Quando eu e Fiorela deixamos meu apartamento rumo à delegacia, tentei vislumbrar em minha mente por que razão o inspetor Carboni sentia urgência da minha presença. Certamente ele havia descoberto algo
extremamente importante relacionado à morte de Stefano. Isso explicava porque o inspetor não demonstrara preocupação com a possibilidade de Fiorela
saber do meu envolvimento na investigação.
Assim que nos encontramos na rua, embarcamos em um táxi, dentro do qual eu permaneci silencioso, ainda absorto em minhas especulações.
O tenente Desinone estava saindo da delegacia, e abriu passagem gentilmente para que entrássemos na sala de espera.― Curioso ― Fiorela comentou assim que a porta fechou atrás do tenente. ― Não é a primeira vez que eu tenho a impressão de que o rosto deste oficial me parece familiar.
― Talvez porque a foto dele tenha aparecido nos jornais nas matérias sobre a morte de Stefano.
Fiorela não disse nada. Logo em seguida, o inspetor Carboni abriu a porta do seu gabinete. Sua expressão denotava preocupação.― Bom dia, Sr. Lorenzo. Foi realmente oportuno que a Sra. Castini possa ter vindo também. Entrem.
Uma vez acomodados, o inspetor disse, sem rodeios:
― Parece que os casos envolvendo as mortes do
Sr. Stefano Castini e do Sr. Bartolomeo Cuatrimossi possuem mais pontos em comum do que poderíamos imaginar.― Imaginei que houvessem surgido novas pistas ― observei.
― Sim ― prosseguiu o inspetor. ― Circula em toda imprensa as inegáveis coincidências: as vítimas foram dois jovens saudáveis; dois pontos turísticos foram escolhidos como locais para as cenas dos crimes; e, no bolso de cada vítima, foi encontrada uma peça de xadrez.
― Uma rainha e uma torre ― disse Fiorela.― Isso mesmo. Uma branca e outra preta. E ambas feitas de madeira ― o inspetor acrescentou. ― Parecem
aquelas peças de xadrez comumente vendidas em lojas de brinquedos e charutarias.O inspetor Carboni fez uma pausa, olhou para mim de modo inquisitivo e, em seguida, desviou o olhar para Fiorela.
― Sim, inspetor. Ela já sabe que estou participando extraoficialmente das investigações ― eu disse rapidamente, respondendo, assim, a pergunta implícita no
olhar do inspetor.― Pois bem ― o inspetor destrancou uma gaveta, apanhou um envelope branco e opaco, e, rapidamente, revelou-nos o seu conteúdo.
Era outra carta datilografada. Assim como a outra, apresentava características sucintas como as de um bilhete. O inspetor disse:
― Foi encontrada escondida no fundo da mala do Sr. Bartolomeo Cuatrimossi pelo Sr. Timoteo enquanto ele arrumava as roupas do filho. Lerei o texto em voz alta para vocês:
"No tabuleiro, a torre se move para frente, para trás, e para os lados. Cada um deve carregar seu próprio fardo... É preciso cuidado para não tombar".
― Credo! ― Fiorela exclamou enquanto fazia o sinal da cruz ― Que macabro!
― Sim, senhorita ― anuiu o inspetor. ― Não consigo conceber por que aquele jovem ocultou da família algo tão bizarro.
Eu comecei a pensar em algo promissor. Mas antes de expor o que me assaltou a mente, eu fiz uma pergunta ao inspetor:― É possível saber a data em que esta carta foi postada?
― O senhor quer saber se o Sr. Bartolomeo recebeu esta carta em Roma ou em Veneza, não é
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Movimentos perigosos (COMPLETA)
Mystery / Thriller(...) ― Ganhar tempo? ― perguntei, ainda perplexo com o mistério feito pelo inspetor. ― Sim. Tudo indica que esta dama branca não estava lá junto à vítima por mero acaso. Fizemos uma busca no apartamento em que o jovem morava aqui em Roma e encontr...