Capítulo 6 - O Coliseu

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I

O Constantino Palazzo Hotel ficava a dois quarteirões da delegacia.

O inspetor Carboni havia sido bem sucinto a respeito do telefonema feito pelo tenente Desinone:

― Aquele rapaz, o tal do Bartolomeo, foi encontrado.

E não me disse mais nada.

No saguão do Constantino Palazzo Hotel havia um oficial de ombros largos e o rosto sério e compenetrado. Deduzi que fosse o tenente Desinone com quem o
inspetor havia conversado ao telefone. Sentada em uma poltrona, estava Rebecca, a mulher loira e baixa da delegacia. Em frente ao tenente, gesticulando sem parar, vislumbrei a figura desengonçada daquela jovem de
cabelos avermelhados.

Quando eu e o inspetor Carboni nos aproximamos, Milena concluía em tom choroso:

― ...com aquela norueguesa anêmica.

Assim que se deu conta da nossa presença, ela disparou:

― O senhor não é aquele inspetor? O tenente estava me explicando. Não consigo acreditar! Eu preciso ver com meus próprios olhos. O Bartolomeo não pode ter sido morto desta forma. Quero ir agora ao Coliseu!

― Calma, senhorita ― disse o inspetor. ― Onde estão o Sr. e a Sra. Cuatrimossi?

― A tia Adelaide passou mal com a notícia. Foi levada para o quarto. Tio Timoteo está com ela.

Milena então me olhou com interesse.

― Seu rosto não me é estranho.

― Talvez porque você deve ter me visto na delegacia um pouco mais cedo ― eu disse educadamente.

― É. Eu o vi de relance. Mas não é por esse motivo. Ai! Deixa pra lá. Não estou em condições de
lembrar nada agora. Preciso ir ao Coliseu! Bartolomeo não poderia morrer assim!

― Assim como? ― perguntei.

Seus lábios tremiam e as lágrimas desceram por sua face.

Foi o tenente Desinone quem respondeu o que eu já previa:

― O Sr. Bartolomeo foi encontrado assassinado dentro do Coliseu.

― Dentro do Coliseu? ― surpreendi-me com a ousadia do criminoso.

― Sim ― confirmou o tenente Desinone. ― Foi uma jovem chamada Helga Flink quem encontrou o corpo. Parece que ela é estrangeira. Não falava italiano direito. Mas, como eu lhe disse pelo telefone, inspetor, eu juro que ouvi a moça comentando algo sobre xadrez. Não sei exatamente o quê.

"Algo sobre xadrez". Compreendi naquele momento porque o inspetor fez questão da minha presença.

― E onde está essa Helga Flink? ― perguntou o inspetor Carboni, com certa irritação.

― Não sei muito sobre ela, senhor. Ela simplesmente me pediu ajuda, talvez por eu estar
uniformizado, e me levou até onde estava o corpo. Disse que estava muito nervosa e que precisava voltar ao hotel.

― Você devia ter impedido a moça de fazer isso, Desinone ― resmungou o inspetor.

― Eu sei disso, inspetor. Perdoe-me pela falha. Não pude detê-la. A jovem desapareceu rapidamente em meio à multidão. Mas eu consegui arrancar dela o hotel em que estava hospedada. Por coincidência, ela também está aqui no Constantino Palazzo Hotel, senhor.

― Bem, depois eu gostaria de ter uma conversa com essa Helga Flink ― o inspetor Carboni resmungou novamente. ― Vamos ao Coliseu ver o corpo. Tenho
urgência!

II

Um grande palco a céu aberto. Era deste jeito que eu explicava à minha filha Isabelle quando ela, ainda pequena, me perguntava o que era o Coliseu. Quem diria
que aquele gigante anfiteatro, construído no período da Roma Antiga, mesmo depois se transformar em ruínas, ainda fascinaria milhares de turistas do mundo todo.

Movimentos perigosos (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora