Sábado, 28 de outubro.
Querido Jimin,
As palavras permaneceram presas em minha garganta, como um grito raivoso, contido por tempo o suficiente para virar um bolo sufocante de aguentar. Estava cada vez mais difícil de engolir tudo o que eu queria dizer apenas para não ser rude com sua mãe. Ela também não facilitava.
Segurei sua mão mais forte, somente me dando conta após ver as cabeças brancas dos dedos.
Ela agitava o pingente de cruz como se isso fosse resolver alguma coisa. Quase como se suas orações para que a palavra "sim" saísse de minha boca, pudessem ser ouvidas.
Em nenhum momento, Minie, me debrucei sobre a culpa de decepcioná-la.
- Não. - Eu disse. Os ombros de kyung-soon caíram bruscamente e ela soltou o pingente, esfregando as mãos na calça social escura. - Eu o abandonei uma vez e ele veio parar no hospital. Não vou abandoná-lo de novo.
Kyung-Soon era calma na maioria das vezes. Mas naquele momento, ela estava especialmente agitada, semelhante a um animal encurralado pelo caçador, com medo do que viria a seguir. Ela deu a volta por sua cama, vindo até mim.
- Você não está entendendo. - Ela disse, logo em seguida, te olhando de soslaio. - Nenhum de vocês dois entendem.
- Já entendi bem o que querem. - Retorqui. - Acham que iram resolver todos os problemas do mundo nos afastando?
Kyung-Soon balançou a cabeça, afim de fazer mais uma tentativa tola.
- Numa família como a nossa, Jungkook, não há espaço pra este tipo de amor. - Ela disse, de forma mansa. Tive a impressão de que estas palavras a causavam tanto medo quanto me causavam raiva.
- Sejamos sinceros uma vez na vida, Senhora Park. Não há espaço para este tipo de amor no mundo, porque pessoas como você e como Kwan nos privam de ter a única coisa que realmente importa na vida. No final do dia, não se pode enfiar um leão em uma gaiola e esperar que ele se torne manso a seus comandos.
Ela encontrava-se atônita¹. Sabia que eu estava certo. Os lábios se entreabriram. No entanto, suas palavras apenas sobrevoaram em meio ao ar quando fora interrompida.
Senti a pressão em meus dedos. Um aperto de leve, para ser mais exato, acompanhado de uma respiração profunda. Meu corpo inteiro gelou e eu soube.
Você havia voltado para mim, Minie.
Tanto eu quanto kyung-soon mantínhamos nossos olhos atentos a qualquer movimento. Primeiro começou como um sussurro baixo demais, incapaz de ser ouvido, acompanhado de olhos agitados abaixo das pálpebras.
- Jimin, eu estou aqui. Estou te escutando.
Você apertou minha mão com um pouco mais de força.
- Jung...Jungkook... - Repetia sem parar. As palavras saindo febris da boca. Eu quase cai de joelhos, aliviado.
E então, cessou.
Por segundos, Jimin, você havia parado com tudo. A respiração, os sussurros, o aperto de leve em minha mão. Nada. De repente, nada.
- O quê está acontecendo? - Havia desespero na voz de Kyung-Soon. O mesmo que crescia dentro de mim quando a máquina de monitoramento cardíaco passou a apitar de forma constante, transformando as ondinhas em uma única linha.
Meus pés estavam cravados no chão. Os músculos se contraindo, mas nenhum saindo do lugar. Larguei sua mão, a deixando cair ao lado da cama; o braço completamente mole.
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POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)
ФанфикJungkook precisa lutar pelo amor de Jimin. Mas há algo que os impedem de voltar um para o outro: A tragédia ocorrida com ambos. *Não aceito adaptação desta obra* *Plagio é crime.* 1° Lugar em Escritores Estrelas de Prata