°^ Capítulo Onze ^°

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Lucas.

O dia havia amanhecido estranho, meio nublado, meio ensolarado, mas ainda assim frio.

Meu quarto ainda cheirava a cereja, muito suave, contudo ainda assim podia sentir o aroma.

Entretanto o que começou a me incomodar é que eu havia me acostumado com o cheiro doce. E isso era estranho.

Levantei-me, tomei um rápida ducha e me troquei, coloquei minha marca registrada. A jaqueta de couro. E sai rumo a empresa de meu pai.

Maria como sempre chegou no mesmo horário que eu, cumprimentei-a.

Tudo estava correndo tranquilamente, estava no andar da minha sala, sentado frente a minha mesa refazendo uma determinada planta, mas felizmente tal não era mais um problema.

A porta da minha sala é aberta, e uma dona Lúcia muito sorridente adentra.

-Bom dia meu filho!-Ela diz caminhando até mim e depositando um beijo em minha bochecha.

-Bom dia, mãe.

-Como estão as coisas?-Pergunta se sentando frente a mesa.

-Até agora estão bem. -Respondo.

-Seus tios vão jantar em casa e sua presença é obrigatória. -Diz sorrindo.

-Tudo bem, faz tempo que não como comida caseira. -Respondo dando de ombros.

-Você está se alimentando mal, Lucas? -Sorrio com sua pergunta.

-Não, dona Lúcia, não estou... Mas uma comida caseira de vez em quando faz bem.

-Se eu sonhar...-Intrrompo-a.

-Não brinque com os seus sonhos, dona Lúcia.-Respondo fazendo-a rir.

-Te espero às oito horas em casa, tudo bem?

Afirmo.

-Estarei lá. -Respondo vendo-a sorrir.

Ela logo se despede de mim e se retira da sala.

Provavelmente meu pai está na empresa, caso o contrário as chances de minha mãe vir até aqui seriam mínimas. Pego meu celular que está sobre a mesa.

Mando uma mensagem para Estella perguntando se há algo de importante para hoje ou algo do tipo... Ela me responde que não, apenas o tédio diário. Sorrio ao ler a mensagem.

Explico a ela que não vou hoje pois tenho um jantar de família, após enviar mensagem bloqueio o celular voltando minha atenção para o término da planta.

O dia segue tranquilamente, nada de atípico aconteceu... No fim do expediente subo em minha moto e acelero pelas ruas movimentadas da metrópole paulista.

O trânsito exagerado me faz lembrar dos feriados que decíamos para a praia, enfrentávamos o caos em forma de trânsito, o que devo admitir que na época não nos importava.

Tenho saudade daquela época em que a vida era mais fácil, ou talvez nós que não a complicavamos tanto, em ambas teorias era mais fácil. Era mais leve.

O relógio indica sete horas assim que piso na sala de meu apartamento, sádica ilusão pensar que daria tempo para um breve cochilo... Tomo uma ducha rápida e me troco novamente, pensei em comer algo, porém quem come algo para ir em um jantar? Por tal motivo decidi ir com fome mesmo, estava indo matar o que estava me matando, como diz o ditado.

Assim que pronto deixo meu prédio. A casa dos meus pais não é tão longe, porém como em São Paulo uma saída simples dura quase uma hora, acaba parecendo longe, mas agradeço em meu subconsciente por ser perto.

O porteiro do condomínio me reconhece, então logo libera minha entrada, a casa de meus pais é a última da rua.  Acelero pela avenida até chegar.

Uma casa de dois andares com uma jardim de dar orgulho na dona Lúcia, algo que ela sempre se gabou... Quem sou eu pra discordar? Como sou literalmente de casa, apenas adentro, o hall de entrada é estampado por uma pintura de minha mãe, sim, dona Lúcia e seus dotes. Lembro de quando era pequeno sempre a vi pintar, entretanto ela nunca se interessou em vender nenhuma de suas artes, sempre que tocavam no assunto ela dizia se tratar apenas de um hobby.

Continuo a caminhada e adentro a sala de estar que tem algumas poltronas, um tapete vermelho estendido no chão, e há uma porta francesa permitindo o acesso a piscina. Caminho até lá fora vendo meu pai e meu tio, pai de Gabriel, conversando no canto na área da piscina.

Meus olhos varrem o local paralizando em Rebeca que está picando tomate ao lado de minha mãe, o que ela faz aqui? Achei que fosse um jantar em família e ela não é da família.

-Lucas!-Minha mãe praticamente grita atraindo a atenção de todos.

Apenas sorrio.

Ela caminha até mim e me cumprimenta.

-Oi, mãe. -Sorrio assim que ela desfaz o abraço.

Cumprimento às demais pessoas, até mesmo Rebeca. Ela parece feliz, parece calma... Diferente da última vez que a vi.

Deixo-as fazer o que estavam fazendo e caminho até meu pai, ele tem os cabelos grisalhos assim como a barba, o olhar marcante. Alguns dizem que puxei este olhar dele, que puxei a seu jeito...

Cumprimento-os. Meu pai oferece um cigarro, porém rejeito.

-Lucas tem acompanhado o desempenho da empresa.-Ele comenta com meu tio.

-Mas a tendência é que a parte financeira da empresa evolua cada vez mais. -Meu tio responde tranquilo, assim como eu, ele não está fumando.

-E você Lucas, está preparado para assumir?-Me questiona.

-Estou me preparando a cinco anos, tio.

-Sobre o que será seu TCC?-Ele pergunta.

-Construção hospitalar. -Respondo.
Meu pai apenas nos fita.

-Existem temas melhores...-Meu pai responde.

-Na verdade acho um tema interessante. -Meu tio contradiz sorrindo pra mim.

Eles adentram novamente em uma conversa sobre negócios... Varro o local com o olhar, a piscina está iluminada e estamos no deck de madeira que fica junto a área aberta. Fito minha mãe, tia, a mãe de Rebeca e a própria,  que estão na cozinha. A loura que ronda meus pensamentos sorri de algo que alguma das duas disse e inconscientemente sorrio junto a ela. Seu olhar por um breve instante se encontra com o meu e por mais que tenha e exerça meu auto controle não consigo desviar o olhar.
Seus olhos me prendem.

Ela desvia o olhar para baixo enquanto coloca uma mecha do cabelo atrás da orelha. O que está havendo comigo? É uma ótima pergunta.

Volto para a conversa ao meu lado.

A noite segue tranquilamente na medida do possível.

-A comida está muito boa. -Meu tio elogia.

-É, eu deveria ganhar as honras, mas Rebeca tem uma mão pra cozinha que olha, sorte do homem que casar com ela. -Minha tia diz me fazendo desviar o olhar pra ela que sorri de uma forma tímida.

Algo de muito errado está acontecendo comigo, antes nunca notaria se ela estaria ou não sorrindo, então por que passei a notar isso? Ou mais preocupante ainda, por que comecei a admirar isso?
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E aí meus amores??!
Espero que tenham gostado!!!

Esse Lucas que ainda não descobriu o que está havendo com ele... Alguém explica pra ele, por favor!! Kkkk

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Amo vocês! ❤️❤️

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