Carta 5

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Segunda-feira, 18 de Setembro.

Querido Jimin,

Desde desse dia, não tive notícias suas. Parecia que você tinha facilmente evaporado em meio ao vento. Ou sido sequestrado ou coisa parecida, porque deixei exatamente dez mensagens em sua caixa postal. Nenhuma fora retornada. Então, fui obrigado a seguir com minha vida, novamente, sem seus rastros.

Enfim, as férias de verão haviam terminado e as aulas da escola preencheram todo e qualquer espaço que eu tinha para me torturar por você.

Eu tinha uma regra a seguir, Jimin.

"Meu futuro a cima de tudo"

Eu repetia esta mesma frase para mim sempre que percebia que algo roubava mais minha atenção para coisas mundanas inúteis onde não valeriam nada no futuro. Parece um ponto de vista egoísta e arrogante, mas era o que me mantinha a salvo. E eu juro, Jimin, se você nunca tivesse cruzado comigo entre aqueles corredores, eu ainda estaria seguindo minha regra.

Acordei atrasado naquela manhã com Tae gritando do corredor que já era tarde. Ele passou pela porta do meu quarto com a escova de dentes na boca enquanto tentava vestir as calças. Levantei ainda sonolento, tentando me orientar um pouco.

Mal tomamos café da manhã. Tae se enfiou no carro enquanto eu comia cereais com leite na tigela, sentado no banco de trás. Na maioria das arrancadas que Tae dava na caminhonete, eu derramava leite no tapete.

Em primeiro lugar, eu não esperava que as coisas mudassem. Quando entramos, Tae cumprimentou todo mundo enquanto eu fiz o máximo para permanecer invisível. Não estava afim de falar com ninguém ou perguntar "Como foram as férias?" só por educação.

Mas foi ai que aconteceu, Jimin. Quando eu achei que está indo totalmente bem em meu papel de invisibilidade, você aparece no fim do corredor de calça jeans rasgadas no joelho e uma camisa azul clara folgada. Você segurava os livros na mão parecendo meio perdido. Automaticamente a música de Dua Lipa me atingiu como um raio.

Uma carga elétrica de consciência me fez mentalmente recitar:

1. Não toque no telefone

2. Não o deixe entrar

3. Não seja amigo dele.

Admito que naquele momento tive um mini enfarto. Um frio na barriga irritantemente agradável, mas agradeci aos meus pés por terem me feito dobrar no corredor seguinte.

Rezei para que você não tivesse me visto. Talvez não, já que estava andando de cabeça baixa.

Me aproximei da lixeira mais próxima, atrás de duas meninas que conversavam. Olhei de soslaio para trás, vendo você passar e poxa, teria dado certo. Estava quase lá se não fosse Tae ter esbarrado em você.

Ele ficou te encarando do mesmo modo que você o encarava. Pareciam se falar normalmente. Acho que Tae nunca absorveu sentimentos ruins em relação a você. Talvez tenha perguntado por mim, já que Tae começou a olhar ao redor até me encontrar no corredor. Permaneci imóvel enquanto ele levantava a mão, me chamando.

Deus, é agora. - Pensei, com as pernas tremendo a cada passo que dava. Só quando me aproximei mais é que percebi algo de errado. Você estava completamente acabado, Jimin, como se estivesse morto, mas esqueceram de enterrar. Você me encarou com os olhos caídos, as olheiras sobressaíam e a pele estava muito mais pálida do que o normal.

POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)Onde histórias criam vida. Descubra agora