Carta 7

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Sexta-feira, 22 de setembro

Querido Jimin,

O seu grande desfecho sempre fora as despedidas. Você era bom em sair de cena sem que ninguém percebesse.

Os movimentos sorrateiros te faziam sumir em meio ao vento ou, para ser mais especifico, em meio aos lençóis.

Na manhã seguinte, quando passei meu braço pelo outro lado da cama, não encontrei sua silhueta, mas apenas lençóis amassados. Abri meus olhos devagar, os passando por todo o quarto.

Nem sinal de suas roupas.

Me apoiei sobre as mãos para poder sentar. Minha cabeça parecia meio zonza. Passei a frente das mãos sobre os olhos e testa. Percebi um pedaço de papel sobre a quina da escrivaninha sendo segurada por um porta copos.

O cartão dizia: "Obrigado pela noite passada. E sinto muito não estar ai quando você acordar, mas deixei duas panquecas no forno."

Eu sorri feito um bobo nessa hora, Jimin. Você sabia o que estava fazendo comigo desde o começo? Se você sabia, então estava sendo um pouco cruel também. Era uma tortura doce, mas não deixava de ser tortura.

Balancei a cabeça, me obrigando a voltar a realidade. Mas a fantasia era mais forte. Fechei os olhos, respirando fundo.

Eu dizia a mim mesmo para não pirar porque talvez isso só existisse na minha cabeça, mas automaticamente meus sentidos foram transportados para a noite anterior, onde sua mão tocava a minha. Onde você sentia minha respiração, assim como eu sentia a sua. Onde eu poderia facilmente tocar seu rosto, seu cabelo... sua boca.

Novamente fui jogado para a realidade de forma violenta. Ao fundo, a voz de Tae ecoava perante o corredor, entrando no quarto e finalmente ecoando em meus ouvidos. Ele apareceu na porta, ofegante como se tivesse corrido o caminho todo para cá.

Tae levantou o dedo indicador, fazendo menção para que eu esperasse sua respiração voltar ao normal.

- Em primeiro lugar - Começou, ainda ofegante. - Me desculpe por não ter avisado que iria dormir fora. Ficou muito preocupado?

- Eu nem sequer dormi. - Disse, ironizando mais para disfarçar a culpa de não ter me preocupado muito com seu "desaparecimento", embora eu soubesse bem o que estivera fazendo.

- Certo. Em segundo, lembra de quando vimos o Jimin naquele estado ontem? - Arregalei os olhos, afirmando com a cabeça. - Então, ontem eu sai com o Haru do segundo ano letivo, lembra dele?

- Acho que sim, mas que diferença isso faz? - Ele levantou os braços como quem diz "Hello! Isso faz toda a diferença seu bobinho.".

Revirei os olhos.

- Ok. Enfim, ontem estávamos conversando e por pura coincidência Jimin entrou como assunto na conversa.

Tae abaixou o olhar, encarando um ponto fixo entre minha perna e a madeira da cama.

- Haru me disse que o irmão mais novo dele se matou. - Eu gelei. Minha mente projetou sua aparência perfeitamente igual, Jimin. Como se você estivesse na minha frente. Uma memória viva de sua aparência morta. - Jimin encontrou ele no chão do banheiro com os pulsos cortados na vertical. Não conseguiram salva-lo.

POR TRÁS DAS MEMÓRIAS jjk + pjm (Finalizada 09/03/19)Onde histórias criam vida. Descubra agora