Quinta-feira, 09 de novembro.
Querido Jimin,
Desde pequeno, ouço: Diga-me com quem tu andas, que eu te direi quem és. Pergunto-me se a sentença permanece aplicável quando você não conhece nada além do que a outra pessoa te deixa ver. O que quero dizer é... Namjoon mentiu. Mentiu sobre quem é, mentiu sobre nós, mentiu para mim e para você. Foi fajuto; parte de um plano arquitetado bem debaixo de nossos narizes. Sinais e mais sinais estiveram impregnados em nossa pele como tatuagens invisíveis. Somente hoje sei a verdade e não nos culpo por, naquela época, sermos tão cegos.
No entanto, admito provar do sabor amargo do desgosto na ponta da língua ao lembrar de como meu coração, diversas vezes, se importou com Namjoon. Fui idiota o suficiente para deixar a garganta sobrecarregada com palavras de despedida; de quase protestar ao precisar desenroscar meus braços de sua cintura. A resistência que eu tinha de sua presença decorrente da pior noite de nossas vidas evaporou, dando lugar a uma deprimente saudade.
O ato de insistir em me levar de volta ao hospital antes de partir definitivamente, hoje vejo como um pedido de desculpas oculto. Talvez eu esteja errado, ou talvez eu esteja certo. De qualquer modo, não espero saber a resposta. Quando desci da moto, por mais ou menos meio segundo nos entreolhamos, e, antes de o motor roncar e expelir fumaça preta pelo cano lateral, me dei conta do quão estranho ele estava: Rígido, cabisbaixo como se carregasse o mundo inteiro nas costas. Eu conhecia aquela sensação, Jimin. Mas não de maneira tão suja.
Ele evitou contato visual ao sussurrar:
− Adeus, Jungkook.
Meus lábios entreabriram. Ele não esperou que eu retribuísse, nem me deixou perguntar se ele por acaso, não gostaria de se despedir de você também; somente ligou o motor da moto e partiu. Esperei, parado a centímetros da entrada do Hall, vendo-o tornar-se menor conforme se afastava. Durante todo esse tempo, não voltei a ter notícias de Namjoon. Nem fui atrás dele após descobrir a verdade - embora eu gostaria de acertar seu nariz com meu punho fechado do mesmo modo que acertei Seokjin. - apenas deixei ir.
Uma vez lá dentro, a agitação e o murmúrio de pessoas ao redor tomam conta de mim. Nunca pensei que ouvir pessoas com situações piores que a minha seria um alívio, um meio de distração para o turbilhão em meu interior. E, enquanto escrevo, parece soar tão egoísta, mas na época eu precisava de algo que me distraísse nem que fosse por um segundo. Algo que me desse tempo de fisgar qualquer pingo de força sobrando para aguentar a vida.
A recepcionista me encarou assim que atravessei o Hall. Nossos olhos chocaram-se e senti algo estranho. É como se ela não estivesse me esperando, ou pior, estivesse estranhando o fato de eu estar ali. O semblante é tomado por traços de confusão; a testa enruga-se e tenho a forte impressão de que ela irá me barrar e dizer alguma coisa, mas não o faz. Seu olhar me acompanhou até que as portas de aço do elevador fechassem e eu estivesse preso em um cubículo, movendo-se para cima com leveza.
Terceiro, quarto, quinto andar...
As portas abrem.
Caminho pelo corredor e quase sinto como se fosse a primeira vez pisando ali. Passo pelos quartos e vejo pessoas encamadas ao lado de seus parentes, esperando pela saída, outras que nem chegaram a ver o sol além da janela. Mas quando chego ao seu quarto, Jimin e olho para a cama em que você devia estar deitado, vejo somente um vácuo de lençóis amarrotados.
Eu paro, imóvel e extasiado por um curto período de tempo.
Entro no quarto chamando por seu nome, e não há nada. Alguns dos parentes presentes saem do quarto e olham para o fim do corredor, para mim, que tem as mãos suando e um medo sufocante preso na garganta enquanto corro de volta e aperto freneticamente o botão do elevador. Puxo o celular do bolso, desejando que Taehyung estivesse ao meu lado. Ele saberia o que fazer, sim, ele sempre sabe.
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POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)
FanficJungkook precisa lutar pelo amor de Jimin. Mas há algo que os impedem de voltar um para o outro: A tragédia ocorrida com ambos. *Não aceito adaptação desta obra* *Plagio é crime.* 1° Lugar em Escritores Estrelas de Prata