Sexta-feira, 20 de outubro.
Querido Jimin,
Naquela noite te observei partir enquanto ainda soluçava entre lágrimas. De repente, as palavras que eu havia dito, tinham gosto de veneno em minha boca. Aquilo tinha gosto de pré-morte, literalmente. Eu conseguia ver minha própria sombra se esvaindo a te perseguindo até que você sumisse no limite da rua.
Pela primeira vez, Jimin, realmente sentia que era capaz de engolir um frasco inteiro de comprimidos com o pensamento que tinha de te deixar para trás. Pela primeira vez em toda a minha vida, Minie, eu havia morrido por alguém. Não era algo onde você se decepcionava e tinha seu coração partido.
Era algo muito maior.
Apenas percebi que ainda estava parado em meio a calçada, encarando o final da rua, quando uma mão pesou sobre meu ombro direito. Me virei, encarando os olhos negros de Namjoon pela escuridão da noite. Ele ficou surpreso por me ver daquela forma e em seguida olhou para o fim da rua, depois voltando-se para mim.
Namjoon pressionou os lábios, dando leves batidinhas em meu ombro, me puxando para si. Ele segurou a lateral de minha cabeça, a colocando em seu ombro. Eu ainda soluçava, e embora não fosse aquele ombro que eu queria estar, não protestei.
- Vamos, cara. - ele disse, passando o braço por minhas costas, segurando a parte de cima de meu braço. - coisas desse tipo nós só conseguimos resolver com bebida.
Àquela altura eu não sabia como me defender. Meu corpo estava completamente extasiado pela dor, atingindo o pico.
Eu apenas entrei, voltando a ter olhares de pena e confusão para mim, do mesmo modo que algumas conversas cessavam.- Ah, meu deus, Jeon! - Disse Tae, com sua expressão preocupada. Eu não o encarei, observando um ponto fixo qualquer no chão.
Namjoon ainda segurava meu ombro.
- Está tudo bem com ele. - O escutei dizer.
- Bem? Você está cego? Não está vendo a aparência dele? - Tae retrucou. Em seguida, segurou as laterais de meu rosto, me forçando a encará-lo.
Taehyung sabia que eu não estava ali.
- Jeon... - Começou.
- Onde Gal está? - Namjoon o interrompeu.
- Saiu pelos fundos com o idiota do Seok. - Disse. - Jimin o acertou em cheio. Aquele idiota não terá o nariz no lugar nem tão cedo.
Jimin...
Fechei os olhos com força.
- Ei, vamos para casa, certo? - Os reabri, vendo a afeição de um hyung preocupado. Me desvencilhei de suas mãos.
- Nao, obrigado. Você pode ir sozinho. - Falei, sem realmente ter pensando. Mas eu queria esquecer a dor e só havia um maldito jeito.
Passei por eles, me sentando em uma das poucas banquetas livres no bar. Pedi dois copos de whisky.- Não se preocupe. - Ouvi a voz de Namjoon logo atrás de mim. - Eu cuido dele.
- Não tenho certeza que seja uma boa idéia. - Comentou, Tae.
Os pequenos copos foram depositados a minha frente, logo após o barman abrindo uma garrafa, despejando o líquido.
- Prometo cuidar dele com a minha vida.
Alguns segundos se passaram sem que eu escutasse ambas as vozes. Conseguia sentir o olhar de Tae sobre minhas costas.
- Tudo bem. Talvez ele realmente esteja precisando disso.
- Eu sei que sim. - Comentou Namjoon.
Do canto do olho, observei Tae passar direto, em direção a saída. Namjoon sentou na banqueta a meu lado, brincando de passar o dedo indicador sobre a bancada lisa.
- Ele foi para casa? - Perguntei.
- Sim. - Ele respondeu. - Sou seu responsável por um dia.
Ele tentou rir da própria piada. Contive a vontade de revirar os olhos.
- Não preciso de uma babá, Kim Namjoon. - Retruquei, engolindo a última dose e pedindo mais.
- Não, você precisa é de um amigo. É por isso que estou aqui. - Ele estava certo, mas eu não o respondi mais.
Namjoon ficou em silêncio, me observando beber. Apenas quando devorei meu sexto copo, já sentindo minha garganta arder, foi que ele se levantou da banqueta, ajeitando o casaco.
- Vamos? - Perguntou, na minha direção. O encarei, confuso. Os resquícios de whisky ainda ardendo em minha garganta; eu parecia estar indo para frente e para trás muito devagar, quase imperceptível.
- Para onde? - Indaguei, o fazendo sorrir.
- Talvez para casa? - Ele arqueou uma das sobrancelhas como se fosse óbvio. Namjoon estava ficando menos claro a cada segundo. Ele acenou com a cabeça, me chamando. - Vamos logo, já está tarde e você já bebeu o suficiente.
Por algum motivo, eu não contestei ou fiz caso, apenas me apoiando sobre a mão esquerda no balcão liso para ter forças para me levantar. Namjoon percebeu que todas as doses começavam a fazer efeito, assim me segurando pela cintura para que eu pudesse me mover sem cair. E embora eu soubesse que ele estava apenas me ajudando, o jeito como me segurava pela cintura, era quase similar ao seu jeito de me segurar. Eu tive raiva, sacudindo suas mãos de mim, bambeando entre as pernas.
Quando finalmente havíamos chegado em casa, em vez de ser guiado para a minha, Namjoon me ajudou a subir os degraus de sua casa. Não sei o porquê de eu não ter resistido ou coisa do gênero. Talvez eu só quisesse apagar por um tempo independente de onde fosse. Senti a imensa necessidade de desabar na cama, sem querer queria lembrar que existia um mundo à fora ou uma vida para viver sem você. Eu apenas queria dormir e acordar quando a tempestade já tivesse passado.
- Você está pálido, Jungkook. - Disse, Namjoon, me ajudando a entrar. Eu estava caindo, literalmente, projetando meu peso sobre os ombros dele. Todas as dozes no ápice do efeito.
- Sente-se aqui. - Me guiou até o sofá. Ergui a cabeça, esfregando os olhos que conseguiam ver apenas a imagem borrada de Namjoon. - Vou pegar um copo de água para você.
Segundos depois, ele reapareceu à minha frente erguendo o braço com o copo na minha direção. Ele ainda era uma imagem borrada. Tudo ao meu redor era uma imagem borrada.
- Pegue. - Ele balançou o copo à minha frente, e com lentidão, o peguei. - Vai ajudar com a ressaca.
Namjoon se sentou ao meu lado, não muito próximo. Ficamos em silêncio enquanto minha cabeça latejava e eu tentanva controlar a ânsia de vomito. Meu interior parecia queimar. Minhas pálpebras pesavam mais que o normal. Virei a cabeça de lado, encarando Namjoon, ao me afundar de vez no sofá. Fechei meus olhos encarando sua expressão quase sábia, como se soubesse o que eu estava sentindo por dentro.
- Me desculpe por isso... - Ele sussurrou depois de eu já ter fechado completamente meus olhos. Eu não havia entendido o porquê da desculpa, mas preferi esquecer pelo momento. Eu adormeci, já tendo a consciência de que acordaria de novo e me lembraria de cada palavra dita, de cada briga e os motivos.
Mas era exatamente isso que eu não queria, Jimin.
Assinado: O cara que sempre irá te amar
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POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)
Fiksi PenggemarJungkook precisa lutar pelo amor de Jimin. Mas há algo que os impedem de voltar um para o outro: A tragédia ocorrida com ambos. *Não aceito adaptação desta obra* *Plagio é crime.* 1° Lugar em Escritores Estrelas de Prata