Segunda- feita, 02 de outubro
Querido Jimin,
Talvez você esteja se perguntando porque não dei um décimo primeiro motivo para te amar tanto. Pois bem, quando comecei a lhe escreve, prometi a mim mesmo que as dez primeiras cartas revelariam nossos momentos mais felizes juntos. Mas o outro lado da promessa, talvez, possa ser um pouco mais sombria.
A partir de agora, nós enfrentaremos os motivos que nós levaram a decadência e ao final trágico. Sinto muito por isso, Jimin. Mas essas cartas não serão compostas apenas de bons momentos.
Dois dias, Jimin. Dois dias se passaram sem que você desse notícias. E se quer saber, foi a sua melhor escolha. Eu não chequei o celular como fazia antes, muito pelo contrário, tentei ignorar a existência dele; não mandei mensagens porque nem sequer havia vontade de mandá-las, não liguei, não procurei por seus indícios.
Isso soou muito estranho? Do tipo "ele não me ama mais"? Se sim, me desculpe. Mas não é como se meu sentimento por você tivesse evaporado, mas bem, eu me sentia traído e com raiva e eu nem ao certo sabia o porquê.
Dois dias foram o bastante para pensar. Por que logo você, Jimin, diria que somos apenas amigos para seu pai? Ele não sabia? Você tinha medo do que ele iria pensar se soubesse? Mas se o caso todo era esse então por que você não me disse? Eu estava lá, Jimin. O tempo todo eu estava lá só para você, só para te escutar. Mas você preferiu fazer as coisas do seu jeito, novamente.
Mamãe se recuperou bem depois do transplante de sangue. E é claro, por mais que eu tentasse esquecer você e sua atitude idiota, não poderia. Você que a salvara. Se não tivesse sido você e a Futaba, talvez mamãe estivesse morta. Isso fez com que uma parte minha, sensível e boazinha - que eu odeio - desenvolvesse uma certa culpa por parecer que eu estava sendo egoísta demais.
- Onde está aquele rapaz que me ajudou? - Mamãe indagou, endireitando-se na cama para sentar. Dei de ombros.
- Deve estar ocupado com alguma coisa, sei lá. - Ela torceu a boca e estreitou os olhos como se soubesse que algo havia acontecido.
- É uma pena. Queria tanto agradecer a ele. - A enfermeira entrou para checar a pressão de mamãe e ver se estava tudo certo. Pude ver o quanto era diferente a Yoshiba relaxada da Yoshiba estressada e ansiosa.
Naquele mesmo dia, de tarde, mamãe recebeu alta para ir para casa. Quando o táxi estacionou em frente à minha antiga moradia, meu estomago se revirou. Lembrei bem o porquê de eu ter saído tão cedo de casa. Eu não gostava de relembrar coisas do meu passado, Jimin. Eu era inocente demais naquela época, do tipo que aceitava tudo calado, via coisas, mas fingia nunca ter visto. E como eu me arrependo, Jimin. Como eu me arrependo de nunca ter enfrentado meu pai e salvo minha mãe e minha irmã de toda maldade dele.
O negócio é que, todos temos uma história triste para contar. Um episódio de nossas vidas que não queremos recordar novamente. Nós os enviamos para o fundo de nossas mentes e torcemos para nunca mais vê-los. Bem, eu não era diferente dos outros. Eu também tinha uma história triste para contar.
Como você se sentiria, Jimin, ao saber que toda noite seu belo pai voltava bêbado para casa com sede de violência?
Como se sentiria ao escutar os gritos de dor de sua mãe ou irmã todos os dias e não conseguir fazer nada porque era pequeno demais ou covarde demais para intervir?
Você sentiria medo, Jimin, como eu senti ao escutar os passos dele e o afrouxar do cinto sem saber quem era a próxima vítima? Poderia ser eu, a mamãe ou a Yoshiba. De qualquer maneira, odeio repensar nisso. Eu estremeço ao lembrar.
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POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)
FanfictionJungkook precisa lutar pelo amor de Jimin. Mas há algo que os impedem de voltar um para o outro: A tragédia ocorrida com ambos. *Não aceito adaptação desta obra* *Plagio é crime.* 1° Lugar em Escritores Estrelas de Prata