Domingo, 24 de setembro
Querido Jimin,
Demos tempo ao tempo. Os dias que se seguiram após a morte de seu irmão foram sim, bastante turbulentos. Mas nem eu, assim como você, se forçou a ficar bem antes do tempo certo.
Um mês inteiro se passou com você dentro do quarto. Não via, nem falava com ninguém.
Em uma tentativa minha de te animar, você explicou que precisava desse espaço apenas para si mesmo e foi exatamente neste dia em que percebi uma coisa: Quando se ama uma pessoa, você quer vê-la bem. Você quer invadir o espaço dela e faze-la sorrir de alguma forma, - mesmo que não seja isso que ela queira no momento - mas... Às vezes, deixa-la encolhida na própria dor, é melhor. Respeitar e esperar o tempo que for necessário de uma pessoa, por mais difícil que seja, ainda é uma prova de amor.
Talvez, de todo o processo, o dia mais difícil foi aquele em que seus pais mandaram jogar as coisas de Yoongi fora. Diziam que doíam mais neles do que em você e que não ficariam se torturando a vida inteira pelo que aconteceu.
No começo, você não deixou os caras da limpeza passarem para o quarto do seu irmão. Protegeu como um cão fiel. Mas no fim, não foi você quem venceu a guerra.
No tempo que teve, conseguiu salvar uma foto sua com ele. Estavam no parque, em cima de um dinossauro de brinquedo. Também conseguiu salvar o bichinho de pelúcia que tinha no quarto dele.
Depois disso, você dizia para mim que não conseguia mais olhar na cara do seus pais e que eles estavam sempre ocupados para fazer algo com você. Que passou a jantar sozinho diante da enorme mesa na sala de jantar e que a casa passava mais tempo totalmente no escuro que com as luzes acessas.
Houveram mais duas ou três noites em que preferiu dormir na minha casa porque não aguentava pisar na sua.
Você comentou, chorando, que fora muito mais difícil retirar as coisas dele do quarto que ir visita-lo no cemitério. Dizia que agora, em seu coração, haveria uma parte vazia que nunca mais se preencheria com nada.
Como eu disse, Jimin. Dei tempo ao tempo e respeitei seu espaço. Mas é claro, eu estava lá de alguma forma quando você precisava.
Aos poucos percebi sua melhora. A morte de seu irmão não te assombrava mais, apenas os resquícios e ainda assim você conseguia seguir bem.
Não estava a pessoa mais radiante do mundo, mas havia voltado ao normal. Em consequência, você abandonou a amizade com Seokjin ficando cada vez mais próximo a mim. E claro, isso se transformou muito mais do que um simples "Posso dormir na sua casa"? Você passou a estar lá para mim também, a todo momento.
- Quer mais um pedaço? – Você perguntou, segurando a caixa de pizza na minha direção. Aceitei, pegando mais um pedaço. Olhei para o relógio que marcava 22:00 horas.
- Está ficando muito tarde. Vai dormir aqui de novo? – Perguntei.
Estávamos assistindo a uma bela seleção de filmes de terror que nós mesmos havíamos feito. Olhei de soslaio, vendo no canto do olho seu maldito sorriso de lado. Deus, por que você tinha que sorrir daquela forma? Mas interiormente estava aliviado, porque aquele também era um sinal de que o Jimin depressivo havia ido embora.
- Você quer que eu vá embora, Jungkook? – Perguntou. Balancei a cabeça, lançando um sorriso bobo. Só depois que parei, percebi o que havia feito. Você sorriu, dessa vez mostrando os dentes bem alinhados, se recostando no sofá. – Tem problema se eu ficar?

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POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)
FanfictionJungkook precisa lutar pelo amor de Jimin. Mas há algo que os impedem de voltar um para o outro: A tragédia ocorrida com ambos. *Não aceito adaptação desta obra* *Plagio é crime.* 1° Lugar em Escritores Estrelas de Prata