Capítulo 18 - Seguindo pistas

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Acordei totalmente recuperado na sexta-feira. Ávido por novidades sobre a investigação, decidi passar na delegacia logo no começo da manhã.

Na antessala da delegacia, conversei com o tenente
Desinone enquanto aguardava o inspetor Carboni terminar os seus telefonemas. O tenente não escondia o desânimo em seu semblante.

― É frustrante ― disse ele. ― Faz quase uma semana e quase nenhum avanço nos casos Castini e Cuatrimossi.

Subitamente, um pensamento novo veio à minha mente. Externei-o:

― Fico me perguntando se realmente os dois casos estariam realmente relacionados.

― E por que não estariam? ― perguntou o tenente.

― Alguém não poderia ter se inspirado na ideia do primeiro assassino e mudado o padrão?

― Como mudado o padrão? ― o tenente discordou. ― Quem fez isso escolheu dois jovens como vítimas, preferiu pontos turísticos como cenário do crime, deixou no bolso de cada cadáver uma peça de xadrez, e, além
disso, ambas as vítimas receberam cartas anônimas.

― Perfeitamente. ― eu disse. ― Mas existe algo que não obedece a um padrão: a forma como as vítimas foram assassinadas. Normalmente, assassinos em série obedecem a um Modus Operandi. Pensando assim, a
segunda vítima também deveria ter sido degolada.

― Creio que teria sido arriscado usar um objeto cortante ― opinou o tenente Desinone. ― O Coliseu é visitado por milhares de turistas diariamente. O assassino teria que contar com a sorte para não ter sido flagrado
por ninguém. E haveria o risco de que respingasse sangue na própria roupa.

De certa forma, o ponto de vista do tenente Desinone era coerente com as minhas indagações. Era
preciso muita discrição para cometer um assassinato no
Coliseu em horário de pleno movimento. Nada mais discreto e silencioso que uma seringa hipodérmica. Seria tão simples ocultá-la quanto descartá-la.

― Faz sentido ― concordei.

Logo em seguida, lembrei que Bartolomeo havia sido encontrado com uma marca no pescoço.

― O que me intriga é como conseguiram injetar algo no pescoço de Bartolomeo sem que ele reagisse ― comentei.

― Ele havia se perdido da família. Não se lembra da confusão aqui na delegacia?

Rapidamente recordei-me do comentário feito por Milena sobre a possibilidade de Bartolomeo estar flertando com uma norueguesa.

― Sim, claro ― respondi. ― Foi uma jovem chamada Helga Flink quem encontrou o corpo, não foi?

― Exatamente. Falava italiano muito mal.

E desapareceu. Uma testemunha que desapareceu ― murmurei. ― Espero que ela ainda esteja...

― Viva? ― O tenente Desinone não esperou que eu completasse a frase. ― Acredito que talvez ainda esteja viva.

― Por que acha isso?

― Sabe, Sr. Rodanelli? Muitos estrangeiros vivem de forma ilegal aqui na Itália. É bem possível que esta jovem tenha se assustado com o fato de ter
testemunhado um crime e, preocupada em ser descoberta, tenha decidido se esconder em algum canto até a poeira assentar.

― Não tinha pensado nisso ― comentei, pensativo. ― Você conversou com Helga Flink quando ela descobriu o corpo de Bartolomeo, não foi? Ela deixou escapar algo que indicasse essa sua teoria?

― Não foi bem isso ― respondeu o tenente. ― Creio que ela possa ser uma imigrante ilegal porque ela andava com uma mochila nas costas. Ela se mostrava bastante nervosa. Estava mais pálida do que normalmente deve ser. Tratava-se de uma jovem bastante comum para os padrões nórdicos. Alta, cabelos longos até a cintura, olhos verdes, mas nenhum traço característico. Não era feia, mas também não despertaria a atenção dos homens como as holandesas e as belgas ― ele sorriu levemente
após este último comentário.

Movimentos perigosos (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora