Carta 11

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Sábado, 30 de setembro

Querido Jimin,

Essa é exatamente a última carta do primeiro mês em que escrevo para você. É fato de que no começo foi ruim lembrar de tudo. Digo ruim porque tive que aguentar a dor de saber que foram momentos que passaram... Momentos que não existem no presente, mas espero que possam existir no futuro. Eu sinto tanto a sua falta, mas você não deve ter noção nenhuma disso. E tudo bem. Como eu havia dito: Se eu estivesse no seu lugar, talvez pensasse o mesmo.

Na manhã seguinte em que acordei, me deparei com um belíssimo par de olhos castanhos iluminados por pequenos raios de sol; um sorriso no canto da boca se formou entre seus lábios enquanto os cabelos ruivos se tornavam fios dourados. Sim, aquela era a imagem de um anjo.

Me espreguicei sobre os lençóis, afundando minha cabeça nos travesseiros fofos enquanto retribuía o sorriso.

- Está na hora de acordar, bela adormecida. Temos coisas a fazer. - Você disse, acariciando minha bochecha. Perguntei o porquê de não podermos ficar a manha toda sobre as regalia do maravilhoso hotel ao qual nos hospedamos. Você sorriu novamente, me prometendo que voltaríamos assim que pudéssemos.

Quando me levantei, você já estava a caminho do banheiro, deixando a porta aberta. Acho que levei meia hora tentando organizar os gráficos que surgiram em minha mente de: "Isso fora um convite ou eu devo ficar na minha?" Eu apenas escutava a água do chuveiro se chocando contra o chão.

- Tudo bem, Kookie, pode vir. - Te escutei dizer. Eu ri, crendo que você tinha o poder de ler mentes.

Abri o box e entrei, meio tímido, embora não tivesse razão. Envolvi meus braços em seu pescoço, me aproximando mais até que nossas barrigas se tocassem. Suas mãos envolveram minha cintura, me puxando para perto enquanto a água caia sobre nós.

Ao deitar minha cabeça em seu ombro, percebi que não havia outro lugar no qual poderia chamar de lar.

Você era meu lar, Jimin.

Como os clichês românticos dizem: Você era minha outra parte, perdida em algum outro lugar, mas que agora havia me encontrado

O que eu achava que havia durado décadas, durara apenas alguns minutos até você tomar outro choque de realidade e me dizer que tinha coisas a resolver.

- Vou te deixar no hospital e de lá parto para resolver minhas coisas. - Você disse, colocando uma camiseta azul claro e o jeans preto. Eu estava sentado na beira da cama, te esperando.

- O que tem para resolver? - Indaguei.

- Papai me ligou dizendo que precisava conversar comigo. - Você havia terminado de se arrumar e já estava abrindo a porta. Assim que cheguei mais perto, claro, você abriu espaço e me fez ir na frente, sempre apoiando a mão em minhas costas. Você passou pelo balcão da recepcionista fazendo um sinal com a cabeça no qual eu não havia entendido. Ela balançou em concordância, pegando o telefone e falando com alguém.

O táxi estava plantado em frente ao hotel como se estivesse nos esperando em especial. Quando o carro deu partida, observei o maravilhoso hotel diminuir até não sobrar mais nada dele.

- Posso ir até seu pai com você? - Perguntei, assim que senti sua mão sobre a minha. Você me olhou, bastante hesitante.

- É só uma conversa rápida, Jung. Vai ser incrivelmente chato ficar sentado nos bancos de couro, que nem confortáveis são, em frente a uma recepcionista que sempre te olha torto. - Falou, em seguida bufando.

Embora aquilo tivesse sido uma desculpa convencional, Jimin, eu sentia que havia algo por trás. Um certo desconforto tomou conta como se fosse uma imensa nuvem acima de nós. A minha intuição dizia para seguir o que você estava falando. Mas a minha curiosidade era maior.

POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)Onde histórias criam vida. Descubra agora