Tae assente, calado.
Quando termino de fechar a caixa, levanto e caminho em direção a Taehyung. As cartas pesam mais com o pensamento de finalmente entregá-las.
— E por favor, não saia de lá enquanto não ler a última carta. — Peço.
— Não irei. — Diz, saindo em seguida. O casaco pendendo no braço esquerdo e na outra, a caixa.
Estou sozinho outra vez, como antes e depois de conhecer Jimin. Algo cresce em meu interior, um vazio. Já é um antigo amigo. Ele não costuma bater na porta antes de entrar. Viro a cabeça e encaro minha cama. Lá repousa uma passagem só de ida para Daegu. A pergunta a qual não quero responder é:
Precisarei usá-la?
➴➴➴
P.O.V Taehyun
Tenho consciência do que passa na cabeça de Jungkook. E por vezes, digo a mim que, se fosse eu em seu lugar, daria os mesmos passos. Só que também estou com medo, e sou realista. Isso pode dar certo tanto quanto pode dar errado. E está tudo bem se isso não o machucar como machucou no passado. Está tudo bem se isso não o fizer chorar até quase morrer como no passado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)
FanfictionJungkook precisa lutar pelo amor de Jimin. Mas há algo que os impedem de voltar um para o outro: A tragédia ocorrida com ambos. *Não aceito adaptação desta obra* *Plagio é crime.* 1° Lugar em Escritores Estrelas de Prata