Lucas
Abri os olhos. Fechei-os novamente. Abri-os na tentativa de me acostumar com a claridade que entrava pela janela da sala.
Fitei tudo ao meu redor. Estamos na mesma posição de que me lembrava, com Rebeca em meus braços dormindo tranquilamente e meus braços em sua volta, abraçando-a. Um pequeno sorriso toma meus lábios.
Peguei meu celular que está ao meu lado, são nove horas, uma boa hora pra um café da manhã. Com cuidado saio do abraço de Rebeca, e por sorte ela não acorda.
Caminho até a cozinha.
Não posso dizer que é o melhor café do mundo, mas é melhor que posso fazer.
Relembro as medidas passadas por minha mãe, assim que decidi morar sozinho, e as faço. Coloco a mesa com pães, o bolo que Marta me trouxe antes de descermos pra praia. E apenas espero que ela acorde.
Estou sentado numa poltrona na sala onde Rebeca dorme tranquilamente, apenas observando-a. Soa até engraçado, entretanto ela ainda consegue ficar linda dormindo. Fito minhas mãos, não temos aliança. Não ainda, pois quero pelo menos que todos vejam a marca do compromisso na mão dela. Aceitei o lance de mantermos em segredo, porém irei expor minhas condições. Alias, ainda não compreendi o por quê dela querer manter em segredo, e com todos os acontecimentos não conseguimos conversar.
-Que horas, são? -A voz rouca de Rebeca me trás novamente a realidade.
-Nove e meia. -Respondo.
Ela se espreguiça no sofá. Logo em seguida joga a coberta para o lado e se levanta.
-Hmmmm, você fez o café da manhã?
-Sim.
-É assim que você conquistas as garotas? -Questiona levantando uma de suas sobrancelhas.
-É, com certeza. -Respondo em um tom irônico, fazendo-a rir.
Nos sentamos a mesa, e começamos a tomar nosso café.
-Bê? -Chamo-a.
-Hm?
-Por que quer nos manter em segredo, o motivo verdadeiro? -Pergunto. Ela me fita um tanto surpresa.
-Oh, isso. Você não é o único que tem medos. -Responde sorrindo, mas posso ver que não chega em seu olhar.
-E qual o seu medo?
-É que... A vida toda minha mãe sempre disse que o que fica em segredo dura mais. -Responde, e posso ver que seu tom de voz está um tanto embargado.
-Esse é o real motivo? -Pergunto pegando sua mão sob a mesa. Ela desvia o olhar de nossas mãos pra mim.
-Quando era pequena, não me lembro, apenas sei que não conheci meu pai, e minha mãe entrou em uma depressão profunda, cresci neste ambiente difícil. -Respira fundo, e sei que está tentando segurar o choro. Acaricio sua mão tentando dar-lhe algum tipo de conforto. -E bem, tive que conviver com o que os outros diziam e com o que minha mãe dizia sem perceber que não sobrava tempo pra lidar com os meus próprios sentimentos.
-E como vocês conseguiram superar isso? -Pergunto fitando seus olhos castanhos que dizem muito mais do que qualquer palavra pronunciada por seus lábios.
-Foi nessa época que minha mãe começou a frequentar uma igreja perto de casa e lá eles tinham uma psicóloga que atendia a população do bairro e ela a ajudou muito e depois disso entendi o que ela quis dizer com " o que fica em segredo dura mais", ela não estava dizendo do relacionamento dela com meu pai, mas sim da dor dela. Enquanto guardou em segredo durou mais.
-Está comparando nosso relacionamento com esse estágio da vida dela? -Pergunto um tanto confuso.
-Não. -Responde rindo. -Estou dizendo que aquilo me marcou, entendi o real sentido da frase, entendi que tudo o que guardamos pra nós é o que realmente nos pertence, o restante não passa de folhas de uma arvore que podem voar devido ao vento. Eu sei que parece besteira, mas é que ter algo apenas nosso me faz pensar que é apenas nosso, no sentido literal... Me faz sentir como uma adolescente, sabe? Que tem aquele friozinho na barriga antes de ver o menino que ela gosta no intervalo da aula. -Suas bochechas estão coradas.
Entendo-a, claro que gostaria de gritar ao mundo que ela é minha. Apenas minha, porém não tenho esse direito. Na verdade ao menos sei se posso exigir algo, entretanto contanto que ela esteja feliz.
-Tudo bem. -Respondo sorrindo.
-Não vai ser pra sempre. -Diz parecendo ler meus pensamentos. -É só que quero sentir que tenho algo apenas meu, sabe? Lidar com isso como se fosse em um universo paralelo onde exista apenas nós dois. Mas prometo que a gente conta pra todos antes do casamento, que por ocasião é semana que vem. -Diz me fazendo rir.
-Tudo bem. E como você lidou com a partida do seu pai? -Pergunto, preciso saber como ela se sente.
-Foi bem difícil na época, mas acho que foi mais duro ver o estado da minha mãe do que realmente encarar a partida do meu pai. Acho que parte de mim não acreditava que ele tinha partido, não até completar seis messes aí então caiu a ficha realmente. E por mais que não me lembre direito, eu não pude sofrer, não pude ter o meu momento. Minha mãe precisava de mim e isso era o que realmente importava.
-E como ela saiu dessa?
-O pai de Gabriel a ajudou muito, na verdade ele quem emprestou o dinheiro pra ela abrir o seu negócio. E aos poucos ela foi se reerguendo.
-Ainda tem vontade de reencontrar seu pai?
-Isso faz mais de doze anos, claro que se o reencontrasse acho que ficaria feliz, mas não é algo que realmente deseje. Não mais. Acho que entendi que criar expectativa com isso não me levaria a lugar algum.
-Sinto muito. -Digo apertando levemente sua mão.
-Não sinta. Acredito que todos nós passamos por coisas que somos capazes de suportar, e quando finalmente passamos percebemos o quão forte somos. -Ela responde secando uma lágrima solitária.
-Você enxerga o quão forte é? -Pergunto fitando-a nos olhos.
-Não. -Responde soltando uma risada nervosa.
-Pois então comece a ver, pois sem dúvidas essa é uma verdade que você precisa saber. -Beijo o dorso de sua mão.
_______________________________Atrasado, mas saiu né mores?!
Ah, gente foi a maior correria hoje!! Tipo, muito!! Ainda mais que decidi (hoje) fazer a transição capilar do liso para o cacheado, e meu cabelo era super longo e o cortei super curto, imaginem que estou pirando, não? Mas estou feliz com o resultado ❤️
Espero que tenham gostado do capítulo!!!
Sexta temos mais...
Não se esqueçam de comentar e deixar o like ❤️❤️❤️❤️❤️.
Amo vocês, até sexta ❤️
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Simples Coincidências
RomantizmTrilogia coincidências: Livro 3 Obra registrada!! Plágio é crime! Dois opostos, atraídos por uma só coincidência. Rebeca, sempre foi centrada e decidida, tem o controle sobre suas ações e decisões e nunca se deixou levar por simples emoções. Até ago...