°^ Capítulo Trinta e cinco ^°

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Lucas.

-Ele disse que quer me ver, quer me conhecer. Disse isso, depois de tantos anos, depois de tudo que minha  mãe e eu passamos ele quer nos ver. -A voz dela está tomada pela mágoa.

-Eu entendo sua parte, entendo a confusão que está sua mente, e quero que saiba que estou do seu lado.-Começo a dizer ponderando palavra por palavra.-Mas, independe se ele ficou ou foi embora ele é seu pai.

-Sabe como foi horrível passar as datas comemorativas na escola? Sabe como foi difícil o dia dos pais na igreja onde frequentamos? Eu cresci, e prometi a mim mesma nunca aceitar algo parecido com a história de minha mãe, não me leve a mal, eu a admiro muitíssimo, porém não suportaria passar novamente por esta realidade, muito menos em outro papel. Mas no momento em que ouvi que ele era meu pai, eu congelei, tive a esperança de que ele me dissesse algo reconfortante e explicativo para seu sumiço, enquanto a outra parte de mim estava com raiva, Lucas. Eu não entendo. -Sua face está tomada pelas lágrimas novamente.

-Querida, ele ainda é seu pai, é o homem que abandou você e a sua mãe? Sim, entretanto ainda assim seu pai. Não acha justo pra si mesma ouvi-lo? -Seu olhar se perde entre as perguntas que provavelmente estão ecoando dentro de si.

-Ele não merece. -Ela responde chorando.

-Mas você merece, merece uma explicação, merece conhecer o próprio pai, merece saber o outro lado da história, e se mesmo assim não quiser se aprofundar, tudo bem. Não vou te julgar. Mas você precisa tentar, Bê, ao menos tentar.

Ela me fita fungando enquanto tenta controlar a crise de choro.

Levanto-me.

-Vamos embora, você precisa descansar, precisa pensar.

Estendo minha mão, ela a aceita.

-Vamos almoçar primeiro, não quero responder perguntas, não agora e nem depois.

Assinto.

-Vá tomar um banho.

Ela assente. Deixo-a sozinha, pensando em tudo que acabei de ouvir. Não sei exatamente o que ele quer com ela, não sei também por que apenas agora. Ou como ele conseguiu seu número, são tantas questões e se eu, que sou apenas o namorado, estou confuso imagine ela. Rebeca não merece sofrer, ela é uma das pessoas mais gentis que já conheci, além da mais amorosa... Pode ser considerado um erro fatal magoá-la.

Porém nosso relacionamento é intenso, desde o início intensidade é uma ótima palavra para descrevê-lo. Ela me viu quebrado, de uma forma que ninguém havia visto antes, me ajudou a recolher meus cacos, e nada mais justo do que ajudá-la em sua vez.

Respiro fundo.

Volto a cozinha encontrando minhas tias fazendo o almoço, só então percebo que passamos umas duas horas dentro daquele quarto, não sei se ligo pra Sônia e explico o que aconteceu, ou se Rebeca prefere fazer isso sozinha, o problema é que não sei como agir, ou o que fazer. Estou perdido.

-Lucas, você me ouviu? -A voz da mãe de Gabriel me tráz de volta a realidade.

- Desculpe, tia, mas não. O que disse?

-Pode colocar a mesa, por favor?

-Claro. -Respondo.

Pego os pratos no armário, os talheres e os copos. Coloco-os na mesa. Assim que pronto me direciono a sala. Sento-me no sofá.

-Lucca?-Sua voz doce me tráz de volta a realidade. Passo a mão no lugar vago ao meu lado.

Caminha até mim se sentando ao meu lado. Puxo-a contra mim, abraçando-a. Ela deita sua cabeça em meu ombro, suspirando.

Beijo seus cabelos sentindo o cheiro de cereja invadir meus pulmões.

-Não sei o que fazer, vida. -Seu tom de voz está baixa, sei que ela está tentando se controlar, sei que ela está na mesma situação que eu. Perdido.

-Eu também não, mas vamos pensar em algo. Por enquanto vamos apenas nos preocupar em almoçar. -Respondo vendo-a concordar.

Minha tia nos chama para o almoço, e assim almoçamos, Miranda e Gabriel ocuparam a parte da conversa, o que distraiu meus tios o suficiente para desviar a atenção de nós.

Assim que o almoço termina voltamos para a capital. Foi uma viagem silenciosa e tensa ao mesmo tempo.

-Quer ir para casa? -Pergunto assim que chegamos na cidade.

-Não, quero ficar sozinha. -Ela responde com certo pesar. Apenas assinto.

Demoramos cerca de meia hora até estacionar o carro frente ao seu condomínio. Quando seu olhar é direcionado ao meu vejo-os marejados.

-Amor, não posso te deixar sozinha. -Digo. -Se quiser eu fico quieto na minha, mas enquanto você estiver assim não vou embora.

Suas lágrimas são liberadas junto a um soluço.

Abraço-a, trazendo-A para mais perto de mim.

-Vamos entrar, vou te preparar um café. -Respondo assim que a mesma se acalmar.

Como o porteiro me reconhece permite nossa entrada.

Assim que adentramos Rebeca anunciou que iria tomar um banho, apenas concordei. Sabia o quanto ela queria ficar só, o  quanto ela odeia chorar em público, o quanto ela preferia sofrer sozinha... Entretanto, é tão doloroso vê-la dessa forma, que me sentiria péssimo se fosse embora. Se a deixasse.

Como o sol está se pondo, preparo um café da tarde. Não é dos melhores, o dela é bem melhor que o meu, porém o que vale é a intenção.

Quando pronto coloco a mesa, me sentando, apenas esperando-a.

Rebeca aparece na cozinha vestindo um pijama de bolinhas coloridas e os olhos inchados.

Ela se senta ao meu lado com um sorriso sem jeito nos lábios.

-Estava pensando. -Começo a dizer. -Vai contar para sua mãe?-Pergunto enquanto comemos.

-Não sei, estava pensando nisso, mas, e se ela souber o que aconteceu, e tiver escondido de mim? Tem tanta coisa passando na minha cabeça, que estou confusa. Acho que já que vou ouvi-lo, quero fazer isso primeiro pra depois ver o que vou conversar com minha mãe.

-Tudo bem. -Respondo pegando em sua mãos sobre a mesa. -Estou com você, tá bem?

Ela confirma.

Terminamos de comer. Nos sentamos no sofá. Tomando uma iniciativa Becca manda uma mensagem para o número do pai marcando um almoço para amanhã. Ele, como se estivesse esperando por isso, responde no mesmo instante. Está feito. Apenas espero que dê tudo certo. Mas acima de tudo que ela fique bem.
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Amores!!! Ontem foi super corrido!!! Tive duas provas 😐, mas consegui postar hoje! Ehhhhh.

Espero que tenham gostado!!

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Amo vocês, até segunda ❤️

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