Quarta-feira, 01 de Novembro
Querido Jimin,
Por um instante mínimo o ar sumiu de mim e o pânico se tornou crescente, como um grito me devorando por dentro conforme eu me obrigava a guardá-lo em silêncio. Sei que você nunca aceitaria, não seria capaz, seria? Mas eu tinha visto, Jimin, minutos atrás, essa certeza pender para o lado errado, ou teria sido minha mente pregando uma peça? De qualquer forma, as pernas tremiam e eu estava pronto para implorar. Contive o ímpeto de correr até você e te abraçar forte, como nunca abracei. Mas naquele momento, o melhor seria manter os pés cravados no chão. Kwan semicerrou os olhos e, pude ver algum tipo de ameaça discreta pousando no gesto. Você não podia ver, amor. Sou seus olhos, agora e sempre.
− Não. - Você disse, provocando-me o tipo de alívio em que sou capaz de derreter inteiramente no chão. Meu músculos relaxaram enquanto os de seu pai endureceram rapidamente, o maxilar travado e rígido. Seus olhos pairaram em mim e, eram de uma negritude tão intensa que desviei a visão para seu corpo.
Relaxei um pouco mais, ainda imaginando se em algum momento, Kwan seria capaz de avançar em cima de mim e me culpar por tudo novamente. Mesmo que não o fizesse, sentia uma coisa obscura vindo dele. Talvez raiva, ou algo mais intenso como ódio, e tudo o que fui capaz de sentir foi pena. Observando sua pele clarinha ressaltada pelos cabelos loiros, seus lábios cheirinhos e uma certa coloração amarelada misturada ao roxo nos cantos em que o rosto estivera inchado e com escoriações, senti pena por mim e Kwan, por estarmos lutando em uma mesma causa, mas de lados opostos. Ele não me queria por perto, e eu não o deixaria me afastar.
− Guarde seu dinheiro tão suado para si. - Kwan entreabriu os lábios, mas tornou a fechá-los quando sua voz cortou a atmosfera ágil e afiada como lâmina outra vez. As palavras saíram escorregadias misturadas a um pouco de veneno e orgulho. − Tenho 15 mil guardados na minha conta bancária. - E então lançou um sorrisinho ladino, e eu quase tive uma certa aversão por sua perversidade do momento. - Você me ensinou bem a arte da economia, papai.
Kwan engoliu a seco, em seguida suspirando pesadamente, as íris mais negras que consigo lembrar ter visto na vida. Captei a minúcia, que talvez eu tenha ignorado esse tempo todo, nenhum de você dois gostam de perder, de serem postos para trás. Ele balançou a cabeça, girando sobre os próprios pés para sair do quarto. Mas antes, voltou-se para mim.
− Meus parabéns. Você venceu a batalha. - E saiu do quarto. Acompanhei seu corpo mover-se do lado de fora, através do vidro. Sei o que significa. Mas não a guerra. - Completei.
Demorei um tempo para voltar a mim. Você estava tocando as gases delicadamente e eu puxei suas mãos para as minhas, beijando os dedos pequenos que tanto amava. A tarde chegava, e o sol descia preguiçosamente até o limite. Os raios ultrapassando a persiana aberta nos iluminava e parecia haver algum tipo de aura brilhante ao seu redor. Parei para admirar, perdendo-me totalmente naquela luz. Você ficava tão bem que tive vontade de tirar uma foto. Não me atrevi a puxar o celular do bolso. Guardei a cena na memória, junto de todas as outras.
− Sabe, Jungkook, eu gostaria de amar meu pai tanto quanto amo você. - E então puxou uma de minhas mãos para seus lábios quentes, retribuindo os beijos. - E eu não tenho 15 mil no banco. Espero que cinco mil seja o suficiente para qualquer gasto que venhamos a ter.
Quando a noite chegou, deitei com você na cama do hospital. Meu braço ao redor de seus ombros enquanto eu tinha sua cabeça repousando em meu peito, ouvindo meu coração bater. Kyung-soon, nem ninguém podia nos impedir de termos esses momentos. Conversamos sobre o passado, como nos conhecemos, como eu fui medroso demais para acreditar que alguém como Park Jimin poderia mudar minha vida, sobre como tentei, e falhei com sucesso, não me aproximar de você. E como você estava com tanto medo quanto eu de se envolver. Confessou que Havia vezes que você mal conseguia dormir pensando em como ficaríamos bem juntos, a sensação de pegar minha mão, de andarmos juntos, dormimos juntos e acordamos juntos. Você me contou dos seus sonhos, de como queria morar fora e conhecer outras culturas e línguas, de como queria ser livre e ter coragem de pular de um penhasco em direção ao mar na dúvida de sair vivo ou morto. Te contei dos meus medos, de como me sentia culpado pelos últimos acontecimentos e do sentimento forte que tinha por você, do qual não entendia. Você sorriu e disse:
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POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)
FanfictionJungkook precisa lutar pelo amor de Jimin. Mas há algo que os impedem de voltar um para o outro: A tragédia ocorrida com ambos. *Não aceito adaptação desta obra* *Plagio é crime.* 1° Lugar em Escritores Estrelas de Prata