°^ Capítulo Oito ^°

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Lucas.

Acordo com o som do toque do meu celular ecoando pela sala. Tateio entre as cobertas á sua procura.
-Alô?-Atendo ainda de olhos fechados.
-Lucas, quem você levou pra casa que era tão imperdível que não pôde nem avisar?-A voz de Jorge ecoa no alto falante.
-Ah, isso. Era uma amiga da família.-Respondo abrindo meus olhos e me sentando.
-E valeu a pena?-Pergunta com o tom de voz dúbio.
-Ai depende do ponto de vista, se pensar que não consigo dormir na minha própria cama por causa dela acho que iríamos para a parte que não, mas minha consciência pelo menos está limpa.
-O que tu fez com a garota?-Ele pergunta rindo.
-Quem dera se eu tivesse a escolha de fazer algo.
-Espera, levou uma mulher pra casa e não ficou com ela?-Sua voz é tomada pela incredulidade.
-Exato.
-Alice! -Ouço-o chamá-la.
"- O que foi, querido?-ouço-a responder baixinho."
-Nosso Lucas, ele está amando!
-Jorge, vá caçar o que fazer! Não fiz nada por que primeiramente não vou com a cara dela, e segundo porque ela quase foi abusada, por isso a trouxe pra minha casa. -Respondo me levantando.
-Espera, isso aí é sério cara! Ela ligou pra polícia, fez queixa?-A medida em que suas palavras são ditas a dúvida começa a crescer dentro de mim, não me lembro de ouvi-la dizer algo do tipo, e eu ao menos me lembrei disso.
-Não, acho que não. Acabou que ela estava tão assustada que não se lembrou.
-Mas o certo seria prestar queixa. -Ele diz em um tom de preocupação, Jorge sempre foi o mais sensato da turma, acho que isso se deve ao fato dele ser o mais velho, mas ele enxergava áreas que nós não víamos.
-Bem, isso não é da minha conta.
-Como não, Lucas? A partir do momento em que você se envolve você tem uma porcentagem de conta sim.-Diiz sério e se não soubesse com quem estava conversando, diria até mesmo ser meu pai. Reviro os olhos.
-Prestar queixa cabe a ela, não à mim!
-Lucas, a garota quase foi violentada acha mesmo que ela vai se lembrar disso? Tem muito mais coisas rondando a mente dela, como o medo , por exemplo. Tenha um pouco de compaixão. -Ele está realmente nervoso do outro lado da linha.

Mas eu deveria? Quer dizer, já fiz mais do que minha parte, afinal a deixei dormir em minha cama, mas agora algo chamado consciência e graças ao Jorge estou incomodado.

-Tá, vou ligar pra ela e ver o que ela quer fazer, e procurar quando acontecer algo nunca te contar. -Respondo fazendo-o rir.

-Este é o meu garoto. Tenho que ir Luluh, até mais e ajude a menina, só não se apaixone por ela. Ah, quer saber, se apaixone sim, aí você não fica mais de vela comigo e Alice!

-Vá a merda, Jorge!-Encerro a ligação rindo. 

Peso os prós e contras de ligar para Rebeca, afinal se parar pra pensar não é como se realmente fosse minha obrigação, na verdade fiz mais do que minha obrigação, entretanto minha mente não para de ser bombardeada com possíveis falas de dona Lúcia, e sim ela provavelmente me daria um sermão se soubesse que estou pesando o prós e contras de ligar para Rebeca e incentivá-la a ir na delegacia. 

Querendo aliviar minha consciência pego seu número em minha lista telefônica e logo iniciei a chamada.

-Alô? -Sua doce voz soa.

-Oi, é o Lucas, tudo bem?

-Ah, sim tudo bem, e você?

-Estou bem. É, eu liguei pra te perguntar se você quer fazer alguma queixa sobre o que aconteceu ontem, o ideal seria que o fizesse. -As palavras saem todas muito rapidamente me fazendo questionar se ela compreendeu algo dito.

-Ah. -Sua voz não está mais tão calma, na verdade aderiu a um tom sério. -Pensei nisso, mas estamos no Brasil, tenho medo dele descobrir e nada acontecer.

-Mas se nada acontecer, você fez sua parte.

-Eu sei, mas e se ele souber que fiz um boletim  e quiser terminar o que começou? -Sua voz está um tanto trêmula e me arrependo de ter ligado, de ter citado a noite anterior, também me arrependo de não ter terminado o que comecei quando o soquei pela primeira vez. É parece que estou cheio de arrependimentos. Arrependimentos demais pra mim. 

-Rebeca, se quiser vou com você, passo aí e vamos juntos e em qualquer situação em que ficar com medo pode me ligar, eu me responsabilizo por sua segurança. -Eu o que? Ah, eu odeio o Jorge, odeio minha consciência. Por que não posso deixá-la resolver a propria vida?? Cale a boca, Lucas, antes que  a chame pra morar com você!

-Oh, eu n- não sei o que dizer. Acha realmente que isso é o certo a ser feito?

-Acho. -Respondo.

-Tudo bem então, se não quiser, não precisa me acompanhar, posso pedir a uma amiga para ir comigo até a delegacia. -Diz com a voz vacilante.

Ninguém mandou você começar isso, Lucas, agora termine!

-Não, eu vou com você, além do mais já está de noite, não é recomendado que duas mulheres andem sozinhas. Por mais que seja um direito, infelizmente não é seguro.

-Tudo bem. -Ela responde.

-Em meia hora estou aí, esteja pronta.

-Tudo bem, obrigada.

Encerro a ligação.
O que fui fazer? Antes não tinha nada pra fazer, agora tenho que acompanhá-la até a delegacia para ajudar em um problema que adotei como meu! Parabéns, Lucas, o ajudador de donzelas indefesas... Não me arrependo de tê-la ajudado ontem a noite, nem ao menos de ter oferecido minha casa para que passasse a noite, mas algo nela está me tirando do eixo. Primeiro o seu cheiro por todo meu apartamento, e como se não fosse o suficiente, agora este contato prolongado. É como se ela despertasse esse meu lado protetor.

Depois que voltar da delegacia minha consciência estará limpa, e então seguirei minha vida com um apartamento limpo... Marta precisará fazer milagre, mas sei que ela conseguirá tirar esse cheiro da minha casa.

Deixando estes pensamentos de lado saio de casa, com meu capacete e chave em maos, isso está ficando mais comum do que se parece.
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E aí meus amores???

O que acharam?

Esse Lucas parece durão, mas tem um bom coração, prometo!!

Não se esqueçam de dar o like e comentar o que acharam.

Amo vocês ❤️

Simples CoincidênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora